Carry On My Wayward Soul

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O sol mal havia nascido quando Maria acordou, sentindo o peso do corpo de Natasha aninhado contra o seu. O calor da princesa era reconfortante, mas também trazia um lembrete doloroso das escolhas que precisariam ser feitas em breve. Natasha, ainda adormecida, respirava suavemente contra o pescoço de Maria, seu braço descansando preguiçosamente sobre sua cintura.

Maria suspirou silenciosamente, os olhos fixos no teto. A cada dia, sua mente pesava mais, com a certeza de que estavam se aproximando de um ponto sem retorno. Ela havia prometido proteger Natasha, estar ao seu lado, mas seu coração sabia que o relacionamento delas não poderia durar para sempre. A promessa aos deuses, o destino da princesa... tudo parecia uma sentença inevitável. E, embora Maria quisesse ser egoísta, ela sabia que isso não as protegeria das consequências.

"Eu jamais deveria ter deixado isso ir tão longe", pensou Maria, sua mão acariciando distraidamente os cabelos de Natasha. Mas como ela poderia evitar? O amor que sentia por Natasha era como uma tempestade, forte demais para ser contido, intenso demais para ser ignorado. Ela queria protegê-la de tudo, inclusive dos deuses.

Natasha se mexeu ao lado de Maria, ainda sem despertar completamente. Suas mãos buscaram por Maria, como se instintivamente quisesse se certificar de que sua guardiã ainda estava ali.

"Eu sempre estarei aqui para você, Nat", pensou Maria, sabendo que, em breve, essas palavras poderiam se transformar em uma mentira dolorosa.

Pouco tempo depois, Natasha começou a acordar, seus olhos entreabrindo-se lentamente. Ela sorriu suavemente ao encontrar o rosto de Maria ao lado do seu, seus dedos roçando levemente o braço da guerreira.

— Bom dia — murmurou Natasha, sua voz rouca pelo sono.

— Bom dia, Alteza — respondeu Maria, com um sorriso forçado. Seu coração apertou ao ver a expressão de paz no rosto de Natasha. Como ela poderia quebrar aquilo?

— Não me chame assim... — Natasha respondeu com um suspiro. — Não quando estamos sozinhas.

— Desculpe... é o hábito — Maria murmurou, tentando esconder o conflito em seu peito.

Natasha se sentou devagar, espreguiçando-se com preguiça, seus longos cabelos ruivos caindo sobre os ombros. Ela olhou para Maria com uma expressão suave, mas algo brilhou em seus olhos.

— Hoje é um novo dia — disse Natasha, como se estivesse tentando dar voz aos seus próprios sentimentos de incerteza. — E... bem, temos muitas decisões pela frente.

— Sim, temos — Maria concordou, sua voz pesada de significado. Ela sabia exatamente sobre o que Natasha estava falando.

O silêncio entre elas se alongou por um momento, até que Natasha se virou para olhar diretamente nos olhos de Maria.

— Eu sei que não podemos fugir para sempre... dos deuses, do destino — disse Natasha lentamente. — Mas... enquanto estivermos aqui, enquanto estivermos longe de casa, podemos... podemos continuar assim?

Maria queria dizer sim, queria se entregar àquele pedido, mas a realidade pesava demais em sua mente.

— Nat, eu... — Maria hesitou, lutando para encontrar as palavras certas. — Eu não sei se podemos continuar fingindo que o mundo lá fora não existe. Os deuses não são cegos, e o destino não se desvia tão facilmente.

Natasha desviou o olhar, seu rosto sério e pensativo.

— Talvez não — ela murmurou. — Mas eu não me importo, Maria. Não agora. Eu quero... eu preciso de você comigo. Pelo menos enquanto estivermos aqui.

Maria sentiu seu coração apertar ainda mais. Natasha estava disposta a lutar contra tudo e todos, mas a guerra que Maria temia não estava fora de seu alcance. Era interna. Era uma batalha de responsabilidades, de dever e de amor. E, nesse momento, ela não tinha certeza se poderia vencer.

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