³ Título

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Levi

São 16:30. Lucas chegou e foi tomar banho. Falei pra ele vir ao meu quarto, quando terminasse, pra podermos conversar sobre o motivo da minha repentina vinda pra cá.

Estou sentado na cama, tirando algumas coisas da mala, quando ouço batidas na porta e logo depois a vejo ser aberta por Lucas, pondo a cabeça na brecha.

- Primo, cê tá aí? Posso entrar? - O escuto perguntar.

- Oi! Tô aqui. Pode entrar. - Afirmo me pondo de pé e indo até a porta.

Lucas entra e eu fecho a porta. O vejo sentar, numa cadeira, próximo a mim. Me sento novamente na cama, fecho a mala e me viro pra ele.

- Então.. - Depois de uma pequena pausa decido ir direto ao ponto. - Lucas, eu sou gay. - Afirmo, um pouco apreensivo. - É por isso que estou aqui agora. Papai me colocou pra fora quando contei pra ele e pra mamãe. Disse que não tinha criado filho pra ser "viado". - Digo fazendo aspas com os dedos.

- Nossa, isso é.. - Faz uma pausa dramática. - Isso não é nenhuma novidade. - Diz Lucas com uma risadinha debochada. - Achei que fosse algo mais sério.

- Como assim? Vai dizer que também usou seu dom mágico de primo, e que sempre soube? Pelo visto não são só as mães que tem. - Falo rindo.

- Não foi necessário. - Fala com uma risadinha contida. - Já ouviu falar em histórico de navegação? - Fala rindo. Eu arregalo os olhos na mesma hora. - Pois é, priminho. Nunca ouviu falar em guia anônima não? Isso é o básico. - Fala ele debochando, enquanto sinto minhas bochechas queimarem. Devo estar igual um tomate agora.

- Eu não acredito! Desde quando? - Pergunto realmente intrigado. - Quando foi isso Lucas?

- Na última vez que cê veio pra cá. Fiquei com seu celular pra tirar uns retrato e não resisti, abri o histórico de buscas e vi um certo site que começa com X, até aí beleza, até eu ler o resto. - Ele fala sorrindo. - Quê isso priminho? Não precisa ficar vermelho. - Dá uma risada alta. - Eu só tava esperando o dia que você ia confessar, pra eu poder te passar a visão que por mim tá tudo certo. Papo reto mermo, Não tenho caô com essas coisa não. Vc continua sendo meu priminho, chatinho preferido. - Ele fala levantando, vindo em minha direção.

Também me levanto, nós nos abraçamos e eu, mesmo lutando contra, acabo derramando algumas lágrimas.

- Pode contar comigo pro que precisar manin. Tâmo aí pra qualquer parada. Tá ligado, né?. - Lucas fala me afastando e olhando nos meus olhos.

- Valeu, primo! Sou muito sortudo por ter vocês ao meu lado. Não saberia o que fazer se você e tia Lili também me odiassem. - Falo novamente lhe abraçando.

- Nada haver! Eu e a velha somos sua família, mano. Jamais a gente te deixaria na mão. - Afirma Lucas dando batidinhas nas minhas costas, me consolando. - Mas tá bom de viadagem por hoje. - Fala ele rindo e encerrando o abraço. - Você tem que se animar. Amanhã vou te levar pra conhecer a rapaziada. fechô?

- Beleza. - falo rindo.

- Demorô então. Agora bora comer que eu tô cagado de fome. - Fala Lucas já saindo do quarto.

(...)

Lucas trabalha no estoque de um mercado aqui do morro. Hoje ele usou as horas-extras pra pedir folga e me mostrar o morro, o que me animou um pouco.
Como eu já disse, já estive aqui algumas vezes, mas não costumávamos sair muito, minha mãe tinha medo de acontecer alguma coisa. Na verdade, nós só vínhamos mesmo, porque a tia Lili insistia muito, dizia que eu e o Lucas precisávamos ficar mais próximos, e também por causa da saúde de tia Lili, que sempre foi muito fragilizada, o que, aliás, é um dos motivos deles quase nunca irem lá em Porto Alegre nos visitar, acho que só lembro deles terem ido uma vez, quando eu ainda era criança. Mas mesmo sem sair muito de casa, eu adorava vir pra cá, até fiz algumas amizades, mas que hoje em dia não tenho mais contato.

Entre Fios e Vielas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora