⁷ Franguinho

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Victor

Hoje o dia começou daquele jeito. Os filho da puta fardado tudo cercando o morro e ameaçando invadir. Chamo meus cria, nois pega os ferro, e saímos pra mais um dia normal em uma quebrada do Rio de janeiro.

Mando os muleque avisar geral pra ficar em casa, pego minha moto e desço o morro só de calça, chinelo, meu capacete e minha pistola, sem camisa mesmo. No foco de chegar num dos ponto de mira.

Enquanto tô na moto, começo a ouvir uns tiros, mas sou tirado do foco logo em seguida quando vejo o franguinho correndo todo cagado de medo. Parada rara de se ver.

Quando ele olha pra mim, consigo ver o desespero nos seus grandes olhos verdes. Ele, o carinha que anda me tirando o sono, com todo aquele atrevimento e jeito orgulhoso, desde a primeira vez que falou comigo, agora parecendo tão desesperado e perdido.

"Namoral, não tô entendendo o que tá rolando comigo. Acho que tô ficando frouxo. Antes, nem pensava duas vezes, tá ligado? Mandava bala na cara dele no primeiro desaforo. Mas acho que é por causa da Lilica, a coroa que é tipo uma tia pra mim. Ela sempre tava lá em casa com a minha véia quando eu era moleque, sem contar o Lucas que era meu brother, ou ainda é, sei lá. Mas isso não explica as paradas que sinto quando ele chega perto de mim. Dá vontade de jogar ele no meu ombro e dar um monte de tapa naquela bunda gigante dele. Não que eu fique reparando! Nada disso! Sou hétero, só como buceta. Mas não tem como não notar, ainda mais depois de ter visto ele só de calcinha naquele dia... tem mulher que mataria pra ter todas aquelas curvas. Também não sei ainda o que vou querer que ele faça pra me pagar a dívida, mas acho que logo, logo vou ter uma ideia.". E são esses pensamentos que tão me tirando o sono e é com eles em mente que eu paro a moto na frente dele.

- Sobe logo! - Eu mando lhe estendendo um segundo capacete.

- Não! Eu prefiro levar um tiro. - Ele fala enquanto cruza os braços e desvia o olhar.

É incrível como mesmo em uma situação dessas ele não baixa a guarda. Mas eu não tava com tempo pra essa parada agora.

- Se tu não subir eu conto pra todo mundo que te vi só de calcinha. - Eu digo rápido quando lembro do seu pedido, imaginando ser a melhor opção pra acabar logo com aquele orgulho besta.

Ele me olha incrédulo, revirando os olhos como de costume, logo depois descruzando os braços e pegando o capacete, finalmente se rendendo.

- Só porque eu não quero que pensem coisa errada de mim. Ou pior: que eu tava tentando te seduzir. - Ele diz quando sobe na moto.

- E você não tava? - Eu o provoco.

- Até parece! - Ele desdenha. - E anda logo ou a gente vai levar um tiro! - O escuto falar enquanto termina de pôr o capacete.

- Tá bom! Princesa mimadinha! - Eu o provoco novamente. - Mas segura logo em mim ou tu vai cair. - Eu afirmo dando batidinhas na minha cintura, lhe indicando onde segurar.

- Eu não vou tocar em você! Pra depois não sair por aí dizendo que eu tava me aproveitando. - Ele fala com sarcasmo.

- Cê que sabe, menó! - Eu digo dando partida na moto.

Como eu adoro irritá-lo, dou uma arrancada tão brusca na moto que ele é obrigado a entrelaçar os braços em volta do meu abdômen. Me fazendo dar uma risada descrente enquanto o escuto falar baixinho:

- Babaca! - Ele fala enquanto eu apenas rio.

Decido levá-lo pra minha casa, já que no momento é um dos lugares mais seguros do morro. Então dou meia volta, acelerando na ladeira.

Entre Fios e Vielas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora