IX

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O gatinho estava bem aconchegado junto ao peito do loiro, que confirmou:
- Sim, Rams! Vamos dar comida, abrigo e muito carinho, levar ao veterinário, educar... Então vai ser nosso filhinho!

- E a gente vai criá um gato no bar? - o maior franziu as sobrancelhas.

- É, realmente não é o ideal, mas é melhor do que a rua. E quando o bar estiver aberto, ele fica no nosso quarto - ponderou o mais novo.

Ramiro soltou um suspiro resignado:

- Se eu dissé que não, ocê não vai pará de falá desse bicho nas minhas oreia... então vamo levá ele.

Kelvin deu vários beijinhos empolgados no rosto do parceiro, depois encarou o gatinho:

- Agora você tem dois papais, bebê! Vamos para casa... - ele deu alguns passos e parou - Ele precisa de ração! Onde vamos comprar a essa hora?

- Já fechô tudo, agora só amanhã de manhã- ruminou o mais velho.

O olhar do baixinho iluminou-se:

- Já sei. Vamos na casa da Flor. A Rosa ganhou um gatinho faz algumas semanas, vai nos conseguir um punhado de ração.

- Bora, então - o ex-peão foi andando em direção à caminhonete, sendo seguido pelo namorado, que acarinhava o gato no colo.


Quando Ramiro estacionou em frente à casa de Flor e Ademir, o cantor passou o filhote para os braços do namorado:

- Fica com ele enquanto eu resolvo aqui - ele encarou o bichano - Comporte-se com o papai Rams, hein.

Kelvin saiu do carro e o animalzinho ficou miando como se chamasse pelo loiro. O grandão prendeu o gatinho entre os braços, deixando só a cabeça livre:

- Vai ficá aí sim, causa de quê se ocê fugí, o Kevinho me esfola vivo - explicou, enquanto o bichinho espiava para ele com os olhos arregalados.

O cantor voltou logo, trazendo um saquinho com ração e dois potinhos de plástico.

- Nosso bebê já ganhou presente! - mostrou, enquanto se acomodava novamente no banco do carro.

- Toma - o moreno entregou o filhote para o parceiro, com um olhar orgulhoso - Cuidei dele, viu?

- É, amorzinho? Papai cuidou de você? - Kelvin olhou fixo para o gatinho que miou como se reclamasse de algo. Então o pequetito desviou o olhar para o namorado - O que você fez com ele?

- Nada, só segurei bem preso pra não fugí... - balbuciou Ramiro com os olhos baixos.

O mais novo sorriu e encarou o filhote novamente:

- Olha, papai só tava te protegendo, tá?

Parecendo ter entendido, o bichano ronronou e acomodou-se nos braços do loirinho, enquanto o maior dava a partida.


Já no quarto deles, Kelvin limpou o gatinho cuidadosamente com uma toalha úmida, depois serviu ração e água. E, sentados na beirada da cama, os dois papais ficam contemplando o filhote enquanto ele se alimentava.

- É lindo, né? - comentou o cantor, maravilhado.

Ramiro abriu um sorriso largo:

- É... inté parece com ocê, com os cabelo avermeiado e pequetito.

O baixinho acariciou a barba do namorado:

- E você é o meu gatão, que eu peguei selvagem, arredio, e agora tá bem doméstico.

Garradinho, garradinho...Onde histórias criam vida. Descubra agora