Entre Fios e Vielas (Romance Gay)

¹³ Afrodisíaco

Levi

O domingo começou com um clima meio estranho pairando no ar. Minha mãe vai embora amanhã de manhã e eu acho que já estou sentindo saudades.

Por esse mesmo motivo, decidi que hoje vou passar o dia com ela, aproveitando cada segundo que me resta da sua companhia.

- Já está pronto meu amor? - Minha mãe pergunta encostada na porta enquanto termino de me arrumar.

- Tô quase. Deixa só eu colocar os brincos! - Digo pegando as argolinhas.

- Você está lindo! Nunca te vi tão confiante. - Ela fala com um sorriso.

- A senhora também está linda, mãe! Meu pai tem muita sorte. - Eu digo a encarando e sorrindo junto.

Meus pais já estão na casa dos quarenta, mas eu diria que tem cara de mais jovens que muita gente de trinta. Minha mãe é uma mulher linda, com um rosto afilado e maçãs do rosto bem delineadas que lhe deixam ainda mais jovem; tem a pele branca, os cabelos negros e os olhos em um tom de azul escuro, resumindo, uma belíssima jovem senhora muito bem conservada.

- Terminei. Vamos! - Falo saindo do quarto.

- Vamos! - Ela diz me acompanhando.

Nós íamos dar um passeio pelo centro da cidade. Começariamos pelo museu do amanhã, depois iríamos pro aquaRio, arcos da Lapa, escadaria Selaron e talvez alguns outros pontos turísticos.

(...)

- Que lugar lindo, filho! Achei essa arquitetura incrível! Seu pai ia adorar. - Minha mãe fala quando chegamos no museu.

- É mesmo, mãe. Ele ia ficar tentando fazer cálculos, chegando perto e tocando as paredes.. - Digo sorrindo.

- É uma pena ele não estar aqui. Espero que ele mude de atitude enquanto é tempo. - Ela diz com a voz um pouco embargada. - Mas vamos logo entrar e levantar o astral! - Ela diz voltando a sorrir rapidamente.

Nós entramos, apreciamos e conversamos sobre as obras, algumas bastante inspiradoras, outras realmente fora da caixa e algumas até bem peculiares.

- A arte me fascina. - Minha mãe corta o silêncio. - Ela nos mostra que mesmo que sejamos praticamente iguais externamente, dentro temos tantas particularidades, tantas crenças e conceitos diferentes uns dos outros. Por exemplo: você, mesmo sendo meu filho muito provavelmente vê isso de um jeito completamente diferente de mim. Isso não é incrível? - Minha mãe diz com um sorriso contido. - Diversidade. Essa é a palavra.

- É mesmo impressionante, mãe! Vivemos em um mundo tão incrível, tão plural e cheio de vida. É uma pena que tenham pessoas que se neguem a reconhecer e respeitar as diferenças. - Eu digo enquanto encaravamos uma obra.

Passamos mais algum tempo andando e conversando sobre as artes, a vida, em planos pro futuro, entre outros temas.

Eu estou tão feliz em poder me conectar dessa maneira com ela, minha mãezinha. Como eu já disse, a gente sempre teve uma ótima relação, mas eu era mais próximo do meu pai e não me importava muito em sair da minha zona de conforto pra explorar mais minha relação com ela, então nós ficamos meio que estagnados durante todo esse tempo.

Olhando pra trás agora e vendo o quanto ela e eu temos pensamentos parecidos eu me arrependo por não ter me aproximado mais. Felizmente descobri isso à tempo.

(...)

- Querido chegue mais pro lado! - Ela diz com o celular na mão apontando a câmera pra mim num túnel de vidro cercando de água e cheio de peixes e até tubarões.