Capítulo 8

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"Insano, por dentro, o perigo me deixa louco

Não consigo evitar, tenho segredos que não posso dizer

Eu amo o cheiro da gasolina

Eu acendo o fósforo para saborear o calor."

Play with Fire - Sam Tinnesz

WEDNESDAY

Eu sempre acreditei que a dor é algo momentâneo, nunca deixei externar o que sinto, sempre dou meu jeito para esconder e dizer que estou bem até que ela vá embora. Ah, a dor, me deixa estonteante, acostumei-me com ela andando comigo, sua intensidade combina com minha pessoa. Ela pode ser leve ou aguda, constante ou intermitente, latejante ou estável. Perfura o peito causando uma sensação de queimação e quando não se tem opções, você apenas a guarda para si mesmo.

Saio de meu transe ao sentir um punho sendo conectado diretamente em minha boca. Chacoalho meu rosto em uma tentativa de acordar e levo minha mão até minha boca sentindo o que julgo ser meu sangue. Percebo onde estou e sorrio em deboche.

— Sinclair, isso é tudo que consegue fazer? — cuspo o sangue em minha boca e dou uma risada.

Ela pega o colarinho de minha blusa e me arrasta para os fundos, não sinto nada de meu corpo, acho que fiquei tempo demais naquele transe.

— Acho que os socos não adiantaram nada não é Addams? Temo que precisarei utilizar alguns outros métodos, e você não vai gostar do que temos aqui.

Seu movimento é rápido, ela eleva um de seus joelhos e acerta a minha cintura.

Vacilo e ela aproveita para acertar um golpe em meu maxilar.

Sorrio para ela dando-lhe uma visão dos meus dentes cobertos de sangue.

— Acha mesmo que qualquer coisa que envolva tortura me traz medo Sinclair? Pelo contrário, me dá prazer. — Continuo sorrindo, querendo irritá-la e pelo visto estou conseguindo pois ela me olha com raiva. — Vamos lá, eu não tenho medo de você.

Ela me prende em uma cadeira, passando uma espécie de corda pelos meus pulsos e amarrando-os firme. Estou fraca, não consigo mover um músculo, parte de mim quer lutar, mas a maior parte já aceitou que estou fadada a cair, a ser fraca, a mergulhar em mares profundos, afundando e não emergindo mais. Deixei-a fazer o que quisesse comigo para obter informações, eu irei fazer algo contra? Não, pelo contrário, irei instigar mais ela.

— Addams, soube que você adora jogar — Ouço sua voz seguida de um arrastão que julgo ser de um metal, não consigo ver pois a claridade me cega. Estou forçando meus olhos a ficarem abertos. — Então vamos jogar! Eu pergunto e você me responde, simples.

— Eu não ficaria tão confiante assim, não irá conseguir arrancar informações de mim e precisará de muito mais que isso para conseguir tal feito. — Estou meio embriagada, mas não estou bêbada, é somente minha mente me avisando que logo irá desligar. — Eu esperava mais de você.

— Cale a boca, você está na porra do meu território e quem está em vantagem aqui sou eu - ameaça se aproximando e pegando meu rosto, forçando-me a olhá-la. — Me diz Addams, a que devo a honra de sua visita?

— Eu estava passando por perto e decidi fazê-la companhia — ironizo, sorrio ao vê-la comprimir os punhos como forma de se segurar. — Tsc, tsc, tsc, Sinclair, não seja besta, eu já disse que não vou dizer nada.

— Addams, não faça isso se tornar mais sangrento do que já está - sentencia, me olhando de cima a baixo. — Posso ver que você não está muito legal não. Então se não quiser piorar, é só responder minha pergunta. Por que invadiu o meu local sabendo que temos um acordo que dizia bem claro que não iriamos pisar no território da outra?

Dark Obsession - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora