𝙿𝚁𝙾𝙻𝙾𝙶𝚄𝙴

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"— Eu falei para ele morrer

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" Eu falei para ele morrer... Minhas palavras saíram em um sussurro, carregadas de arrependimento. Eu nunca deveria ter dito aquilo. Estava cega pela raiva, mas agora... agora só sinto um vazio."

Essas palavras reverberam em minha mente, como um eco incessante de verdades que preferiria não ter descoberto. A traição do meu pai cortou fundo, rompendo as ilusões que eu havia construído sobre a família que eu acreditava ser perfeita. Londres, que pensávamos ter deixado para trás, ainda projetava seus demônios sobre nós, revelando uma maldição que persistia em nós seguir.

Tudo virou cinza.

Perdida e destruída, minha confiança foi despedaçada pelas mentiras do homem em quem mais confiava, o homem que me inspirou a pintar, onde a imagem da família dos sonhos que eu acreditava ter, era apenas uma fachada. O desejo inconsciente de vê-lo morto, enterrado nos cantos mais sombrios da minha mente, ganhou vida com uma revelação devastadora. No entanto, quando esse desejo se concretizou com o acidente que levou a sua morte, a culpa se abateu sobre mim, me fazendo questionar a profundidade da minha própria escuridão.

Como tudo pode desabar em um único dia?

Desde então me sinto vigiada, como se a culpa me perseguisse. Os dias se tornaram noites e as noites se perderam na névoa do álcool, uma tentativa fútil de escapar da realidade sombria que me envolvia. Já não sabia quantas garrafas havia virado, meu quarto poderia ser comparado com uma vidraçaria com tantas garrafas quebradas, as telas de linhos já não me remetiam mais nada.

A depressão era a minha recompensa, onde a filha perfeita que sonhava em ser uma pintora renomada se desfez no álcool, onde o pai morto a assombrava durante a noite e onde um certo alguém me perseguia assim como os meus demônios.

Irônico, não é?

Uma noite, após uma discussão com minha mãe, estava na cafeteria fazendo um plantão, quando mais uma vez o vi. Do outro lado da rua, como todos os outros dias, ele estava lá e eu ansiava pela sua presença. Eu tinha certeza que era ele. No entanto ele desapareceu, já não tinha mais um rosto, pelo menos eu não lembrava.

Já que eu embriagada pelo álcool após beber vários e vários dias seguidos, onde nem o meu corpo aguentava mais. Fiz a escolha inútil de ir a um bar, às lembrança do dia esvaiu da minha mente assim como todas as vezes que nós topamos, como se minha mente quisesse me proteger dele, quando. Desnorteada, desmaiei, apenas para acordar três meses depois de um coma alcoólico, um período em que a vida continuou sem mim.

Eu precisava me lembrar dele, eu queria me lembrar do seu rosto e saber o porquê ele apareceu justo depois da morte de meu pai.

Quem era ele?

A ARTE DO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora