A Flor Da Morte ( Em Revisão)

Soberanos

Hades

As coisas estavam nubradas quando recobrei os sentidos. E a cada fôlego um soluço era a única coisa que conseguia fazer em meio a tantas lágrimas.

Ver a verdade absoluta. A pura verdade. Toda ela era demais para suportar. Eu já sabia de boa parte daquilo. Mas....não era a mesma coisa que ver.

O sorriso dos meus pais... A alegria que era tão ausente quando tentava me lembrar deles. Tudo era tão novo que não pude aguentar permanecer no mesmo estado.

Minha cabeça pendeu para frente e Percéfone segurou meus ombros me amparando. Percéfone. É...ela estava ali também.

— Amor, está tudo bem. Você está bem.

Gritei a plenos pulmões o máximo que consegui. A dor da perda novamente me destruindo. Percéfone segurou meu rosto e me fez olhar para ela. Olhar nos olhos dela. O rosto que eu tanto amava. E eu realmente amava flores. Assim como minha mãe falou. Amo tanto que me apaixonei por uma.

— Se acalme Hades — ela também tinha lágrimas no rosto — Calma amor.

Deitei a cabeça no seu colo ainda soluçando.

Só percebi que ninguém mais se encontrava ali quando abri os olhos novamente e somente percebi Percéfone do meu lado me amparando.

— Você sabia de tudo?

— Não. Eu sabia da maioria, que tinha uma maldição e que meu pai só fazia tudo aquilo para nos proteger. Vi isso em um sonho. Mas...

— Você nunca presenciou nada...

— Sim, apesar de saber ser verdade eu nunca havia de fato visto o quanto ele havia se sacrificado. O quanto os dois haviam se sacrificado. E eu o machuquei tanto...

— Se você não o odiasse na época não teria sobrevivido...

— Então por que o sonho me avisou da verdade?

— Talvez isso tenha sido uma misericórdia. Se não o tivesse não saberia a verdade e talvez não fosse mais o mesmo Hades justo que deveria assumir o submundo.

Acenti mesmo com o coração apertado. Percéfone me estendeu a mão e me levantou limpando o resto das minhas lágrimas com a ponta dos dedos.

— Agora... você tem a oportunidade de ser o pai que Cronos sempre quis ser para você, com Melinoe e Zagreu.

— Ela me odeia...

— Duvido que odeie. Melinoe passou por muita coisa. Assim como você. Talvez isso os aproxime mais do que imagina.

Os dedos delicados tocavam meu rosto com carinho. Nem sabia porque permaneci tanto tempo somente usando o elmo das trevas. Percéfone não me tratava como um monstro. Era isso que importava.

Quando saímos da sala escura Hécate estava nos esperando. Ela me deu um abraço apertado e apreciei por um tempo a leveza do carinho entre nós dois. Amigos de infância e para a eternidade além. Talvez ela fosse a única além de Percéfone que entendia completamente o que me aconteceu e não agia de maneira diferente.

— Sempre será meu melhor amigo. Não importa o quanto tentem deter nossas alegrias.

Acenti e andei em direção a Percéfone quando fomos em direção a sala dos deuses para nos encontrarmos com meu irmão.