Decidida a se tornar uma artista e mostrar para as pessoas o grande potencial que tem com pincéis e tintas nas mãos, Layla se vê tentada a mostrar sua arte para que as pessoas se interessem pelos magníficos quadros de tantos significados para ela.
L...
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Parece que eu voltei à época em que eu estudava Direito e vivia sendo atormentada pela Paige e por suas amigas que eram tão ruins quanto ela. Sua voz trouxe de volta todo pesadelo que vivi pelos corredores da Universidade de Liverpool e sua risada foi capaz de arrepiar meu corpo, crescendo em mim o medo e aquela vontade insana de sair correndo, como uma criança amedrontada, procurando algum lugar para se esconder. Porém, ali, diante dela e do seu sorriso maldoso e suas narinas dilatadas, me mantenho forte, de queixo erguido. Temos que enfrentar aquilo que sentimos medo ou nunca iremos sair do lugar.
Encaro Paige da mesma forma que ela está fazendo comigo. Não desvio o olhar e muito menos vacilo a postura, mas embaixo da mesa minha mão está agarrada na do Asher. De alguma forma, aquilo me mantém segura. Eu não estou sozinha, ele está ali, ao meu lado, olhando para Paige como se ela fosse seu pior erro.
— Eu pensei de verdade que você tinha um gosto melhor para garotas, amor — diz ela ao desviar o olhar para o britânico. — Tudo bem que você terminou comigo, mas você jura que está pegando essa problemática?
— Paige, dá o fora — brada Asher.
— Eu não sou problemática — falo, porém minha voz não passa de um sussurro.
— Desculpa? — Paige estreita o olhar para mim.
— Eu não sou problemática, Paige — falo em voz alta.
— Você é, sim. Lembra quando ainda estudava? — Engulo em seco, mas permaneço firme. — Você chorava feito criança dentro do banheiro quando falávamos que os professores sentiam pena de você por ser a mais burra da sala.
Meus olhos começam a arder e meu coração se aperta ao lembrar de quando percebi os olhares de pena dos professores ao me entregarem as provas com notas baixas. Desde aquele dia foi um tormento para mim, eu não conseguia estudar porque sabia que iria mal nas provas. Dia após dia eu estava certa de que eu era a única pessoa fracassada da sala.
— Chega, Paige! Porra, dá um tempo. — Asher começa a arrumar minhas coisas ao ver que eu não consigo me mexer na cadeira. — Vamos, Layla.
— Isso, Asher, leva a problemática para sua casa. Cuidado, ela pode te tornar burro também, se já não está se tornando um.
Eu preciso de ar urgentemente. A biblioteca é grande, mas me falta oxigênio. Corro em direção às portas, tropeçando e esbarrando nas pessoas no caminho. Quando chego na calçada, desabo no banco, chorando descontroladamente.
A mente de uma pessoa ansiosa é como uma bomba e qualquer coisa pode servir de gatilho. Palavras e lembranças sempre são meus gatilhos, e eu evito ao máximo voltar ao passado e relembrar toda a dor e apreensão que vivi, mas existem pessoas que não se importam com a sua dor, nem como você irá reagir com suas palavras. Abraço minhas pernas, contando até dez, ignorando os sons ao meu redor, ignorando minha mente, e ignorando as lembranças. Quero silêncio total.
