¹⁰ Sentimentos

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Levi

- E se eu conseguir, você vai me dar.. - Victor faz uma pausa dramática. - Vai me dar um beijo! - Fala confiante, me deixando perplexo.

"O quê!? Ele quer outro beijo!?".

Eu engoli em seco e fiquei meio aéreo com aquela proposta tão inesperada, mas por fim descidi entrar no seu joguinho.

- Você vai querer um beijo? - Pergunto. - E se eu não quiser dar? - Eu questiono o olhando provocativamente.

- Trato é trato! Tu duvidou que eu posso ganhar, então se eu ganhar, cê tem que me dar o que eu quiser! - Victor fala ainda me encurralando. - E é isso que eu quero.

- E quando foi que eu concordei com isso? Não tô lembrado. - Eu pergunto ironicamente.

- Quando tu duvidou de mim. - Ele fala convencido. - Agora dá licença que o pae tem um jogo pra ganhar!

E ele vai.

No momento em que o desafiei, Victor estava perdendo, com três bolas a mais que o oponente. E magicamente, depois do que percebo ter sido um péssimo trato, onde aparentemente eu estava fadado a derrota desde o início, começo a perceber que talvez ele estivesse apenas encenando por todo esse tempo, e que muito provavelmente esse sempre foi seu plano desde o começo: me fazer acreditar que era ruim, pra que eu duvidasse de suas habilidades e o desafiasse. E por ingenuidade minha, acreditei em seu teatrinho e caí como um patinho.

Passo a ter certeza dessa hipótese, no exato momento em que ele vira o jogo e, de uma vez só, encaçapa todas as suas bolas e ganha a partida.

- Já vai se preparando, loirinho! Eu vô querer meu pagamento no débito automático. - Ele diz com um sorrisinho sínico, enquanto passar giz na ponta do taco.

- Acho que precisamos revisar o acordo. - Eu digo e o vejo gargalhar.

- Sem essa! Já tamo de contrato assinado. - Victor fala indo pra mesa que já iniciava mais uma partida.

Eu fico alí, nervoso, pensado no que fazer quando ele eventualmente ganhar aquela rodada e vier ganhar seu prêmio, ou seja: eu.

Passam alguns minutos e Victor já tinha encaçapado a maioria de suas bolas, restando apenas duas e sendo uma delas a preta. Quando ele previsivelmente encaçapa a penúltima, e muda de posição passando a mirar na preta, ficando do lado oposto ao meu, sou tomado por um frisson repentino ao vê-lo erguer o rosto e me encarar com o sorriso mais cafajeste e extremamente sexy. Logo depois, ainda me encarando, ele bate na bola branca em uma jogada milimetricamente calculada, jogando a bola preta na rede e encerrando a partida.

- Ganhei, loirinho. Agora quero minha recompensa! - Ele fala se aproximando e estreitando o espaço entre nós de novo.

- Tudo bem! Trato é trato, né? - Eu digo abrindo um sorrisinho e o vendo fechar os olhos, aproximando nossos rostos.

Quando Victor está bem próximo a mim, já de olhos fechados esperando o toque dos nossos lábios, eu enfim recebo uma luz e tenho uma ideia que presumo não lhe agradar muito.

Com ele ainda de olhos fechados, eu fico na ponta dos pés e deixo um rápido selinho na ponta do seu nariz. O vendo abrir os olhos e arregalá-los logo após em completa descrença.

- Que caralho foi esse? Eu não usei toda porra que eu sei sobre cálculo pra ganhar isso! Eu quero um beijo de verdade! - Ele fala olhando pros meus lábios.

- Você disse um beijo. Não disse como e nem onde. - Eu retruco e o vejo fazer uma careta.

- Isso mermo. Eu disse um beijo, não a porra de um selinho! Isso não vale, cacete! - Ele fala ficando um pouco nervoso. - Tu tá me tirando, loiro!

Entre Fios e Vielas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora