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Eu não consigo disfarçar a felicidade dentro de mim, sempre me roubando um sorriso bobo no rosto. Minha mãe com certeza está achando que estou drogado por eu estar demonstrando uma felicidade no qual ela jura nunca ter visto antes.
— Por que está tão feliz? — indaga ela, enquanto corta os legumes na tábua, me ajudando a preparar o almoço.
— Eu vou sair com a Layla amanhã — digo, sorrindo.
— Hum, e os pombinhos vão aonde?
— Vou levá-la no cinema.
Minha mãe sorri maliciosa, estreitando o olhar.
— Não começa, mãe — rio.
— Eu não ia dizer nada, bonitão.
Tears for Fears começa a tocar, deixando minha mãe empolgada a ponto de largar a faca na bancada para aumentar o volume do celular.
— Seu pai amava eles — diz, fechando os olhos, apreciando o som. — Ele me chamou para dançar com essa música.
Foco minha atenção na letra da música everybody wants to rules the world, batendo o pé no ritmo, sorrindo ao ver minha mãe rodopiar na cozinha.
É raro quando ela menciona meu pai e quando faz isso, sinto uma emoção que aquece todo meu corpo. Eu presenciei o relacionamento dos meus pais até mesmo quando ele estava doente. Minha mãe não soltou a mão dele e sempre sorria, mostrando que estava bem para o marido, mas quando chegava a noite, eu ouvia seu choro vindo do seu quarto. Minha mãe se fazia de forte para os filhos e até para o meu pai, evitando que nossa atenção fosse desviada dele, que já estava muito doente. Ela fazia de tudo para passarmos as horas com ele, porque, não só ela, mas eu também, sabíamos que meu pai não voltaria para casa.
Abaixo meu olhar para a bancada, evitando que minha mãe veja minhas lágrimas ao imaginar meu pai ali, dançando com ela pela cozinha, rindo enquanto tomam um vinho. Não consigo imaginar a dor que minha mãe sentiu ao perder o amor da sua vida para uma doença que não tem cura.
Muitas vezes eu sinto raiva por ter perdido meu pai antes mesmo de ele me ver ir para a faculdade, ganhar um diploma e ter um emprego digno. Eu queria ver sua reação quando visse que eu desisti de ser fotógrafo para ser cozinheiro, como ele queria ser. Queria levá-lo para a França, já que era seu sonho conhecer Paris e aprender gastronomia lá. Eu me senti realizado quando consegui estudar na Le Cordon Bleu, mas ao mesmo tempo triste por não ter meu pai lá, comigo, me incentivando a continuar firme mesmo diante das quedas. No fim, fiz tudo isso por ele e não me arrependo de ter seguido por esse caminho.
Sinto o carinho da minha mãe em minhas costas e respiro fundo, controlando as lágrimas.
— Por que não dança comigo, querido? — sussurra ela, tirando a colher da minha mão.
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Tempestade e Furacão | +16
RomanceDecidida a se tornar uma artista e mostrar para as pessoas o grande potencial que tem com pincéis e tintas nas mãos, Layla se vê tentada a mostrar sua arte para que as pessoas se interessem pelos magníficos quadros de tantos significados para ela. L...