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Não me prendo a nada
que me defina.

Sou companhia,
mas posso ser solidão.

Tranquilidade e inconstância,
pedra e coração.

Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom
humor, sarcasmo, preguiça e sono.

Música alta
e silêncio.

Serei o que você quiser,
mas só quando eu quiser.

Não me limito,
não sou cruel comigo!

Serei sempre apego pelo que vale
a pena
e desapego pelo que não quer valer.

Suponho que me entender não é
uma questão de inteligência e sim
de sentir, de entrar em contato.

Ou toca,
ou não toca....

- Clarice Lispector

|| Gabriel Donato||

Acordei sentindo um corpo por cima de mim, além de uma cabeleira na minha cara. Em que momento da noite nós dormimos? E pior, em que momento nós trocamos a posição?

Fui em direção a cozinha, já que acordei com um barulho insuportável vindo de lá.

– Bom dia!- Resmunguei entrando na mesma e pegando um copo de água.

– Aí, segunda vez que tu dorme com a menina. Não rolou nem um beijinho?- Thiago perguntou incrédulo.– O que houve com o "não insisto muito"?

– Mais ou menos.- Respondi a pergunta dele o fazendo me encarar confuso.– Beijei ela, mas não ontem.

– Por essa eu não esperava.- Fala surpreso.– Quanto tempo tem isso?

– Dia do cinema, uma vez só e foi só isso.– Dou de ombros. – Pode ir contando da loira agora!

– Que loira?- Se faz de sonso e eu lanço um olhar de morte pra ele.– Fiquei com ela uai, novidade pra ninguém.

– Vocês madrugam né?- Bia resmunga entrando na cozinha com a Valentina.– Uma hora dessas e vocês já acordados.

– Bom dia princesas, como é ótimo o humor matutino de vocês!- Ironizo.

– Bom dia!- Valentina respondeu vindo nos cumprimentar com um beijo na bochecha de cada um.

– Dormiu bem?- Pergunto baixo só para Bia ouvir, já que os dois estavam no mundo deles.

– Dormi sim e você?- Disse me dando um beijo na bochecha.– Bom dia e desculpa, eu acordo sempre com muito mal humor.

– Relaxa linda, ninguém é obrigado a acordar rindo pros ventos.

Não sei em que determinado momento isso aconteceu, mas em algum momento já estavam todos na cozinha também.

Nos organizamos para tomar café, só via os olhares de socorro que a Marina me mandava, indicando que precisávamos conversar. Lá vem!

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