Flames of Destiny

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No terceiro dia, Maria finalmente conseguiu erguer-se da cama, seus músculos protestando a cada movimento. Uma dor generalizada percorria seu corpo, uma lembrança constante do preço que pagou pela liberdade. A fome a consumia, mas seu comprometimento com uma dieta vegana para reconstrução física permanecia inabalável.

Os vegetais tornaram-se seus aliados, nutrindo-a de maneira saudável e compassiva. No entanto, a lentidão dessa fonte de energia testava sua paciência, enquanto a fraqueza persistente a fazia questionar se algum dia recuperaria sua antiga vitalidade.

A escuridão dos pesadelos não a abandonava, lembranças do limbo em que sua mente vagou enquanto esteve inconsciente. Maria guardava esse segredo, incapaz de compartilhá-lo com Melinda, temendo perturbar a amiga.

Sessões diárias de acupuntura e meditação tornaram-se rituais de cura, proporcionando alívio temporário das aflições físicas e mentais. Músicas calmas preenchiam seu espaço, criando um refúgio sereno, enquanto ela se esforçava para evitar qualquer estresse adicional.

No quinto dia, determinada, Maria deixou seu quarto, explorando lentamente os corredores do majestoso palácio de Asgard. Cada passo marcava não apenas uma recuperação física, mas também uma jornada interna em direção à cura completa.

Natasha acompanhou Maria em uma caminhada matinal pelos exuberantes jardins de Asgard. O sol lançava seus raios dourados sobre o reino, criando uma atmosfera tranquila. Enquanto caminhavam, Natasha começou a compartilhar suas experiências.

— Valquíria me ensinou alguns truques de defesa pessoal. Você ficaria surpresa com a eficácia dessas técnicas. E depois, ela me mostrou a grande biblioteca de Asgard. É incrível, Maria, livros de sabedoria e história que remontam a eras — as mãos de Natasha gesticulavam sem parar, frenéticas.

Natasha estava entusiasmada ao falar sobre a biblioteca, mas Maria não estava tão presente quanto ela esperava. Os olhos de Maria refletiam uma distância, uma desconexão com o momento presente.

— Maria, você vai adorar explorar os corredores repletos de conhecimento. Há algo para todos os gostos. Histórias de batalhas épicas, tratados filosóficos, tudo o que você possa imaginar.

Enquanto Natasha continuava sua animada descrição da biblioteca, Maria lutava para afastar os pensamentos sombrios que a assombravam. Os pesadelos pareciam ecoar em sua mente, obscurecendo as palavras entusiasmadas de Natasha. A caminhada, que deveria ser relaxante, tornou-se um desafio para Maria manter o foco, enquanto as sombras do passado continuavam a pairar sobre ela.

A voz de Melinda May lhe dizendo naquela manhã que precisava desabafar sobre o que estava vendo, lhe atingiu rapidamente:

— O que você viu? — Pergunto, já demonstrando impaciência pela teimosia de Maria em contar. — Você vai ter todo o seu Qi prejudicado por isso, Maria! Muitas guerreiras definharam por se perder nas armadilhas que o limbo do esgotamento te joga quando perde o seu Qi. Você precisa me contar para que eu possa te ajudar.

Mas novamente Maria não contou. Ela apenas se levantou da cama, vestiu uma roupa decente e foi até o quarto de Natasha pedir que lhe acompanhasse e uma caminhada pelo jardim. Prontamente a princesa aceitou, empolgada.

Maria estava presa em uma batalha interna com seus pesadelos, um campo de conflito onde o medo era o comandante supremo. Os espectros do subconsciente desdobravam-se diante dela, revelando lutas fracassadas, imagens de Natasha sofrendo, o desapontamento silencioso de sua família. No teatro sinistro de sua mente, os pesadelos se manifestavam como um reino distorcido, consumido por monstros e terror. Chamas ardentes e rochas incandescentes criavam um cenário infernal. Gritos de dor e sofrimento ecoavam pelos corredores da imaginação de Maria.

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