Capítulo 22

444 62 5
                                    

Falar que fiquei liberado nos cinco primeiros minutos de voo seria eufemismo.

A realidade foi que vomitei todas as minhas tripas,- acho que minha alma foi junto em algum momento- e depois disso fiquei mais uns bons minutos tentando não repetir a dose ou cair do pégaso. Enquanto a babaca do Grão-Senhor da Corte Diurna, se divertia horrores as custas de meu sofrimento. Mas depois que me acostumei, o passeio foi bem divertido e exuberante.

A Corte era linda, a luz irradiava de cada pequena fresta do lugar.

Após algumas horas de voo, voltamos para o palácio e me despeço de Hélion. Esse tempo fora foi bom para espairecer e voltar ao foco da missão, que primeiramente era entendida como uma mera humana era parceira de uma Grã-Senhora Férica. Além de ser um privilégio, era algo surreal pois minhas expectativas eram de passar o resto da minha vida sozinha, sem ao menos conviver com minha mãe, irmãs e sobrinhos, tudo por culpa de meu pai.

Nunca entendi o motivo, mas a sensação de que o velho me odiava me perseguiu durante toda a minha vida. Durante minha infância e adolescência ele simplesmente me ignorava e, se me desprezava, conseguia me esconder relativamente bem, porém depois que anunciei que não faria faculdade de medicina tudo piorou. O desprezo, o descaso e até o mesmo nojo, ficaram completamente explícitos em suas feições.

A culpa assolou meu coração por muito tempo, sempre via ele com minhas irmãs sorrindo e se divertindo, fazendo tudo que um bom e amoroso pai faz com suas filhas. Menos comigo. Depois, eu simplesmente passei a ignorá-lo também, dessa forma me machucaria menos. Mudar de país ajudou muito também, ter novas memórias e mudar os ares.

E agora tudo é diferente, sinto que realmente estou em casa e fazendo algo relevante, mesmo que seja apenas uma simples pesquisa agora, no futuro posso fazer mais coisas com Feyre e sua Corte.


=========================


A noite chegou rápida e preferi jantar no quarto. Estava cansada e dolorida do voo/cavalgada e só queria descansar um pouco para continuarmos as buscas no dia seguinte. Quando eu estava prestes a deitar na cama, ouço uma batida na porta. Estranhei, não tinha porque receber visitas nesse horário.

Pego um dos atiçadores de brasa da lareira e vou para porta, hesito antes de abrir. Eu vou me arrepender por muito tempo de ter feito isso. Assim que destranquei a porta e girei a maçaneta, uma mão forte e poderosa a empurrou contra mim, me fazendo cambalear. O mesmo homem que invadiu minha casa estava na minha frente agora, com novas capangas ao seu lado. Ergo o atiçador na altura dos ombros e daqueles caras gargalham.

- Humana idiota,- começa o loiro mascarado- acha mesmo que esse pedaço de ferro vai me machucar?

Continue olhando-o, meu coração disparado no peito. Grito por Feyre através de nosso laço desesperadamente.

- Patético.- seu sorriso de escárnio e diversão me enojam.- Peguem-na!

Seus capangas avançam e aproveitam nossa diferença de altura e peso para eu esquivar de suas mãos rapidamente. Precisava achar uma saída alternativa já que a porta estava bloqueada por dois deles.

Feyre!

Meu grito parece ecoar de forma inútil entre nós, meu desespero era crescente. Parecendo ler minha expressão ele diz.

- Não adianta tentar chamar sua carrananzinha agora, humana tola, tomei medidas cabíveis para que ninguém nos interrompa.

Olho ao meu redor e vejo os capangas se recuperando e voltando para perto, merda preciso achar uma saída. A janela seria uma boa opção, estava mais perto, então corro para lá. Minha mão alcançou o batente da porta quando sinto braços poderosos ao meu redor, lutar se tornou inútil quanto uma agulha espeta meu pescoço. A última coisa que vejo é o horizonte diurno e então apago.

Corte de viagens entre mundos. Rhysand x Feyre x OC.Onde histórias criam vida. Descubra agora