Capítulo 38

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"E se eu estiver longe de casa?

E se eu perder tudo?

Oh, se o céu estivesse desmoronando, por você

Não há nada neste mundo que eu não faria"

Hey Brother - Avicii

WEDNESDAY ADDAMS

Faz dois dias que Pugsley está desacordado. Quarenta e oito horas que meu irmão pagou o preço que eu deveria ter pago. E faz exatamente um dia que comecei a planejar minha vingança contra quem fez isso com ele.

O banho de sangue que vai acontecer, será algo grandioso.

A serenidade com qual sua respiração ondula, me faz tremer em agonia.

É tão... quieto. Silencioso.

O barulho mais alto nesse quarto é o do monitor cardíaco acima da minha cabeça. As frequências se alternando entre fracas e mais fortes.

Eu o coloquei entre a vida e a morte. E acontece que, eu não sei pelo qual dos dois ele está lutando.

O pedestal é muito alto e fácil de cair. Nada do que eu faça ou tente fazer acalenta as batidas rasgantes em meu peito. Sentada sob a poltrona que me faz ter a visão direta do entorno e a visão dos seus pulmões se assentarem de forma lenta, penso em cada parte de um único plano para acabar com esses desgraçados.

Estou disposta a fazer cada gota de sangue que pingar, ser completamente em homenagem ao meu irmão. Estou disposta a fazer cada parte minha se definhar, se a consequência for ter a vitória em minhas mãos. Nada mais me importa, e o que vier depois disso, estaremos preparados.

A porta é aberta levemente, mas o barulho é alto, o que me faz olhar diretamente e enxergar Raphael no batente segurando flores. Dou um sorriso meia boca e inclino vagarosamente a cabeça, indicando que ele entre. Mãozinha devolve e se acomoda no entorno, deixando o vaso com as margaridas do seu lado. Essas flores são as preferidas de Pugs.

— Obrigada... — Tento formular, mesmo que só saia um fio da minha voz.

O acompanho com o olhar até vê-lo estacionar na minha poltrona. Assisto-o apenas observando sem dizer uma única palavra. Entendo o silêncio como um ato de comunicação dizendo que eu não precisava falar algo.

Ficamos assim, encarando o corpo dele por consideráveis minutos. Eu com a minha mão entrelaçada na dele e Rapha recostado sobre o apoio da poltrona. Faço um carinho superficial em sua mão, subindo e descendo, pedindo aos céus para que ele saia dessa o quanto antes.

— Wednesday... — Mãozinha começa com a voz tão baixa quanto o recital contorcido em meus ouvidos. Ele parece estar escolhendo as palavras doo melhor modo possível. — Os médicos disseram que ele não está correspondendo muito bem ao tratamento. A hemorragia comprometeu uma parte do cérebro que cuida de algumas funções. — Quanto mais ele fala, menos os meus ouvidos filtram. Eu continuo agarrada a mão dele, mas dessa vez uso um pouco mais de força enquanto sinto o ácido das lágrimas escorrer e meu sangue corre agitado, passeando pelas veias descontroladamente. — Wednesday, você está me escutando? — pergunta suavemente, como se qualquer aumento em seu tom de voz possa causar uma explosão. — Wednes-

— Shh! — interrompo-o, tentando mostrar que não estou com vontade de falar sobre isso. O médico havia me alertado hoje mais cedo sobre sua não-resposta aos medicamentos e a retirada da hemorragia o afetou de alguma forma. — Podemos por favor não conversar sobre isso? Ou você vai fingir que está surdo e vai continuar até chegar no ponto que vai dar ruim para você mesmo?

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⏰ Última atualização: Oct 11 ⏰

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