Uma nuvem cobriu meus pensamentos, dificultando qualquer lembrança concreta. Lentamente, minha consciência voltou, trazendo junto uma onda de dor lancinante onde fui alcançada. Cada parte do meu corpo doía, como se estivesse sendo esmagado por mil elefantes.Maldito loiro desconfortável, sabia que Feyre deveria ter acabado com ele, mas por minha causa ela não o fez. Se eu tivesse sido um pouco mais forte e útil não estaria assim agora. Tentei me mover, mas meus membros estavam presos por grilhões de ferro que cortavam a carne dos meus pulsos e calcanhares. Um aperto cruel prende meu pescoço, dificultando a respiração. O ar que entrava em meus pulmões era rarefeito, carregado com o cheiro fétido de mofo e sangue e sabe se lá mais o que, que havia passado por aquele lugar.
Meus olhos, ainda pesados pela escuridão, se tremeluziram levemente, querendo fechar, porém me obriguei a abri-los e não dormir em hipótese alguma. Minha visão turva se ajustou à penumbra, revelando um ambiente lúgubre. As paredes de pedra molhadas, adornadas com musgo e líquens, me cercavam. Uma única tocha, satisfeita no alto da sala, lançava sombras grotescas que dançavam nas paredes.
Um vulto se moveu da tocha, iluminando seu rosto. Era ele, o homem mascarado, com seus olhos verdes gélidos que me fitavam com crueldade. Um sorriso sádico se desenhou em seus lábios. Um sorriso de pura vingança.
Uma onde de puro medo atravessou minha espinha.
- Finalmente acordada, minha querida? - ele disse com uma voz rouca e áspera, algo completamente inumano. - Espero que tenha descansado, pois a noite será longa.
O medo se transformou em puro terror, que se apoderou de mim como uma garra gelada. Sabia que estava em perigo, que aquele homem era capaz de qualquer atrocidade. E que o motivo para isso com certeza estava entrelaça a alguma rixa com a Corte Noturna.
- Onde estou? - murmurei, minha voz fraca, desgastada.
- Em um lugar seguro, - ele respondeu com sarcasmo. - Um lugar onde ninguém possa te ouvir gritar.
Tentei engolir em seco.
Ele mudou.
- E, principalmente, um lugar onde Feyre e aqueles infelizes da Noturna não vão te encontrar.
Ele se moveu mais de mim, ficando a centímetros de distância, passos seus lentos e deliberados. O cheiro metálico de sangue emanava dele, misturando-se com o odor fétido da sala. Mas havia outra coisa, algo podre que vinha dele, que num primeiro instante Pensei que viesse esse lugar, mas não, era dele mesmo. Isso fez meus olhos lacrimejarem e minhas narinas queimarem.
- Diga-me o que quero saber, - ele disse, sua voz baixa e ameaçadora. - Diga-me onde está a chave.
Eu não sabia do que ele estava falando. A confusão se misturou com o medo em meu interior.
- Não sei do que você está falando, - consegui dizer.
Uma tapa violenta explodiu em meu rosto, me fazendo tombar de leve a cabeça. O gosto metálico de sangue invadiu minha boca. Desgraçado.
- Mentirosa! - ele falou, seus olhos cheios de fúria. - Eu sei que você sabe onde está. Feyre com certeza sabe também, talvez eu deva traze-la para que te ajude a abrir a boca.
Outra tapa, ainda mais forte que o anterior, quase me fez cair no chão, a única coisa que me fez permanecer e pé foi o grilhão em meu pescoço. A dor era lancinante, lágrimas brotaram em meus olhos. Mas não podíamos deixá-lo tocar em Feyre, mesmo nós não sabemos de nada, esse infeliz não nos deixará em paz. Tenho que convencê-lo disso, embora uma vozinha em meu inconsciente avise que será em vão.
- Por favor, - implorei, - eu não sei do que você está falando.
Ele se segue abaixo para ficarmos na mesma altura, sua mão esquerda capturando meu queixo e seus olhos cruéis me fixando.
- Você vai me dizer, - ele disse, sua voz gélida. - Acredite em mim, você vai.
Ele se endireitou e se levou, pegando um chicote de espinhos de ferro que estava pendurado em um gancho na parede. A ponta do chicote sibilou no ar.
- Vamos começar, - ele disse com um sorriso cruel ao entregar o chicote para um capataz corpulento que nem ao menos vi chegar.
Outros dois me desencostaram da parede e me amarraram no centro da sala, como correntes presas em cada ponta. Quando menos percebi, o vento silvou e uma dor terrível tomou conta de minhas costas. Nuca sentiu algo de tamanha proporção. A primeira chicotada atingiu minhas costas como um golpe de fogo. A dor era insuportável, um grito estrangulado escapou dos meus lábios.
As chicotadas se seguiram, implacáveis e certeiras. Cada golpe rasgou minha carne, deixando sulcos vermelhos e sangrentos. A dor era tanto que eu esqueci e desmaiei, mas logo voltei a acordar.
- Diga-me! - ele gritava entre cada golpe. - Diga-me onde está a chave!
Eu não sabia do que ele estava falando. Não tinha a chave, não sabia o que ele queria. Mas meus gritos de dor eram a única resposta que ele precisava.
Uma tortura contínua por horas que pareciam eternas. Cada segundo era uma agonia, cada respiração uma tortura. Meu corpo estava dilacerado, coberto de sangue e machucado. Minha mente nublada, estava perdendo a noção do tempo e da realidade. O calor ali era tão insuportável que o brigou a retirar o rímel. Ele era um macho bonito, isso eu tinha que admitir, mas o que tinha de beleza faltava em segurança e compaixão.
Finalmente, uma tortura parou, horas e horas depois. O macho já não mascarado se demorou, entregando um pano para o capaz de limpar o sangue de suas mãos.
- Descanse um pouco, - ele disse com frieza. - Amanhã continuaremos.
Ele se virou e saiu da sala, os outros o seguindo, e me deixando sozinha na escuridão, com meu corpo dilacerado e meu coração em pedaços. A dor era imensa, mas a esperança ainda teimava em persistir em meu coração. Eu preciso encontrar uma maneira de escapar, de sobreviver. Eu não poderia vacilar, não poderia fazer ou falar nada que prejudicasse Feyre.
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N/a: Olá pessoal, feliz ano novo atrasado.
Vou tentar postar mais um capítulo ainda hoje e outro na segunda. Não está revisado, então desculpe qualquer erro.
Bjs e boa leitura.
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Corte de viagens entre mundos. Rhysand x Feyre x OC.
FanfictionFeyre Archeron, Grã-Senhora da Corte Noturna, sofreu um acidente e foi parar em outra dimensão. Um mundo em que existiam apenas humanos, e uma tecnologia que deixou a Grã-Senhora embasbacada. Agora, ao lado de uma humana, ela precisa descobrir uma f...