Eudaimonia

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|| Biatriz Lacerda ||

Chegava a me irritar a forma como o Gabriel era cavalheiro. Eu podia muito bem ter pedido um uber, aliás já tinha chamado.

Agora eu tinha insistido que não estava com fome e ele me trouxe pra almoçar mesmo assim.

– Tá com essa cara por que?- Perguntou puxando a cadeira pra eu sentar.

– Falei que não estava com fome e que não precisava me trazer.

– Linda. Eu te trouxe, eu te levo.- Deu de ombros. – Tava atoa com o carro parado ali pô.

Só concordei com a cabeça sem discutir muito. Odiava dar trabalho para as pessoas, não estava acostumada com essa gentileza toda.

– Faz um tempinho que estou afim de praia.- Mudei de assunto.– Vou ver se a galera anima.

– Eu precisava ir lá na minha avó.- Coçou a cabeça.– Ela mora em angra. Praia boa, comida melhor ainda e ver minha velhinha. Topa?

– Com a sua avó?- Perguntei nervosa e ele deve ter percebido, já que riu.

– Preciso levar alguém já que o caminho é longo, e tu é uma boa companhia.- Falou simples.– Foi a escolhida.

Puta que pariu. Ele tá me chamando pra casa da avó dele?

– Me sinto lisonjeada!- Falo colocando a mão no peito.

– E é pra se sentir mesmo. Bora?- Perguntou novamente.

– Eu preciso pensar, posso?- Falei ainda incerta sobre isso. Precisava da opinião dos meus babys.

– Claro né Bia, vai comer o que?- Perguntou mudando de assunto.

– Macarrão ao molho branco!- Falei animada.– O daqui é maravilhoso.

– Conhece o restaurante?- Concordei.

– Meus pais sempre vem aqui nos encontros românticos deles, as vezes me enfiava no meio das programações.

– É próxima deles? - Perguntou interessado.

– Depende. Era muito próxima quando morava aqui, com eles. Minha mãe é muito de fases, já meu pai é muito do grude. Sempre me dei melhor com ele, mas depois que me mudei meio que eles se afastaram um pouquinho. Mas sempre vou ver eles e eles sempre mandam mensagens.

– E isso te afeta?

– Em partes, sinto que finalmente conquistei minha tão sonhado liberdade. Mas ao mesmo tempo sinto falta de ir no estádio com meu pai e participar dos campeonatos de truco com os amigos dele, entende? - Ele concordou com a cabeça

– Sempre fui muito família, meus pais quase morreram no dia em que me mudei. Foi um passo que eu deveria dar, mas com certeza sinto falta de vários momentos juntinhos assim.

Ficamos conversando durante o almoço e eu ria das coisas bobas que ele falava. Agora já estávamos na porta da minha casa.

– Pensa com carinho na minha proposta?- Falou manhoso.

– Vou pensar!- Falei abrindo a porta do carro e ele me olhou debochado.

– Despedir não precisa né?- Falou irônico e eu mandei um tchauzinho rindo.

– Tchau querido, até mais!- Falei rindo.

– Se despede direito, por favor!- Falou revirando os olhos e eu ri.

Fui até ele e o puxei pelo pescoço, colando nossas bocas.

– Assim?- Perguntei quando terminamos o beijo.

– Agora sim.- Revirei os olhos.– Tchau linda. Me manda mensagem com sua resposta. Um bom resto de dia pra ti!

Sai do carro e entrei em casa, vendo que ele só partiu com o carro quando entrei.

[...]

– No mais é isso!- Falei para os meninos depois de contar toda a história.

– A tá bom, então a linda aí estava ficando com o Gabriel esse tempo todo e não comentou com nenhum de nós.- Raphael falou indignado.

– Cala a boca que você parou na parte óbvia.- Matheus disse dando um tapa na nuca dele.– Você transou com ele ontem?

Ri dos dois e me joguei no colo da Valentina.

– O pior é que estamos conversando todos os dias, a cara do erro.- Falei colocando a mão no rosto.– Mesmo antes de ficarmos.

– É bem aí que tu se fode!- A Valentina falou rindo.

– Vocês duas tão cheias de segredinhos né, não vi Valentina contar nada sobre o Thiago também. Você ouviu Rapha?- Matheus perguntou se fazendo de desentendido.

– Não tem nem o que falar, o que aconteceu vocês viram e o que não viram imaginam.- Falou simples.

– Aproveitando que já estamos nesses assuntos mesmo.- Falei enrolando meu cabelo.– Gabriel me chamou pra passar um dia com a avó dele em Angra.

Os três olharam pra mim com a boca aberta, nitidamente chocados. Não muito diferente de mim.

– Você tá zoando né?- Matheus foi o primeiro a se pronunciar. E eu neguei com a cabeça.

– Mas você vai aceitar?- Tina perguntou.

– Não faço ideia.- Falei dando de ombros.– Ele me convidou como o puto que ele é. "Você é uma boa companhia, foi a escolhida"

Os meninos soltaram uma gargalhada tão alta que quase dava pra ouvir do andar debaixo.

– A amiga, desse jeito que ele falou parece que ele tinha várias opções.- Tina falou mexendo no meu cabelo.

– Gabriel é muito sangue bom, mas nunca vi ele com mulher pra saber como é.- Matheus falou dando de ombros.

– Ele não fala muito sobre mesmo, mas a cara não engana né.- Rapha falou.

– Calma gente, não vou namorar ele tá?- Falei sem entender onde essa conversa estava chegando.– É só umas ficadas e olhe lá.

Eles deram de ombros e mudaram de assunto, e eu fiquei mais quietinha. Amava esse tempo só nós quatro, eles eram as pessoas mais importantes da minha vida.

Mas minha cabeça tava a mil com esse convite, tava sem saber se aceitava ou não.

** Me falem se preferem com os textinhos no início ou sem, se quiserem coloco mídia.**