Capítulo 02

325 37 27
                                    

Não se esqueçam dos votos e comentários.

     Eu poderia acusar meu pai de fazer bruxaria em relação ao "quase acidente". Tenho motivos o suficiente para fazer isso, além de ter uma testemunha, que é o meu irmão, mas sei que Pietro irá me encher de perguntas, e caso não esteja satisfeito com as respostas, me levará para o hospital, alegando que estou gravemente ferida, quando claramente eu só estou irritada com a petulância daquele garoto de ter me colocado como a errada da história.

     Mas acidentes como aquele acontecem todos os dias e eu deveria ficar aliviada por meu irmão estar bem e meu carro inteiro. Eu não poderia dizer que estava cem por cento bem, já que minhas mãos ainda estão trêmulas quando bato na porta da minha melhor amiga, que abre alguns segundos depois, vestindo apenas um sutiã preto e uma calça jeans.

     — Graças a Deus, preciso da sua ajuda. — Olivia segura meu pulso e me puxa para dentro do apartamento organizado e perfumado com lavanda.

     — Não sei se vou conseguir te ajudar — falo, entrando na cozinha para pegar um copo de água.

     — Nossa, você está bem?

     Olivia para ao meu lado, de braços cruzados, esperando enquanto eu bebo o restante da água na esperança de afastar a secura da garganta e diminuir meus batimentos cardíacos.

     Coloco o copo na água e dou atenção a minha amiga, me virando para ela. Olivia, com a testa franzida, me mostra o quão preocupada está, além de achar meu comportamento estranho. Os lábios carnudos estão em linha reta, seus cachos morenos soltos caem como uma cascata nos ombros, cobrindo parcialmente o sutiã.

     Eu considero Olivia a mulher mais linda desse mundo, mesmo que ela insista em dizer que existem pessoas muito mais lindas que ela. Porém, eu amo o seu tom de pele, como se o sol tivesse beijado cada parte do corpo da Olivia, além dos olhos castanhos cheios de vida e o sorriso doce, mesmo que ela não tenha o costume de sorrir com frequência.

     — Um idiota quase bateu no meu carro — falo, apoiando meu quadril no balcão.

     — Meu Deus! E você está bem? Se machucou?

     Vejo a preocupação em seus olhos aumentarem e sua atenção em esquadrinhar cada parte do meu corpo em busca de possíveis machucados me faz relaxar para tranquilizá-la e mostrar que estou bem, mesmo que a raiva ainda esteja presente em mim. Liv suspira aliviada ao ver meu olhar e meu sorriso despreocupado.

     — Acredita que ele teve a ousadia de dizer que eu passei no farol vermelho? Ele claramente é louco! — Bufo, revirando os olhos.

     — Mandou ele ir se foder?

     — Eu gostaria, mas pelo menos o chamei de idiota.

     Liv sorri orgulhosa e deixa um beijo em minha bochecha. Depois se afasta para dizer que está atrasada para a aula e que precisa urgentemente de uma opinião.

Tempestade e Furacão | +16Onde histórias criam vida. Descubra agora