Kai é um menino doce de uma família pequena que acabou de entrar na faculdade, após um ano fora terminando o ensino médio nos Estudos Unidos ele volta surpreendendo a todos o quanto ele mudou. Quem mais se surpreendeu com sua mudança repentina foi a...
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- Kai Kamal Huening ! - gritava Lea abrindo a porta do meu quarto.
Estávamos entrando em férias e eu estava arrumando minhas coisas para ficar com o papai nós Estados Unidos quando ela simplesmente surtou.
Entenda, sempre foi eu e minhas irmãs com a nossa mãe, óbvio que depois da separação dos nossos pais ela sempre deixou claro que éramos livres pra ir e vir e ficar com qualquer um dos dois. Como eu e meu pai não éramos muito próximos por causa da distância ele me convidou para estudar meu último ano do ensino médio lá com ele e eu simplesmente disse que sim, o que a minha irmã mais velha não gostou muito. Bahiyyih já era mais tranquila, e entendia o meu lado sendo a mais nova de nos três tinha coisas que eram mais fáceis de conversar com ela do que com Lea.
- Porque toda essa gritaria. - disse se virando para a minha irmã mais velha parada na porta parecendo muito brava.
- Você não pode ir. - dizia ela apontando pra mim, ela começou a se aproximar e jogar as minhas roupas já dobradas na mala em direção ao chão irritada. - Eu não vou deixar Hyuka.
- O que tá acontecendo ? - perguntou Bahiyyih aparecendo na porta com uma cara de sono.
- Lea tá surtando porque eu vou passar um tempo com o papai. - respondi ignorando a mais velha enquanto recolhia as roupas jogadas no chão. - Ela não quer me deixar eu ir.
- Sério isso ? - perguntou a mais nova revirando os olhos . - Esperem a mamãe chegar e parem de discutir.
- Fica quieta Bahiyyih. - rosnou Lea irritada com a mais nova.
- Quer saber, se resolvam então. - Desdenhou Bahiyyih saindo da porta e indo em direção a escada que levava a entrada da casa.
Lea ignorou a saida da mais nova e continuou me atormentando enquanto me impedia se guardar minhas coisas, isso estava começando a se tornar irritante.
- Eu já disse que você vai ficar. - gritou ela comigo. - Larga essa mala agora.
- Para com isso Lea, eu já conversei com a mamãe e ela deixou. - debati começando a ficar irritado também com a minha irmã. - É apenas um ano, vou voltar pra fazer faculdade aqui então para de surtar.
- Kai, mas você é muito novo. E é outro país, e se te intimidarem por lá? - perguntou minha irmã parecendo preocupada.
- Quem iria intimidar um cara de 1,80 de altura? - disse uma terceira voz dentro do quarto.
Lea e eu viramos instantânea para ver quem era e não me surpreendi ao encontrar a melhor amiga da minha irmã mais velha encostada na soleira da porta.
Lucy e Lea eram amigas desde o ensino médio, sempre as via juntas de um lado para o outro. Como elas eram dois anos mais velhas nós dificilmente ficávamos juntos nos intervalos, mas ela sempre vinha na nossa casa estudar durante a semana. Me acostumei com sua presença, ela sempre foi boa comigo e nos meus aniversários sempre me comprava alguma coisa só pra mostrar que não havia esquecido a data. Admito que com 15 anos eu tive um crush nela, mas com o tempo eu percebi que ela só me via como o irmão mais novo da sua amiga e as vezes ela me tratava como um criança também, então simplesmente desisti e segui em frente até porque sempre a veria.
- Não é essa a questão, o problema é que o Kai é muito infantil. - retrucou Lea olhando pra amiga. - É fácil intimidar ele.
- Eu não acho. - respondeu Lucy se soltando da porta e vindo na nossa direção. - Acho que ele pode ser intimidador se quiser e vai dar inveja nós americanos metidos com esse rosto lindo.
- Viu até ela acha que vou sobreviver fora de casa. - disse me virando para a minha irmã. E ignorando por um minuto minhas bochechas esquentarem por Lucy ter me chamado de lindo. - Para de ser chata Lea.
- Vai então, e esquece que tem irmã. - gritou Lea indignada postado duro no chão de tão brava que estava.
- Não se preocupa Kai, eu adoto você e viro sua irmã mais velha. - gritou Lucy olhado pra mim. Ela fez de propósito, sabia que Lea escutaria do corredor , então apenas riu depois disso.
- Seria legal. - admiti retribuindo o sorriso da garota mais velha.
Ela olhou para mim por mais alguns minutos e então se virou pra bagunça que Lea tinha feito com as minhas roupas. Vi ela se abaixar para pegar uma camiseta minha que estava no chão jogada enquanto arrumava seus óculos para não cair. Ela era nerd mais fofo da escola, e não tinha como não achar fofo o movimento dela levar os dedos ate o nariz pra empurrar seu óculos de armação escuta de volta ao seu lugar.
- Quer uma ajuda pra arrumar suas coisas? - perguntou ela enquanto dobrava minha camiseta e a colocava de volta na mala.
- Não quero te incomodar. - disse com vergonha da mais velha. Ela apenas sorriu pra mim e começou a dobrar as peças em silêncio, me senti agradecido por ter ela do meu lado naquele momento. Sabia que quando fosse pra casa do meu pai sentiria muita falta dela e de seus sorrisos reconfortantes.
- Kai..
- Sim?! - respondi me virando em sua direção . Estava tão perdido em pensamentos que nem percebi que ela já tinha terminado de dobrar minhas roupas e com os braços estendidos me entregando.
Fiquei com vergonha ao pegar as roupas e as colocar organizadamente aberta sobre a cama. Não olhei para o lado para saber o que ela fazia, mas consegui ouvir sua risada e logo em seguida vi ela colocar uma sacola pequena sobre a mala .
- O que é isso ? - perguntei pegando a sacola na mão um pouco surpreso.
- Meu presente de despedida. - respondeu ela sorrindo . - Abre logo.
Fiquei animado ao ouvir aquilo e fiz como ela pediu abrindo a sacolinha de presente e encontrando uma caixinha de veludo vermelho. Dentro da caixa tinha uma puceira de prata com um um pingente de pinguim e a letra K do seu lado. Era fofo.
- Não precisava... - comecei tímido sem saber o que dizer.
- Claro que precisava, e quando vi o pinguim lembrei de você. - disse ela apontando para o pingente. - Quero que se divirta lá, e volte para enlouquecer a Lea mais um pouco.
- Sem dúvida eu voltarei para fazer exatamente isso. - respondi dando uma gargalhada. Ela riu de mim e ergueu os braços para me abraçar, como ela era um pouco mais baixa eu tive que me curvar um pouco para encaixar nos seus braços.
Essa definitivamente foi o mais próximo que cheguei dela, e era reconfortante estar abraçando a melhor amiga da minha irmã. Já no outro dia estaria desembarcando nos Estados Unidos pronto para um novo começo, mas isso me preocupava, será que quando eu voltasse as coisas continuariam do jeito que estavam quando eu saí?
Será que ela ainda vai querer me abraçar como se eu precisasse ser protegido?
