Capítulo 03

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Não se esqueçam dos votos e comentários.

     Sinto paz quando estou no quintal de casa, deitada na grama que, mesmo pinicando minha pele, deixa meu corpo relaxado. Adoro passar horas e horas aqui, observando o céu alaranjado, com algumas estrelas surgindo enquanto o sol se põe.

     Sempre fui apaixonada pelas estrelas, a lua, o céu escuro e as nuvens que às vezes parecem enormes algodões cobrindo o sol, evitando que o calor chegue até nós. E quando tenho a oportunidade de pintar o céu estrelado da noite, não perco tempo e logo desenho no caderno para ter uma prova viva do que eu vi e do que senti enquanto o lápis deslizava pela folha branca ou a tinta escura na tela.

     Acho que estou nessa mesma posição a mais de trinta minutos, Lana Del Rey cantando alto em meus fones de ouvido enquanto batuco meus dedos das mãos na grama e meus pés no mesmo ritmo da música Cherry. Infelizmente nunca fui em um show da cantora, mas esse sonho está anotando na minha grande lista de "coisas que preciso fazer antes de virar esqueleto". Provavelmente não vou realizar tudo o que eu quero, mas sonhar não custa nada, nem criar planos e muito menos imaginar um amanhã melhor que o dia de hoje.

     — Layla! Oi, querida.

     Me assusto com a voz alta da minha vizinha, que conseguiu ultrapassar o som da música, e me sento, retirando os fones de ouvido. Hope já morava aqui antes de eu me mudar. Ela foi tão gentil quando chegamos, nos entregando torta de maçã e um sorriso doce que, mesmo que no fundo eu não quisesse amizade por não estar tão a vontade por ter que estar em um lugar novo, ainda assim ela foi capaz de mudar esse meu pensamento.

     — Oi, Hope. Como a senhora está?

     Hope já está perto dos setenta anos, porém não aparenta ter a idade. Ela não tem rugas, muito menos tantos cabelos brancos como outras pessoas dessa idade. Eu dizia para o meu pai que ela foi a escolhida para continuar linda mesmo com tanta idade. Me aproximo dela, podendo ver o óculos de armação redonda e seus olhos castanhos escuros, a pele branca com algumas pintinhas nas bochechas, além do sorriso encantador.

     — Estou ótima, graças a Deus. Fiquei preocupada com você deitada aí, estava muito imóvel.

     Solto uma risada baixa, passando as unhas em meu braço para aliviar a coceira que a grama causou.

     — O céu está lindo para ser observado. — Aponto para cima, sorrindo sem mostrar os dentes. — Me dá inspiração para poder desenhar depois.

     Ela sorri orgulhosa, estendendo os dois braços por cima da cerca branca com flores, que tampam os buracos para que os cachorros dela não passem para o meu quintal, querendo me abraçar. Vacilo no mesmo segundo, pois eu não sou tão fã de contatos físicos, mas eu gosto demais da Hope e ela é umas das pessoas da minha lista que eu não quero magoar por causa de uma característica minha. Por isso a abraço e quase fico sufocada com a força dos seus braços ao meu redor.

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