Capítulo 25

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"Não há rendição. E não há escapatória

Somos nós os caçadores? Ou somos nós a presa?

Este é um jogo selvagem de sobrevivência"

Game of Survival – Ruelle

ENID SINCLAIR

Inacreditável.

Wednesday Addams é inacreditável. E, uma vadia.

Completamente maluca e desenfreada. Não consegue se controlar. E, conseguiu ultrapassar os meus limites.

Dentro do carro e longe daquela casa, respiro fundo ao enxergar através do espelho as marcas dos seus dedos na minha pele branca. Meu sangue borbulha e acaricia minhas veias quando lembro que pelo menos a fiz sangrar também.

Meu estômago revira quando as lembranças me atingem em cheio. Não só por termos machucado uma à outra.

E sim por algo bem pior.

O aviso mental ressonando na minha cabeça quando senti sua respiração alterada se misturar com a minha. Tudo ao nosso redor parou e só o que estava se movimentando era o encaixe dos nossos corpos. Algo que ficou totalmente fora dos trilhos, mas que se encaixou de maneira fugaz.

O choque contestado e invadindo cada poro do meu corpo. Minha pele se tornando brasa exatamente nos lugares que seus dedos passearam. E meus olhos cerrados mergulhando naquela imensidão escura.

Meu corpo travou quando ela me empurrou e se colocou na minha frente. Seus olhos cintilaram em raiva pura. Mas não falei absolutamente nada para provocá-la e sim porque realmente precisava entender se ela estava me manipulando ou não.

Porque no momento que a vi olhando para aquela gravação e seus olhos adquirem algo como reconhecimento, eu soube. Ela conhecia o cara. E obviamente não gostaria que ela mentisse para mim ao dizer que não sabia quem era.

Então fiz a minha jogada e ela cedeu. O problema foi que, ela se perdeu e acabou soltando faíscas de algo inexistente na complexa magia do seu corpo. E entre golpes feitos e provocações soltas, ela me empurrou.

Em silêncio observei com afinco suas orbes e percorri aquele rosto diversas vezes. E definitivamente não era algo que eu queria ter feito.

Porque ficamos nesse jogo por mais tempo que o necessário. Cada toque dos seus dedos, estremecia a minha subjugada mente. Suas unhas rastejando pela minha clavícula e marcando minha pele, deixando um rastro grosso, turvo e quente de um inferno nunca, jamais visto pela maré dos meus olhos.

A ansiedade tomando conta dos meus nervos. Mas não era de medo e sim de saber qual seria seu próximo passo. O suor que escorria e molhava meu rosto inteiro de um caos totalmente fútil, mas que causou padrões acelerados, admitindo que aquilo havia caminhado por uma longura e inexpressiva de corpos se balançando e se conectando sem querer.

A nossa bolha quieta e completamente em chamas. O gelado que entrava de alguma janela aberta em contato com as nossas peles extremamente quentes, causando uma alta complexidade de sensações borbulhantes sobre nossos órgãos e assentando cada parte que pingava e brincava em um momento totalmente irado.

O encontro de duas metades, dançando sob a meia lua brilhante, se afastando e se encontrando novamente em uma espécie de fogo cruzado da rápida cena que se estampava em uma velocidade impressionante.

Dois corpos subjugados que deixaram serem levados pelas perfurações feitas e pela adrenalina correndo livremente nas veias. Os resquícios de sanidade sendo sugados para fora da bolha que nos contornava, podendo assim deixar-nos em contato com a profunda e doentia irracionalidade.

Dark Obsession - WenclairOnde histórias criam vida. Descubra agora