²⁴ Luto

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Oi, xuxus! Eu nem demorei tanto assim, não é?
Queria poder dizer pra vcs que esse capítulo é um refrigério pros dois últimos, mas não é. Porém no finalzinho eu darei uma pitadinha de esperança aos corações aflitos. Kkk

POR FAVOR, LEIAM A NOTINHA NO FINAL!

Boa leitura!❤️

Levi

- O luto, meus irmãos, é a forma mais difícil, porém eficaz, que a vida tem pra nos ensinar a superar. - Afirma o velho padre no altar. - Quando perdemos um ente querido, é o luto que nos ajuda a entender o quão pequeno e frágil nós somos, e o quanto nós precisamos de Deus.

- Amém! - Um coral responde em uníssono.

Era muito surreal pra mim. Saber que não o veria mais chegar do trabalho, quando, mesmo cansado, ele abria um de seus sorrisos carinhosos ao me ver... É realmente estranho. E ainda tem esse choro me sufocando, que eu não consigo colocar pra fora de jeito nenhum.

Minha fixa geralmente demora a cair em situações como essa. No enterro dos meus avós foi a mesma coisa. É como se minha mente tentasse, mas não conseguisse compreender que aquela pessoa simplesmente não existe mais, e ela luta contra esse pensamento até me deixar mentalmente cansado, me fazendo sentir apenas uma angústia terrível, porém as lágrimas em si, elas secam.

A igreja estava lotada e o clima era bem pesado. Meu pai sempre foi uma pessoa de muitos amigos. Colegas na verdade. Ele sempre soube cativar as pessoas de uma forma especial, o que fazia muitos estarem aqui por tê-lo visto apenas uma ou duas vezes, mas as lamúrias são de quem parece conhecê-lo à longa data.

Eu via colegas de seus antigos trabalhos, funcionários do escritório e até mesmo alguns dos seus clientes, todos em total comoção. Até parecia que eles que haviam perdido um ente querido e não eu.

E claro, a família também está presente. Tia Lilian, o Lucas, a Vivi e até o tio Jorge, que veio da Tailândia, e pelo que eu escuto, é um dos mais emotivos na catedral, não para de chorar e lamentar.

Nos minutos que se sucedem, o padre continua a falar. Eu olho pra minha mãe, que está agarrada a tia Lili, e sinto meus olhos marejarem um pouco. É realmente difícil vê-la tão abatida desse jeito.

Apesar dos pesares, o amor e a cumplicidade dos meus pais sempre esteve em destaque. Sinceramente eu até me surpreendi quando ela falou em divórcio, acredito que tenha sido uma das decisões mais difíceis que já teve que tomar na vida.

Sabe quando dizem que um casal que se parece muito foi feito um pro outro? Esses são meus pais. As pessoas já costumavam perguntar se os dois eram irmãos, e depois que minha mãe passou a pintar os cabelos de loiro então... isso só se intenssificou. Eles tinham suas desavenças e suas diferenças, obviamente, mas isso nunca interferiu no respeito que tinham um pelo outro, e sempre souberam lidar muito bem com quaisquer problemas que houvessem, até o dia que eu me assumi pelo menos.

Mas o que me incomoda ainda mais é o fato dele, talvez, ter boas notícias quando essa tragédia aconteceu. Saber que as últimas coisas que eu escutei saindo de sua boca pra mim foram de total desprezo, me destrói por dentro.

Um sinal vermelho e um inconsequente alcoolizado foram o suficiente pra acabar com o pingo de estabilidade que me restava.

Eu estava caindo em queda livre, e a luz estava cada vez mais distante e inalcançável.

"Será que o destino tem algo contra mim? Ele não pode me ver feliz nem por um mísero dia sequer?".

Não consigo nem pensar em Victor agora. Sinceramente não sei nem o que sentir quanto ao que houve naquele hospital. As vezes vem aquela vontade incontrolável de gritar e chorar por causa das duras palavras que fui obrigado a escutar, e as vezes tudo o que consigo sentir é o mais puro ódio, dele e de mim principalmente.

Entre Fios e Vielas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora