Edson Hill estava eufórico pelo nascimento de seu primeiro filho, no qual uma bruxa barata havia lhe dito que viria no segundo inverno de seu casamento.
"No segundo inverno de seu casamento, o pior de todos, nascerá o melhor cavaleiro do Reino Vermelho. Empunhará uma espada como ninguém jamais fez, se sentará á mesa do Grande Rei Romanoff, estará conectado pelo destino à 5° Princesa Romanoff. Trará muito orgulho a sua casa, senhor Hill. Mas o senhor deverá tomar cuidado com seu-"
As palavras dela lhe deixou extasiado e sem outra reação além da felicidade extrema. Ed, como costumava ser conhecido entre os amigos — que estavam cansados de ouvir o amigo fantasiar sobre o futuro maravilhoso de seu filho —, estava tão alegre que jogou duas moedas de prata sobre a mesa da bruxa e saiu sem que ela terminasse o restante da profecia.
E, realmente, sua esposa engravidou e no segundo inverno estava pronta para dar a luz ao campeão dos Hill. Ele via glória e fama, dinheiro e mulheres, bailes extravagantes vindo de seu primogênito. Passava noites em claro escolhendo qual nome escolher ao garoto que lhe fizesse soar feroz.
Entretanto, Cristina, sua esposa, não parecia nem um pouco entusiasmada com aquilo. Não só pelo fato de seu esposo estar depositando tanto peso nos ombros de um bebê que sequer havia vindo ao mundo ainda, mas porque ela sentia, no fundo de seu coração, que seu bebê não seria um cavaleiro de armaduras, o homem entre os homens. Algo para ela não estava certo e às vezes, em seus momentos sozinha com o bebê em sua barriga, não evitava de usar pronomes femininos.
Então um choro forte e alto foi ouvido do lado de fora do humilde casebre dos Hill.
Os amigos de Edson estavam todos do lado de fora com ele, já bêbados. Eles pulavam, se abraçavam e brindavam a vinda do grande cavaleiro Hill das profecias da bruxa.
— Ouçam esse choro, meus amigos, o choro de um homem forte! Meu garoto! — Edson entrou na casa de braços abertos e um sorriso tão largo no rosto que Cristina jurava ser impossível para os músculos destreinados de seu rosto bruto e carrancudo.
Mas logo o sorriso foi dando lugar a uma expressão que mais se assimilava à um pão murcho.
As mulheres ao redor de Cristina quase formavam um escudo protetor para quando Edson explodisse em uma onda de raiva.
— É uma menina, Ed... — A senhora May, uma asiática vinda dos países do sol poente disse em um tom baixo. — Saudável e forte...
— Uma menina?
— Ed-
Antes mesmo que Cristina pudesse finalizar sua frase, Edson saiu de casa aos passos largos e um olhar cabisbaixo. Ele não estava bravo, estava decepcionado, pois achou que aquela seria a sua chance de sair daquela vida de serviçal e se unir aos nobres, onde era o seu lugar e que fora tirado de si quando perdeu lugar na guarda real ao se apaixonar por Cristina, que era uma nobre. Ele tirou uma jovem tão bela e que tinha de tudo para viver aquela vida miserável com ele e tudo o que queria era esfregar na cara dos pais de Cristina que ele chegaria ao topo com ela ao seu lado. Agora tudo estava jogado no lixo por conta de uma menina...
Ele se sentou no chão imundo e gritou a todo pulmão, amaldiçoando céus e terras. Até que um garotinho mirrendo de cabelos desgrenhados caminhou até ele e lhe deu uma moeda de prata.
— Para que isso muleque? Não sou mendigo!
— Claro que não és, mendigos não tem força para gritar e xingar como o senhor — Edson estava para estapear aquele muleque atrevido quando ele continuou. — É para por no seu saquinho do xingamento. Mamãe me ensinou isso, disse que uma dama não deve xingar. O senhor é um homem, mas deveria aprender também.
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Save Me
أدب الهواةEdson Hill estava eufórico pelo nascimento de seu primeiro filho, no qual uma bruxa barata havia lhe dito que viria no no segundo inverno de seu casamento. "No segundo inverno de seu casamento, o pior de todos, nascerá o melhor cavaleiro do Reino V...