Perséfone
Coloquei minha adaga em meu cinto e saí do meu quarto. Precisava espairecer e tentar esquecer que talvez minha família não passa-se de um bando de corruptos mentirosos. Oque mais escondiam atrás dos sorrisos e discursos?
Será que minha mãe sabia o motivo que Hades estava ali e mesmo assim foi contra ele? Oque tinha de errado em ir contra a morte de alguém?
Bom... Eu também não imaginava oque aquele deus conseguiria com isso. Ele era o deus dos mortos. Qual era a lógica de ir contra a morte? Não seria mais um de seus súditos?
Minha cabeça estava dando um nó quando fui até a arena. Ficar no meio da noite sozinha era um grande perigo. Arrumei uma armadilha na entrada da Arena para caso alguém me seguisse. Era perigoso andar sozinha pelas ruas do Olimpo sem ser seguida. Principalmente depois do horário de recolher que Zeus impunha. Mas eu estava com tanta raiva que apenas armei uma armadilha básica para evitar que alguém ou algo me visse e fosse como um fofoqueiro animado até Zeus para ele me olhar mais uma vez com reprovação depois de quando comecei a rir da situação irônica de Hades naquela cadeira.
O baile tinha acabado a algumas horas. Eu mal tinha conversado com Hades depois daquilo. Minha mãe se certificou disso quando ela me viu com ele saindo de perto dos leitos. Ele havia beijado a minha mão de maneira delicada e eu tentei esconder mas mesmo tentando não pude evitar de um calor ir a meu rosto. Ele era curioso. Em vez de agir como um deus normal as primeiras palavras que ele disse se dirigindo a mim naquela noite foram :
“Você parece um cisne engasgado”
Eu estava tão atônica que nem pensei em responder a provocação. O pior era que eu não fazia a menor ideia se ele falava sério ou não. Suas palavras eram difíceis de interpretar. Eu não era tão boa em ler as pessoas quanto ele. Fiz uma careta quando lembrei que ele leu minhas ações melhor que eu mesma mais cedo. Mas aquilo concerteza foi um golpe de sorte. Não era possível que ele entendesse minhas motivações antes mesmo de eu tentar entender minhas maluquices...
Meu corpo deu uma estocada desajeitada no boneco de treino e respirei fundo. Meu desequilíbrio com armas poderia facilmente fazer eu acabar tropeçando no meio de uma luta e me fazendo me ferir com minha própria arma.
Mas continuei fazendo os movimentos que eu havia aprendido e Atena e Ártemis me mandaram treinar. Com sorte estaria melhor quando o dia raiasse e eu pudesse impressiona-las com uma evolução.
Eu estava no meio de um ataque quando ouvi uma voz. E aquilo foi o suficiente para eu levar um belo susto e quase me cortar com a adaga nas minhas mãos desajeitadas. A arma caiu no chão e oque eu ouvi em seguida foi nada mais nada menos que risadas.
Eu conhecia aquela voz...
Hades estava encostado em um pilar de pedra enquanto eu tentava me recompor e tirar a sugeira da armadura de couro que usava. Aquilo não era bem oque eu esperava para um treino no meio da noite.
Ele se virou para mim e como já tinha me acostumado ele usava um elmo que empedia qualquer deslumbre do rosto dele. Aquilo deveria ser um costume já que não parecia nem um pouco encomodado em ter ficado com aquilo a noite inteira.
— Nunca tira isso?
— Acredite em mim, é melhor não olhar para mim, meu bem — ele cruzou os braços e nem pareceu se importar em mostrar uma pose superior. Em vez disso ele veio ao meu encontro e acabou pisando no lugar errado.
Em um minuto ele estava me encarando e em outro ele estava pendurado de cabeça para baixo em uma coluna. Ele segurou bem o elmo para que não caísse e eu revirei os olhos com aquela obsessão. Ele não poderia ser tão terrível assim. Já tinha visto Hefesto milhares de vezes. Oque era um deus da morte perto daquilo? Será que o rosto dele era tão terrível assim para se preocupar em segurar aquilo no rosto todo o tempo mesmo que incomodasse?
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A Flor Da Morte ( Em Revisão)
RomanceHistória de Hades e Perséfone de um novo ângulo nunca visto!