¹⁴ Mensagem

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Levi

Nós havíamos comprado dois anéis de prata em uma loja fora do morro, mais no centro. Duas alianças lindas que eu mesmo escolhi, e foi próximo aquele estabelecimento, a alguns metros de distância, que vejo Victor. Está em uma cafeteria conversando intimamente com uma mulher que não consigo ver o rosto por estar de costas, mas que parece incrivelmente linda.

Todos os meus pelos do corpo se eriçam e sinto a raiva tomar conta do mim quando meus olhos revelam a minha mente o que estão vendo.

Eles estão bem próximos, se não fosse ele alí eu até diria que são um casal que se ama muito. Ele toca em seus ombros descobertos, desce e sobe a mão em seus braços frágeis e até tira seus cabelos do rosto delicadamente.

"Filho da puta galinha, mentiroso!".

Eu só queria ajudar Lucas, apenas isso. Ajudar ele e ir trabalhar em mais um dia tranquilo na padaria. Mas pelo visto o destino não tinha os mesmos planos.

Sendo sincero, eu não sei se preferia descobrir logo ou continuar cego de paixão por ele, porquê mesmo sendo um sentimento tão recente, parece que machuca como se fosse o mais antigo dos amores.

"Lucas tinha me dito pra prosseguir em dar ouvidos ao meu coração e ver no que dá.. O que dá é ser apunhalado pelas costas, é nisso que dá!".

"Por que esse filho da puta falou tudo aquilo se era tudo mentira? Eu sou mesmo um trouxa de acreditar em meia dúzia de palavras bonitas.".

- Levi, o que foi? Por que tá ficando todo vermelho? Tá sentindo alguma coisa? - Lucas pergunta enquanto subiamos na moto.

"Ódio, é isso que estou sentindo.".

- Nada! Vamos embora logo! Preciso ir trabalhar. - Eu digo secamente.

- Beleza, estressadinho! - Lucas diz já dando a partida na moto.

Nós fomos direto pro meu trabalho como combinado e eu continuei lá, o dia inteiro pensando no quanto eu queria me matar por ser tão ingênuo.

Se passaram algumas horas e eu continuava remoendo aquilo na minha cabeça, mas sem deixar isso afetar os clientes, de forma alguma. Até que meia hora antes de eu ir embora meu celular começa a vibrar em meu bolso. Quando o pego e leio as mensagens, vejo que é Victor perguntando se já pode vir me buscar e me levar pra casa.

Não respondo.

Não estou a fim de gastar mais nenhum músculo do meu corpo por ele, e inclusive, agradeceria muito se meu cérebro decidisse seguir pelo mesmo caminho.

Minutos se passam e eu continuo ignorando cada vibração, até que finalmente ele desiste, só que pro meu azar foi apenas de mandar mensagem, já que minutos depois ele está estacionando em frente a entrada.

- Qual foi, porra!? Tem celular mais não? - Ele pergunta já um pouco nervoso.

Quando ele vê que eu não tenho intenção alguma de respondê-lo, ele vem pro outro lado do balcão, ficando a alguns poucos centímetros de distância de mim.

- Coé, loirinho!? Quê que tá pegando? Tá me ouvindo não? - Victor pergunta praticamente em cima de mim.

- Eu ouvi sim, só não quis responder. Aliás, ainda não quero. - Eu digo com deboche e tédio, tentando esconder de todas as formas a minha irritação.

- E o que foi dessa vez, porra!? Tá bolado por quê? - Ele questiona me encarando.

- Por que tu só não me deixa em paz? Se eu não respondi é porque eu não quero a carona! - Digo tentando me desvencilhar dele.

Entre Fios e Vielas (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora