Sentimentos?

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Perséfone

Os toques dos meus dedos não eram o suficiente. Nada seria o suficiente. Passei meu indicador pelo meu clitóris. Gemi baixinho sentindo meu corpo pegar fogo.

Ele...

Só ele...

— Hades... — suspirei imaginando aquele rosto lindo me encarando. Aquela linda boca em meu centro. Ele dentro de mim. Meus dedos foram para minha entrada que já estava tão molhada que me senti flutuar quando toquei aquele ponto — Isso... É...

Fiz movimentos de vai e vem. Ouvia sua voz levemente em minha memória. Ele me chamando de minha querida. Imaginei ele me apertando entre seus braços. E fiquei desnorteada.

Uma sensação me percorreu quando atingi o ápice. Meus lábios estavam entreabertos. Não consegui fazer nada a não ser cair na cama com meu corpo tentando se acalmar pelo orgasmo.

Nunca tinha sentido nada como aquilo. Desde o sonho que tinha tido com ele não parecia me acalmar. Meu corpo estava inerte em cima da cama. Me senti suja quando olhei para o teto. Deusas damas não sentem nada disso. Pelo menos não deveriam sentir.

Me levantei e percebi minhas pernas trêmulas. Troquei de roupa e desci as escadas para comer algo. Estava com uma fome insistente. Mas não imaginava quem eu ia encontrar.

Hades e Minta estavam comendo juntos. A ninfa levava a comida na boca do rei dos mortos enquanto ele acariciava seus ombros de forma preguiçosa. Minta estava no colo dele. Aquilo para mim foi como um soco no estômago. Será que ela sabia o significado do brilho pálido dos olhos dele por baixo do elmo? Será que sabia o quando ele demonstrava infelicidade?

Mais uma vez minha vontade era de correr até ele e o abraçar. Falar com ele. Pedir que me contasse oque o encomodava. Depois de ver oque ele sofreu e ouvir suas palavras. Me esqueci o quando me sentia péssima comigo mesma. Queria ouvi-lo rir. Não parecia natural aquele olhar no rosto dele. Seu rosto lindo foi feito para sorrir. Feito para mostrar oque realmente era.

— Perséfone, junte-se a nós, minha querida— ele falou e eu tentei mesmo não corar com a forma que me chamou. Imaginava ele falando comigo quando me tocava. Reprimi os meus pensamentos.

Minta me encarou por alguns segundos somente com um ar desinteressado. Eu me reprimi para não revirar os olhos.

Antes de qualquer um falar algo senti cócegas em meus pés. Meu lábio tremeu somente para ver um Cérbero animado enquanto choramingava para mim. Eu sorri e acariciei a cabeça do filhote. Ele já estava bem grande. Não sabia bem como que isso acontecia. Ele agora estava tão grande quanto um cachorro adulto. Não era mais a bolinha que vi quando cheguei.

— Querido, lugar de animais não são na mesa. Ele fará uma grande bagunça.

Parei de acariciar as cabeças do cachorro quando ela falou isso. As manchas ruivas como sobrancelhas se franziram confusas com a falta do carinho.

— Imagino que ele não fará mal...

Eu falei e Minta me encarou com nojo bem evidente.

— Estou falando com meu futuro marido. Não lhe perguntei nada, Florzinha — ela falou aquilo com puro deboche — Nem sei porque está aqui. Olimpiana traidora.

Minha boca ficou aberta com aquilo. Hades apenas me encarou e encarou a noiva com uma calma que não parecia natural. Na verdade. Ele não parecia nem ao menos interessado.

— Levarei Cérbero para a arena... Perséfone. Seus treinos continuam hoje a tarde. Queria que eu a treinasse então assim será.

O tom de voz dele mais uma vez me deu vontade de correr até ele e o abraçar. Mas mantive minha postura e Minta me encarou comendo um pouco de romã. Eu não poderia comer aquilo. Sabia que não podia. Se eu comesse a fruta não conseguiria mais voltar para a superfície. Pertenceria  a aquele lugar.

A Flor Da Morte ( Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora