06 | 𝚃𝚑𝚎 𝚍𝚞𝚜𝚝𝚢 𝚐𝚊𝚕𝚕𝚎𝚛𝚢

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Loiry Sartori
Dias atuais

— Sai pra lá, Noemia. — Draven repeliu os braços da ruiva que o envolviam com um gesto brusco. — Vamos ensaiar ou não?

Embora eu tenha conhecido pouco sobre Draven, aquilo que se revelou indicava uma personalidade perfeccionista, focada em si mesmo e, em certa medida, marcada por traços narcisistas. Sua atenção parecia centrada em seus próprios interesses, com pouca consideração pelos outros ao seu redor.

A postura de pé, aguardando que todos se levantassem para segui-lo, não me surpreendeu. Sua posição como líder parecia natural, impulsionada por uma autoridade inquestionável e a vantagem de ser o mais velho entre nós. Uma aura autoritária o envolvia, evidenciando sua predisposição a tomar as rédeas da situação, mesmo que isso significasse menosprezar as perspectivas alheias.

Os outros dois se levantaram bufando. Em seguida, Noah dirigiu-me um olhar significativo, indicando que era hora de acompanhá-lo. Assenti e prontamente me levantei, seguida por Louise. A ruiva perplexa limitou-se a me encarar, exibindo uma expressão de surpresa com o bico maior que o de um tucano.

— Ela não vai, né? — Ela aponta para mim, encarando Draven.

— Ela vai sim. Algum problema com isso? — Draven retrucou, vendo Louise passar o braço entre o meu. A ruiva balançou a cabeça negativamente, seu olhar carregado de fúria.

Saímos do refeitório e dirigimo-nos à sala de música, onde presumivelmente eles ensaiavam diariamente. Os meninos pegaram seus instrumentos, enquanto nós três nos acomodamos para observar. Logo as palavras de Matteo ecoaram em minha mente, deixando-me intrigada.

Já estava convencida de que meu pai estava morto, quando, de repente, uma pessoa que jamais havia visto na vida vem me relembrar daquele fatídico dia. Questiono-me se realmente deveria ter vindo para cá.

— Há alguma forma de acessar a lista dos antigos vencedores da competição de artes? Estou pensando em participar. — Comento, um tanto receosa.

No fundo, não desejava participar... Parecia ser apenas mais um torneio comum, no entanto, as palavras de Matteo despertaram meu interesse de alguma forma, e eu ansiava explorar mais a fundo após tudo o que ele disse. De certa forma, eu estava em território desconhecido; se tentasse achar sozinha, provavelmente me perderia, mas a incerteza de poder confiar neles ainda batucava em minha mente. Estava tudo tão recente para tomar um rumo rápido. Apesar de praticamente ter deixado minha vida sob seus cuidados quando me embriaguei, visivelmente, o limite que havia imposto sobre mim mesma estava começando a se dissipar.

— As notícias voam rápido, não é? Como você descobriu que vai haver a competição de artes, nem anunciaram ainda. — Noemia se intrometeu.

— Fica na sua, Noemia. — Louise levantou a mão e parou na altura do rosto de Noemia. — Tem a galeria aqui no campus, nós podemos ir lá.

— Agora? — Ela assentiu animada. Olhei para o relógio no pulso e percebi que já eram quase três da tarde.

Não demoraria muito para o início da minha aula teórica. Já havia perdido uma e metade da outra apenas hoje, precisávamos ir rápido. Talvez encontrasse alguma informação sobre meu pai ou descobrisse por que esse campeonato era tão importante para o excêntrico Matteo.

— Estão indo para onde? — Noah pergunta ao nos ver seguir em direção à porta.

— Na galeria, deveriam ir conosco para descontrair um pouco. — Louise afirma.

Eles trocam olhares por um segundo, ponderando se deveriam de fato prosseguir. Lá no fundo, sinto que não deveriam. Não sei exatamente por qual motivo, mas uma sensação ressurge em mim.

A ARTE DO DESEJOOnde histórias criam vida. Descubra agora