¹⁷ Rendição

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Victor

- Calma, meu loirinho! Não fica assim! Eu não vou deixar nada acontecer com tu, tá ligado? Vem cá! - Eu falo puxando ele pra um abraço.

Eu não queria mostrar essa porra de jeito nenhum. O Levi é forte, eu tô ligado, mas ele não tá acostumado com essas parada como eu. Só que ele insistiu tanto que não deu outra.

Mas o moleque não soube lidar com aquela imagem pesadona. Era um manequim sem roupa, cheio de bala e cortes pra todo lado, com a cabeça separada do corpo, tudo coberto de sangue falso e um texto escrito "O seu franguinho é o próximo!".

No início, quando vi essa merda, me subiu uma raiva e uma vontade de esfolar o desgraçado que fez isso que eu não sei nem explicar, mas quando vi a reação do loirinho, tudo mudou, só consegui sentir uma vontade louca de abraçar ele e proteger de todo mal.

- Eu tô com muito medo, Victor! - Ele fala chorando. - Por que tá acontecendo tanta coisa ruim comigo!? O que será que eu fiz de errado? - Ele diz afundando o rosto no meu peito e chorando.

- É claro que não, princesa! Cê não fez nada. Eu não devia ter me aproximado de tu. - Eu digo abraçando ele mais forte. - Eu fui fraco. Não consegui resistir a tudo isso. Essa porra é tudo culpa minha.

- Não, não é! Eu sempre soube no que eu tava me metendo e mesmo assim continuei te dando corda. Porque mesmo sem querer, mesmo lutando contra, a verdade é que eu também me apaixonei por você, Victor. - Levi fala e eu fico sem reação.

- Que papo é esse, loirinho? - Essa parada é sério mermo? - Eu pergunto depois de um tempo fora do ar.

- Sim. Eu me apaixonei pelo Victor master chef, pelo Victor que me faz rir de piadas sem graça, pelo Victor que ama a mãe incondicionalmente e tenta seguir seus conselhos. Me apaixonei pelo seu beijo, seu toque, por esse olhar que reflete o universo inteiro. Me apaixonei pelo homem incrível que você me mostrou ser quando esquece que é o dono do morro. Eu me apaixonei por você, o meu Victor. - Ele fala com a voz de choro, me olhando nos olhos.

"Porra! Esse moleque sabe acabar com a minha pose de durão.".

Mesmo sabendo que talvez nunca dê pra ser feliz e ter uma relação, eu nunca perdi a esperança. Um traficante mafioso não pode ter ponto fraco. Na primeira oportunidade é nossa família e amigos que ficam na mira dos nossos inimigos, então esse é um luxo impensável pra gente. Mas mesmo sabendo dessa porra desdo começo, isso nunca me impediu de sonhar com um relacionamento verdadeiro, só que sempre achei que nunca passaria disso: um sonho.

Até conhecer o loirinho.

Levi me mostrou o quão intensa e rápida uma paixão pode surgir. Até poucas semanas atrás eu só conhecia o velho "pegar sem se apegar", toda noite com uma mina diferente, mas depois de conhecer ele eu não precisei nem pegar pra poder me apegar, quando fui perceber já tava gamadão pelo loiro atrevido.

Nessa hora eu só sabia sorrir. A rendição do loirinho me deixou igual um bobão, escutando o que ele dizia sem conseguir acreditar que eu realmente tinha conseguido conquistar ele.

- Serião mermo, menó? - Eu pergunto ainda descrente.

- Eu não vou repetir. - Levi fala secando o rosto na minha camisa.

- Serião que agora eu posso te beijar, te abraçar e cheirar o teu cangote a hora que eu quiser!? - Eu pergunto dando um cheiro no pescoço dele.

- Eu não disse isso! - Ele fala rindo e tentando se soltar dos meus braços.

- Mas foi essa porra que eu escutei. - Digo fazendo cosquinha nas costelas dele e dando beijos no pescoço, tentando animá-lo.

- Pois trate de ir no otorrino com urgência! - Ele fala parando de rir e me empurrando quando paro as cócegas. - Agora me solta que eu vou tomar banho. E ainda tenho que ajeitar minhas coisas.

Entre Fios e Vielas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora