Capítulo 21 - Não Podemos Continuar

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POV Zendaya

Carinho de mãe nunca terá preço. Ser mimada pelo seu pai, mais ainda. Eu amava passar o dia com eles. Meus pais tinham um dom natural de me amar muito, mesmo eu não sendo exatamente a filha cópia. Claire e Kazembe amavam o próximo, eram bons, carinhosos e adoravam abraçar. Isso não era exatamente minha praia. Eu amava meu cachorro, minha cadela, meu trabalho, minhas coisas e meu marido. Tirando meus pais, eu podia contar nos dedos as pessoas a quem realmente podia dizer eu te amo. Talvez Darnell e Jack, Storm, Hunter e a mãe de Tom. Eles eram família, não eram?

Ainda assim, achava que eles eram especiais, importantes e vitais. Por isso alegava amá-los. Isso é amor, não é?

Subi os degraus sem pressa. Tom tinha mandado preparar um jantar romântico. Dora tentou, mas espiei a mesa da sala ornamentada com flores e velas. E principalmente o cheiro do meu prato favorito flutuando no ar. Claro que só poderia ter sido ideia dele. Eu estava tentando, do fundo do meu coração, ser menos teimosa, discutir menos e exigir coisas das pessoas. Eu estava a ponto de explodir por isso, mas eu faria qualquer coisa por ele.

Procurei por Tom no escritório e notei que seu computador estava ligado e não bloqueado com senha. Isso era um perigo diante de tantos arquivos confidenciais que tínhamos ali dentro. Vi um copo de uísque em uso e o cofre aberto. Que diabos tinha dado em Tom? Estava louco? Tranquei o cofre e mexi no mouse para bloquear e vi um e-mail aberto de George.

Foi inevitável não ler a última frase, isso aguçou minha curiosidade e li todo o e-mail sobre Sam. Fiquei um pouco atordoada com a maneira que Scorsese vem a anos tentando destruir meu marido. Ele já era uma ameaça mesmo sem estar à frente da The Brothers Trust. Uma vez Tom tinha me dito que ser um Holland era ser uma ameaça e eu tinha rido... Agora eu estava sentindo na pele que tinha um maníaco querendo me matar. Não sabia se Tom ia entregar isso à polícia ou ia agir de outra forma... Reservei esse detalhe mentalmente para conversar mais tarde ou amanhã. Eu evitava ao máximo trazer o tópico que quase fui assassinada duas vezes. Isso o deixava meio fora de si. Acabei vendo o primeiro e-mail de George e meu queixo caiu no chão.

Como poderia Hunter ser irmã legítima de Tom?

Bloqueei o computador e fui atrás dele. Tom deveria estar louco. A mente do meu marido andava uma confusão pura e agora... Mais essa. Eu não sabia até quando a gente ia aguentar sem cair. Nós não sabíamos que fuçar a vida de Dom Holland iria sacodir tanto as nossas vidas. Nós não sabíamos que íamos nos apaixonar. Nós não sabíamos que teríamos tantos inimigos.

Parei do lado de fora da sala de cinema e ouvi a voz de Dom Holland tagarelando sobre como era a empresa na sua época. Sem querer ofender a morte dele e seu esforço, mas a empresa parecia cem vezes mais moderna com Tom sendo o CEO.

Fiquei um pouco chocada com as imposições que ele estava fazendo sobre Tom. Era como uma lavagem cerebral, cheia de ordens e encargos de sobrenome. Isso que não entendia. Ele devia apenas ser pai e deixar que Tom escolhesse o que fazer da vida. Se fosse por ser assim, Kazembe teria que ter me obrigado a ser professora.

Ouvi um soluço baixo e tintilar de vidro.

"Espero que você seja exatamente como eu, um homem bem-sucedido".

- Eu não sou como você! – gritou jogando a garrafa de vidro na tela da tevê e eu gritei assustada quando umas faíscas caíram em cima dele. Tom sorriu maravilhado como se fossem fogos.

- Querido? Amor? – chamei suavemente. Ele estava bêbado. – Baby, está tudo bem. Vamos para o quarto.

- Zendaya... – sussurrou me fitando intensamente. Eu vi no seu olhar aquele menininho inseguro que sempre aparecia quando o pai dele surgia das cinzas. Seus lindos olhos brilharam um medo tão profundo. Era suplicante e doloroso. – Meu amor. Zendaya. Eu te amo. Eu preciso de você.

ALÉM DA ESCURIDÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora