Maria passou a noite acordada. Não por falta de sono ou porque dormir na floresta era desconfortável, mas porque ela simplesmente não confiava na floresta.
Ela sabia que a deusa guardava a água, mas ela não sabia até onde o respeito da bruxa ia. Ela permaneceu parte da noite sentada na pedra com a espada do lado.
A lua iluminava a cachoeira, refletindo seu brilho branco na água azul cristalina. Os poucos animais noturnos da floresta não se aventuravam perto do acampamento por causa da pequena fogueira que Maria acendeu para aquecer a princesa.
Quando o sol estava perto de nascer, Hill alimentou os cavalos e lhes deu de beber. Em seguida começou a preparar um café da manhã mais nutritivo para Natasha. Frutas e pães não estavam sendo o suficiente para manter a energia da princesa.
Ela fez uma lança de pesca usando um pedaço de madeira e sua faca. Hill tirou as botas e dobrou a calça até a panturrilha. Ela pulou de pedra em pedra até ficar no meio do lago. Ela tirou do bolso alguns miolos de pão e jogou na água. Não demorou muito até alguns peixes começarem a rodear Maria. Ela ficou calma e atenta, esperando pelo tempo certo de espetar um peixe com a lança.
Enquanto Maria pescava, Natasha se levantava com o cheiro do chá que fervia no fogo. Ela se sentou e procurou por Maria ao seu lado e na pedra, mas não encontrou. Confusa, a princesa se levantou e olhou em volta, até ver Maria no meio do lago com a lança.
Ela ficou em silêncio, quase não se moveu. Quando ia pescar com seu pai, ele exigia o máximo de silêncio para os peixes não ouvirem. Seu pai quase nunca pescava nada, mesmo com todo o silêncio do mundo e com as melhores varas, então ela se perguntou se Maria conseguiria ao menos um caranguejo com aquela lança feita com galho de árvore.
Assim que dois peixes se alinharam um ao lado do outro, Hill fincou a lança com toda força do mundo da água. Ela não se importou em se molhar um pouco, pois quando puxou a lança, dois peixes estavam presos nela.
Hill deu um salto para comemorar e se virou para voltar para a terra. Ela viu Natasha parada na margem do lago e paralisou no lugar.
— Você é boa — disse a princesa. — Já fez isso antes?
Não, Maria nunca tinha pescado com uma lança antes. Sua melhor habilidade de pesca era usando rede. Mas não iria se gabar para Natasha.
— Sim, algumas vezes — ela saltou de pedra em pedra até voltar para a margem.
— Como está a água?
— Refrescante, por que?
Então Natasha tirou sua camisa e começou a tirar a calça.
— Vou tomar um banho.
Hill desviou o olhar da semi-nudez de Natasha e praticamente correu até a fogueira para tirar a "chaleira" do fogo — era um copo com água e ervas.
— Toma cuidado com a correnteza.
— Você deveria vir, precisa de um banho.
— Alguém tem que preparar seu café da manhã, Alteza.
— Coloque o peixe no fogo e venha tomar um banho. Não são nem seis da manhã e o dia já está abafado. Fará muito calor hoje.
Hill não respondeu, apenas prestou atenção em Natasha entrando na água e soltando um gemido de satisfação quando todo seu corpo relaxou dentro do lago. Maria se ocupou em limpar o peixe e prender ele em estacas de madeira. Ela usou uma pedra limpa para por fatias de pães para tostar no calor do fogo com uma erva que ela encontrou na margem do rio.
Hill olhou para Natasha boiando no rio de olhos fechados e se lembrou da sensação refrescante da água nas pernas. O dia realmente seria quente, ela podia sentir, e sabia que iria se arrepender de iniciar o dia já suada.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Save Me
Hayran KurguEdson Hill estava eufórico pelo nascimento de seu primeiro filho, no qual uma bruxa barata havia lhe dito que viria no no segundo inverno de seu casamento. "No segundo inverno de seu casamento, o pior de todos, nascerá o melhor cavaleiro do Reino V...