Henrique estava sentado com as pernas esticadas e os braços apoiados na toalha vermelha paralelo ao seu corpo, enquanto os olhos se mantinham fixos no rosto do moreno que estava contando de maneira empolgada uma situação recente que havia passado em seu consultório.
Ele não sabia explicar exatamente o que em Miguel chamava a sua atenção, porém depois do dia em que eles ficaram pela primeira vez na sala de estar da casa de seus amigos, ele não conseguia parar de pensar no paulista.
Não que ele fosse emocionado ao ponto de se apaixonar por alguém no primeiro beijo, entretanto não conseguia tirar Miguel de seus pensamentos nem por um minuto sequer. Tudo que via ou ouvia de certa forma o lembrava do paulista, estava se irritando com àquela situação porque não sabia se o outro se sentia da mesma forma.
Quando Miguel virou o rosto e o olhou sorriu de maneira disfarçada, voltando seu olhar para o amigo o incluindo no assunto. Eles resolveram fazer um piquenique no parque da cidade, estavam sentados debaixo de uma enorme árvore aproveitando de sua sombra, comendo e conversando enquanto tocava uma música da Cássia Eler na pequena caixinha de som.
— Amigo... — Cristiano que estava ao seu lado sussurrou, fingindo arrumar o colarinho de sua camisa. — Disfarça, você está quase comendo o coitado com os olhos.
Henrique o olhou com a sobrancelha arqueada vendo ele indicar o paulista com a cabeça, rindo fraco. O baiano revirou os olhos e bufou, voltando a prestar atenção na história. De maneira distraída foi pegar uma coxinha, esbarrando levemente a mão com Felipe que o olhou e se desculpou em um tom baixo.
Quando afastou sua mão e foi morder sua coxinha acabou suspendendo o olhar para os amigos que estavam ao redor, percebendo que Miguel o encarava agora em silêncio. O olhou e então sorriu minimamente, vendo o homem sorrir para si de volta.
— É tão chato sair com vocês. — Jorge murmurou entediado. — Olho 'pro lado vejo um casal se beijando, olho 'pro outro vejo os dois flertando. — Suspirou. — O único que sobrava era Miguel, mas depois de sexta...
— O que aconteceu sexta? — Thiago questionou, rindo fraco enquanto olhava do amigo para o paulista.
Henrique tossiu ao se entalar com o frango da coxinha que comia, apoiando a mão no ombro de Cristiano que o olhava preocupado, tentando lhe ajudar com fracos tapinhas nas costas o oferecendo um guardanapo com a mão livre. O desespero de Miguel não estava diferente, ele olhava para todos com uma cara lavada tentando mudar de assunto logo depois, sendo completamente ignorado pelos outros que esperavam que o mais novo contasse mais da nova fofoca.
— Como vocês estão ligados eu fui jogar antes mesmo do filme acabar, porém minutos depois tive sede e quando fui pegar uma aguinha eu vi os dois na maior pegação em cima do sofá. — O mais novo comentou sério, ouvindo os risinhos dos amigos, menos dos citados na história. — Migelito reclamou tanto que o mano da festa quase engoliu o coitado do Henrique, sendo que ele estava o devorando no sofá minúsculo.
— Bem que ouvi sons suspeitos do quarto. — Samuel acrescentou, gargalhando.
— Não viaja nas ideias desse louco, Samuca. — O paulista bufou, olhando para o baiano como se o suplicasse ajuda em alguma mentira.
— Jorginho deve ter visto coisas com sua mega-imaginação. — O baiano falou, olhando de Jorge para Miguel.
— E por que acha que eu iria perder meu tempo imaginando vocês dois se beijando? — O garoto questionou visivelmente impaciente.
— Porque somos gostosos? — Henrique respondeu com outra pergunta, gargalhando junto aos outros, principalmente quando percebeu que o mais novo dentre eles ficou envergonhado com sua resposta.
Não demorou para que os garotos mudassem de assunto sobre os lanchinhos que prepararam para o piquenique, brigando um pouco alto sobre quem escolheria a próxima música que seria tocada. Eles estavam em um canto mais afastado do parque justamente para ficarem a vontade longe de olhares de julgamentos, afinal nenhum deles queriam se estressar com pessoas reclamando sobre suas sexualidades ou os assuntos que variavam de paisagens e lugares que pretendiam visitar a notícias que Henrique havia visto no jornal noite passada sobre alguma morte ou prisão inusitada que ocorreu em algum bairro.
Resolveram voltar para casa próximo das quatro da tarde depois de terminarem de comerem os lanches e fofocarem sobre diversos assuntos. Henrique estava um pouco mais feliz ao ter passado aquele tempo com os outros, agora não se sentia mais um estranho no meio deles e percebeu que em um único dia conseguiu se aproximar mais dos três irmãos, infelizmente não haviam tido um contato tão próximo das outras vezes que se viram.
Com certeza criaram um novo laço de amizade graças aquele piquenique no parque.
☮
Chegaram na frente dos apês beirando as cinco já que pegaram uber para não chegar tão tarde. Alguns deles planejavam durante o caminho algum filme para ver em casa e aproveitar o resto do dia de domingo, porém outros se sentiam com energia para sairem novamente.
Quer dizer, Henrique veio o caminho inteiro falando que pretendia dar um pulo para curtir um pouco a apresentação do olodum já que era domingo, Thiago concordou com ele e convidou Felipe para ir consigo também e o paulista não pensou duas vezes em aceitar. Miguel particularmente estava cansado e preferia ficar em casa com os outros, mas acabou mudando de ideia e resolvendo ir ao ver o baiano lhe olhar com os olhos pequenos brilhantes como se pedisse de maneira silenciosa sua presença.
Se separaram somente para se arrumarem, marcando de se encontrarem na frente do prédio dentro de trinta minutos. Como havia corrido em disparada para o banheiro, Miguel foi o primeiro a terminar de se arrumar, pegando seu celular e gritando os amigos que iria os esperar do lado de fora.
Quando deixou a casa dos amigos bateu na porta do baiano, ouvindo a voz abafada soar de dentro da casa informando que quem quer que fosse poderia entrar. Miguel fechou a porta ao adentrar o recinto, prendendo o ar ao ver a imagem do mais baixo com uma regata preta colada ao corpo e uma bermuda da mesma cor, ele estava distraído enquanto pintava a pele bronzeada e bastante queimada do sol com tinta branca.
— Oi, gatinho. — O mais velho falou e se aproximou, vendo o corpo pequeno se virar em sua direção.
— Avançamos de benzinho para gatinho? Uau. — Comentou, rindo.
— 'Cê é tão marrento, vai me dizer que não gostou de novo?
— É aceitável, pivete.
Miguel riu e revirou os olhos, beijando a bochecha do menor que reclamou visto que sua concentração estava em terminar de pintar seu corpo. Quando terminou se admirou, virando para o outro enquanto fazia um pequeno desenho de sol em seu pescoço com a tinta, largando as coisas em cima da mesa.
— Acha que temos quantos minutos antes deles terminarem? — O paulista cochichou apesar de estarem sozinhos no lugar, passando a ponta do nariz na pele cheirosa.
— Eu realmente não me importo.
Foi tudo o que Henrique respondeu antes de puxar levemente o maior pela camisa, colando suas bocas enquanto sentia seu corpo ser abraçado pelos braços fortes que o puxava cada vez mais, colando o máximo possível seus corpos.
——
Oi amores, apenas queria comentar que os minsung vão tentar esconder dos amigos que estão ficando (não sei se é algo que ficará tão nítido). Kisses.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pelourinho [MINSUNG]
FanfictionMiguel não fazia ideia que além de encontrar lugares belos e comidas maravilhosas em Salvador, iria cruzar também com um baiano esquentadinho que iria conquistar seu coração paulista no centro histórico em um dia de domingo.