Como ele sabia que eu estava vindo para cá? Louise? Ela disse que não falaria.
E lá está ele, sentado, segurando um copo que estava pela metade com o que provavelmente era whisky, pela cor âmbar. Seu olhar silencioso ameaça aquele cara que sem hesitar sai, me deixando sozinha mesmo em meio a multidão.
Medroso de merda...
Com o copo em sua mão, girando o líquido distraidamente, seu movimento reflete o desejo insaciável. Recuso-me a aceitar que há algum tipo de conexão entre nós, já que a intensidade do seu olhar penetra meu escudo, como eu pensei que não fosse possível. Balanço a cabeça em negação com o meu corpo repleto de pelo arrepiado, sentindo uma mistura de desconforto e negação que parece querer me engolir, enquanto tento recuperar o controle da situação, reafirmando a barreira que coloquei entre nós.
Vou em direção a ele, batendo os pés como se fosse uma criança emburrada, no âmago, me contendo para não quebrar aquela garrafa que estava sobre a mesa em sua cabeça.
— Tá aqui por que, demônio? — Paro a sua frente. Cruzando os braços enfurecida, questionando-o, mas ele permanece me encarando sem esboçar nenhuma reação.
— Eu quem te pergunto. — Seu tom soou ríspido conforme ele apertava o copo em sua própria mão, quase podia imaginar o pequeno objeto de vidro se estraçalhando sobre sua pele trazendo-me um pouco de satisfação se caso acontecesse. — Saindo escondida, bonequinha?
E então senti minhas expectativas sendo quebradas quando meus olhos vagarosamente seguiram ao seu o braço que se estendeu, colocando o copo em cima da mesinha de centro, fazendo-me vaguear nas veias saltadas em seu antebraço exposto, graças a manga da camiseta que estava dobrada até metade dos braços, era um caminho tão sexy dos antebraços as mãos que quando percebi já estava mordendo os lábios, aquilo me entorpeceu como uma maldita droga. Meu olhar subiu aos seus ombros largos, e como se estivesse sem ninguém no controle, desceu aos seus bíceps exageradamente grandes que pareciam a ponto de rasgar a camiseta.
— Não preciso de ninguém me vigiando! — Me joguei contra o banco de couro preto, passando uma perna sobre a outra de forma escandalosamente explícita quase mostrando a minha calcinha, na verdade essa era a intenção e eu vi que a meta foi cumprida quando seus olhos caíram entremeio as minhas pernas.
Era como seu eu pudesse sentir o calor do seu olhar, que subia pelas minhas coxas, encontrando o meu busto, até finalmente pousar sobre os meus olhos.
— O caralho que não precisa, vou te vigiar até quando estiver dormindo. — Me estremeço ao ouvi-lo. — Quer que eu volte para a cadeia, pequena musa?
— O quê? Você já foi preso? — Um sorriso se alinha em meus lábios ao imaginar a euforia de vê-lo sendo preso, rendido. — Ah, tanto faz. Não é culpa minha se você já foi preso.
— Tudo o que eu faço gira em torno de você ou ainda não percebeu? Até tento não matar os homens que se aproximam de você, mas e quando é você quem faz isso? O quê eu devo fazer?
Ele suspirou, como se estivesse contendo a tempestade que rugia dentro dele, eu notava seu punho se cerrando contra o braço da poltrona. A tensão no ar era palpável, e eu me sentia como uma peça frágil nesse tabuleiro imaginário em sua cabeça.
Quem ele pensa que é?
— Não é justo colocar toda essa responsabilidade em mim. Eu não pedi para ser o centro das suas escolhas. — Minha voz sai, esbaforida e hesitante, eu ainda tentava persistir na barreira que a poucos se dissipava.
Que escorria tão facilmente pelos meus dedos como a água ou o vento.
— Não seja tola, não estou sendo injusto. Desde o momento em que nos cruzamos, minha vida deixou de ser minha. Você é a peça principal de tudo isso, queira ou não.
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A ARTE DO DESEJO
Любовные романыOs opostos se atraem, mas se repelam como água e o azeite. Uma jovem pintora desperta após três meses em um coma, resultado de seus problemas com álcool após a perda do pai. Por mais que ela acreditasse que fosse graças ao coma, na verdade um trauma...