Hades
Me chamaram para o Olimpo novamente. Meu irmão insistira que eu deveria estar lá para um baile em comemoração ao meu noivado. E eu não tinha dúvidas que tinha algo por trás desse convite.
Eu subia as escadas do salão tentando ignorar o receio de ver Percéfone no alcance da minha visão novamente. Ela deveria estar furiosa. Não me era estranha a situação de me renegarem. Mas não minha doce Percéfone.
Fiz o caminho para cima. Hécate estava me esperando no alto da escada com vestes negras com tons de roxo. Era típico dela. Quase esqueci que estava nervoso.
— Talvez ela não te mate — ela sorriu e aquilo me trouxe de novo para a realidade.
— Por que você é minha melhor amiga mesmo?
— Porque eu sou a única que te aguenta.
Aquela informação foi tão sincera que a encarei incrédulo. Os olhos negros se reviravam. E aos poucos via as outras duas versões dela tremeluzindo a sua volta. Sempre acontecia quando ela estava desconcertada ou distraída.
— O que ouve?
Aquilo atingiu Hécate que desviou o olhar. Aquilo era estranho.
— Hécate — a chamei. O tom preocupado fazendo a deusa me encarar.
— É a Percéfone...
Meus pés por um segundo tiveram vida própria. E corri para dentro do salão para encarar aquela que tinha meu coração. Minha rainha adorada. Beijando um outro homem.
Beijando um mortal.
E aquilo foi como se mil sombras cobrissem meus olhos. Nada importava. Nada, a não ser ela. Ela com o rosto lindo focado em outro. Com os lábios sendo oferecidos a outro.
A névoa de escuridão cobriu o salão. E todos ficaram quietos por um segundo. E quando Percéfone grudou aqueles olhos lindos dela nos meus vi medo real no seu semblante. E aquilo não foi reconfortante.
Ela estava linda. Usava as roupas negras do nosso reino em meio aquele mar de cores vibrantes. Tinha os lábios rosados inchados e me amaldiçoei por olhar para o mortal e realmente desejar matá-lo.
— Irmão, que grande surpresa — Zeus sorriu com aquele olhar de desdém. Poseidon que estava no meio do salão veio a minha direção.
— Sempre é um prazer.
Não me incomodei com os olhares. Eu não usava meu elmo como em tantos séculos atrás. Não me escondia. E meu olhar penetrante assustava aqueles que não estavam preparados para olharem para o príncipe dos titãs.
Percéfone ainda não tirava os olhos de mim. Ainda com os dedos no peito do mortal imundo. O olhar pairava no meu de maneira intensa. Retribui a intensidade. Não sabia o que pensar.
— Já que ambos estão aqui não vejo por que o seu casamento deva esperar mais — Zeus sorriu cínico olhando Percéfone — Preparem o casamento do meu irmão. O maior casamento que os deuses já viram.
Me perguntei se Percéfone sabia disso. Se ela queria se casar realmente e oficialmente e se queria que a união fosse com os olhares daqueles que nos julgavam.
Aquilo estava fácil demais. Zeus não poderia ter aceitado aquilo tão facilmente. Até que eu entendi suas ações. E aquilo foi pior do que qualquer coisa que eu já senti.
Ele prometeu acabar com a minha felicidade.
Me retirei do salão e ouvi os passos apressados de alguém. Hécate ficou parada aonde estava. Talvez ainda chocada pelas palavras do rei. Mas eu não me importava. Talvez aquela fosse a maneira que ele acabaria comigo. Mantendo longe a única pessoa que eu realmente me importava e mostrando que o amor dela não era tão forte assim. Talvez ele já soubesse do amante mortal e quisesse colocar tudo na mesa.
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A Flor Da Morte ( Em Revisão)
RomanceHistória de Hades e Perséfone de um novo ângulo nunca visto!