Capítulo 10

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Não se esqueçam dos votos e comentários.

     Continuo encarando o frasco do meu perfume, com um sorriso no rosto, vendo o líquido ir de um lado para o outro no vidro. As palavras do Asher ainda rondam minha mente e de primeira acho estranho ele dizer aquilo em relação ao meu perfume, mas existem muitas pessoas que não são tão fãs dos aromas doces, porém vi ali uma oportunidade para deixá-lo longe de mim, ou quem sabe, ser chata o suficiente.

     Está quase na hora de ir para a casa da Celiny e estou animada para começar a fazer os desenhos na parede dela. Quando liguei para ela, dizendo que tinha feito alguns esboços, pude notar a felicidade em sua voz e também a empolgação, e eu amo ouvir isso nas vozes das pessoas, me dá certo ânimo para continuar com a arte.

     — Posso saber por que esse frasco de perfume está tão interessante? — Charlie me tira do devaneio, passando o pano no balcão.

     Rio baixinho, dando de ombros.

     — Esse aqui vai ser o meu maior aliado — falo, sorrindo triunfante. — Tipo na guerra.

     — A senhorita está em uma guerra? — O senhor evita rir, e eu também faço o mesmo esforço.

     — Mais ou menos. A minha guerra consiste em afastar uma pessoa.

     Charlie para de passar o pano no balcão, concentrando toda sua atenção em mim. A maioria das pessoas já haviam ido embora, mesmo sendo de tarde ainda, mas havia momentos em que a padaria ficava cheia, sem lugares disponíveis, e às vezes tão vazio que assustava. Retribuo seu olhar, guardando o perfume na bolsa.

     — Por que quer afastar essa pessoa? Ela te fez algo de ruim? — Charlie dá a volta no balcão, se sentando ao meu lado, relaxando.

     — Não, não fez, mas… sei lá, não quero pensar nos riscos que ele irá trazer para mim. — Suspiro.

     Vejo de relance Charlie balançar a cabeça, mexendo na aliança de casamento. Meu coração se aperta no mesmo instante pois eu conheci Emma, a falecida esposa do Charlie. Foi doloroso ao saber que ela estava doente e que as chances de sobreviver eram poucas, mas o marido dela nunca perdeu as esperanças. Ele chegou a fechar a padaria para dar total atenção para Emma, mas sabíamos que no fundo ele estava tomando coragem dia após dia para se despedir da esposa. Quando fomos no enterro dela, Charlie estava desolado. Não havia mais brilho em seus olhos e ele parecia ter envelhecido dez anos em apenas quatro meses. Os cabelos ficaram mais grisalhos e a pele mais pálida, criando rugas ao redor dos olhos e na testa. Foi horrível vê-lo daquele jeito, e deve ser horrível perder o amor da sua vida depois de tantos anos compartilhando momentos incríveis.

     — A vida é feita de riscos, Layla — diz Charlie, parando de dar atenção para a aliança. — Emma se arriscou para ficar comigo, enfrentou os pais, ignorou os comentários das pessoas porque ela queria a mim, com riscos e tudo.

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