Um pequeno milagre

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Hades

Aquelas lembranças me vieram denovo assim que dormi. Meus sonhos me faziam o favor de me atormentar. Mas não fiquei surpreso quando aquela memória em específico me veio.

Zeus estava treinando com Poseidon. Eles não passavam de adolescentes na época. Poseidon um pouco mais velho que o nosso caçula. Ele ria a plenos pulmões com o jovem de olhos azuis quando revidava com uma agilidade falha. Apesar de serem filhos de dois Titãs ambos estavam aprendendo a lutar. Eu não sabia como que Zeus havia crescido sem aprender nada sobre defesa e ataque. As ninfas que o criaram pelo jeito não queriam chamar atenção. Ele fazia muito estrago quando estava lutando. Somente alguns minutos de treino tinham feito metade das árvores serem atingidas por raios aleatórios que as derrubavam ou queimavam.

Poseidon tinha um movimento fluido na hora de lutar. Era tão delicado quanto a água do mar. Mas se provocado eu já esperava essa onda branda virar um tsunami.

Zeus estava com raiva naquele dia. Hera que estava ao nosso lado resmungou alguma coisa inaudível. Minha irmã estava observando os dois lutarem com um olhar contemplativo.

Era óbvio que ele estava descontando a raiva no Poseidon porque Hera tinha dado mais um fora nele. Meus olhos pararam na minha irmã mais nova. Ela me encarou e um carinho enorme queimava em meu peito todas as vezes que eu vía eles. Eu era o irmão mais velho deles. Eu os amava como a mim mesmo e a responsabilidade de os proteger estava em minhas costas desde o momento que coloquei os olhos neles.

— Hades. Olha isso!!! — Héstia correu como uma garota animada na minha direção.

— Oque ouve?

— Meus poderes estão melhores assim como você falou.

Ela mostrou os dedos brilhando em um laranja vivo com o fogo serpenteando entre seus dedos.

Eu olhava para ela com nada mais que orgulho nos olhos. Beijei a testa da minha irmãzinha e ela riu. Mesmo já sendo uma jovem adulta. Eu nunca iria dar menos carinho para meus irmãos por isso.

Ao meu lado Hera fez uma careta mal humorada. Eu a cutuquei com o cotovelo vendo o mal humor claro nos olhos da minha irmã. Mas ela logo sorriu e por um segundo o rosto se tornou leve e um sorriso despontou de seus lábios.

— Hora de comer! — Deméter gritou de onde estava dentro da cabana aonde todos nós dormíamos naqueles dias.

Poseidon e Zeus pareceram ter levado um choque. Os dois se empurraram feito duas crianças e correram para dentro da cabana. Os dois um dia iam me deixar maluco.

Me levantei e puchei as meninas para perto de mim. Sentamos na mesa. Deméter tinha se voluntariado para fazer comida. A pouco Héstia também ajudava. Mas parecia que Poseidon e Zeus iam fazer uma competição de quem comia mais rápido para voltar o treino.

— Ajam como tal. Parecem dois monstros lutando por carne — falei os repreendendo e os dois abaixaram os olhares ainda cuspindo ofensas um para o outro.

Poseidon olhou para mim com uma pergunta clara nos olhos.

— Bom, se querem saber... Vocês estão melhores lutando.

Poseidon deu um sorriso de orelha a orelha fazendo gestos dramáticos de vitória. Zeus me mostrou um rosto debochado.

— Até parece que você está naquela época de que ignora todos e diz que odeia todos e principalmente o irmão mais velho! Você poderia fazer um esforço e agradecer pela comida maninho — falei em um tom irônico que fez Zeus revirar os olhos.

— Como que chamam isso mano? Adolescência? Eu chamaria de... Surtos do caçula! — Poseidon riu casto e Zeus o fuzilou com os olhos.

— Eu chamaria de momento para você calar a boca seu insignificante.

A Flor Da Morte ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora