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Durante todo o filme Miguel tentou evitar a garota ao seu lado, tentando se manter o máximo que conseguia longe e sempre a empurrando levemente quando ela se "assustava" com o filme de terror que estavam assistindo.

Ora ou outra olhava para o baiano que sequer desviava o olhar da televisão, ele parecia estar focado no filme ou ao menos tentava focar. O cômodo estava totalmente silencioso a não ser pelos barulhos que soavam da tv.

- Aí eu não quero ver isso! - Ela murmurou ao lado do paulista, encolhendo o corpo no sofá.

- Não veja, apenas feche os olhos. - O paulista murmurou de volta.

- Você é malvado...

Quando ela tentou o abraçar para tampar o rosto em seu peito ele levantou tão automaticamente que fez barulho, atraindo o olhar dos amigos que o olharam confusos.

Pediu desculpas baixinho e então saiu caminhando pelo meio dos outros, sentando na frente da poltrona que o baiano estava sentado recostado as costas na espuma macia, jogando a perna do menor por cima de seu ombro.

Henrique o olhou envergonhado olhando para os amigos que pareceram não se importar ou ficarem surpresos com aquela ação, olhando de soslaio para a prima que o encarava seriamente.

Tentou focar em terminar de assistir ao filme, mas sempre se distraia ao sentir os dedos quentes do paulista acariciarem sua coxa por dentro do short folgado que usava, mordendo a ponta da língua tentando se manter consciente de onde estava e com quem eles estavam. Havia tantos dias que não se viam ou se tocavam que Henrique sentia seu corpo inteiro se arrepiar e sua pele formigar nos lugares onde o outro tocava.

Quando o filme terminou os murmúrios começaram a soar, comentando sobre os acontecimentos de maneira animada enquanto riam e opinavam sobre o final.

- Querem ver outro? - Thiago perguntou.

- É... Acho melhor deixar para outro dia. - Felipe respondeu, bocejando.

- Vamos arrumar essa bagunça então. - Cristiano murmurou e se levantou, recolhendo algumas vasilhas. - Me ajude aqui, Laís.

Um tanto que contrariada a garota se levantou para o ajudar, todos os outros foram se dispersando pela casa como se deixasse Henrique e Miguel sozinhos de propósito.

O paulista virou o corpo na direção do outro, beijando a coxa dele e logo depois se levantando, dando um rápido beijo na testa pequena do baiano.

- Me desculpa, percebi que você estava desconfortável apenas depois do que você me falou na cozinha. - Murmurou. - Realmente não fiz de propósito, queria apenas se legal com ela porque vocês são parentes.

- Tudo bem, ela que é mal caráter. - Respondeu desanimado, encarando o outro em sua frente. - Você deixou muito óbvio para os meninos depois de hoje.

- Eu acho que eles sempre desconfiaram, percebeu que não houve surpresa? - Riu baixo. - E ainda nos deixaram aqui sozinhos de propósito, sabe o que isso significa?

- Que você é um grande idiota?

- Talvez, mas isso significa que irei beijar você como o grande idiota que sou.

Henrique não se conteve e riu, sentindo os lábios quentes do paulista se encaixarem aos seus perfeitamente, iniciando um beijo lento e carregado de saudades.

Havia tantos dias que não se beijavam que quando os lábios se chocaram e deslizaram um sobre o outro, Henrique quase soltou um arfar satisfeito. Morria de saudades do calor que emanava do corpo do paulista toda vez que suas bocas se juntavam.

Sequer percebeu quando o beijo se tornou um pouco mais intenso, sentindo o corpo arrepiar e seu ventre contorcer em nervosismo ao ouvir as vozes abafadas no cômodo ao lado, sentindo a adrenalina intensificar ainda mais o desejo que percorria por cada célula sua.

- Merda... - Miguel cochichou arfando, percorrendo os lábios molhados em seu pescoço, mordendo levemente a orelha vermelha do baiano. - É tão bom beijar você. Eu quero tanto você. - Ouviu o ofego do menor, sorrindo ao o olhar nos olhos. - E só quero você.

Henrique o olhou e então o puxou, colando novamente as bocas em um novo beijo. O ósculo mal havia iniciado, quando estava ficando intenso igual o anterior eles rapidamente se afastaram ao ouvir os passos apressados ressoarem.

Os dois olharam para Cristiano, Samuel e Laís que os fitavam da porta da cozinha. O casal não estava nem um pouco surpreso, eles sorriam discretamente e um tanto que aliviados ao perceberem que os outros dois estavam bem um com o outro.

Por outro lado, Laís os encaravam um tanto que incrédula, olhando para o próprio primo com uma irritação que crescia silenciosamente em seu peito. Não estava acreditando que Henrique havia se jogado em Miguel na primeira oportunidade que teve somente para a irritar.

- Uau. - Ela riu forçado. - E como sempre você se jogando em cima dos caras que me interesso, né.

Henrique a olhou incrédulo e então riu desanimado, negando enquanto levantava da pequena poltrona que estava sentado, cruzando os braços na frente do peito enquanto os olhos pequenos fitavam a prima seriamente.

- Eu nunca fiz isso. - Respondeu com o nariz levemente arrebitado. - Não perco meu tempo com essas palhaçadas e também é você quem gosta de ficar com caras comprometidos!

- Ah, jura? - Soou ironica.

- Olha, eu não sei exatamente o que você entendeu, mas eu não estava flertando com você ou algo do tipo - Miguel interveio. - Eu só queria ser legal com a prima do cara que gosto.

- Gosta? Você gosta dele? - Ela questionou como se estivesse surpresa. - O Henrique é um fracassado, mal consegue viver sozinho e depende dos amigos pra quase tudo, como voce pode gostar dele?!

- Você não deve conhecer ele como eu conheço, simples. - Miguel se limitou a responder. - Fora que depender da ajuda de outra pessoa pra determinada coisa é normal, amigos servem para se ajudarem e pedir ajuda a outras pessoas e reconhecer isso não o faz um fracassado.

A garota negou com a cabeça e então atravessou a sala, abrindo a porta e se virando para eles logo depois.

- Vocês são nojentos! - Falou antes de sair e bater a porta.

Henrique acabou rindo enquanto esfregava as mãos no rosto com um pouco de força, sentindo os braços do paulista lhe abraçarem com cuidado afagando seus cabelos em um carinho cuidadoso.

Retribuiu o abraço e então olhou para os outros dois, sentindo suas bochechas ficarem rubras. Agora não tinha mais como esconderem dos amigos que estavam ficando, apesar de que tinha a certeza que eles já sabiam.

Pelourinho [MINSUNG]Onde histórias criam vida. Descubra agora