Próximo do meio-dia Henrique acordou, olhando um pouco confuso o quarto bagunçado e as peças de roupas espalhadas pelo chão. Bocejou, tocando seu pescoço com uma das mãos enquanto a outra estava afundada no colchão sustentando o seu corpo.
A sua cabeça doía e ele se sentia levemente tonto e enjoado, não imaginou que havia bebido tanto ao ponto de ter uma ressaca. Buscou vastas lembranças da festa de ontem, lembrando que estava com Miguel enquanto bebiam e dançavam.
Céus, ele não acreditava que finalmente ficou com o paulista, mas se esqueceu de todas as sensações por estar bêbado. Virou o rosto um tanto que envergonhado, encarando confuso Higor que dormia com a boca levemente aberta usando apenas sua boxer azul marinho.
Praticamente em um pulo se levantou da cama, olhando assustado para seu ex namorado enquanto sentia sua ficha cair aos poucos. Porra... Aquilo não deveria acontecer!
— Acorda desgraça! — Falou alto enquanto batia com força o travesseiro no rosto do mais alto.
— Aí... Qual o caralho do seu problema, porra?! — Higor reclamou com a voz rouca, coçando os olhos.
O mais alto se sentou na cama, encarando o menor que parecia estar nervoso e claramente irritado, sem conseguir entender todo aquele alarde aquela hora do dia.
— Você... Você não tem vergonha na cara?!
— Caô você ficar nervoso assim, parece até que não quis. — Higor reclamou e se deitou novamente, abraçando a cachorrinha que subiu na cama após adentrar o quarto correndo ao ouvir as vozes deles.
Henrique o encarou estupefato, puxando o maior pelas pernas e o arrastando com dificuldade para fora da sua cama. Se abaixou rápido somente para pegar as roupas espalhadas, catando as peças do outro e as jogando em seu rosto.
— Qual foi, maluco?
— Você não se contenta né? Eu falei que não queria mais nada com você e que poderíamos apenas manter a amizade, mas na primeira oportunidade você me usa assim! — Henrique falou com a voz trêmula, extremamente irritado. — Sai! Sai daqui!
— Olha, essa brincadeira não tem graça! — O outro o segurou pelos pulsos, impedindo que ele continuasse o empurrando. — Eu estava na festa de boa e você veio dizendo que queria me beijar desde o momento que me viu, então não venha me comediar.
Por um momento Henrique parou e o olhou, xingando alto enquanto se afastava e puxava os fios escuros de seu cabelo. Higor o encarou ainda mais confuso, vestindo vagarosamente a própria roupa em silêncio.
Ele não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. O quão bêbado estava para ter confundido Miguel com seu ex? Sentia que estragou tudo sem nem ter começado nada, estava com raiva de si mesmo apesar de não ser totalmente culpado já que não fez de propósito.
— Calma aí... — Falou baixo ao perceber que o outro estava saindo de sua casa. — A gente...?
— Não lembro, mas acho que não. — Higor respondeu e desviou o olhar. — Espero que você fique longe do álcool de agora em diante, assim não faz merda nem machuca ninguém.
— Me descul-
Higor sequer esperou que ele terminasse de falar, saiu batendo a porta com força fazendo o barulho ecoar pela casa inteira. O moreno suspirou ao se ver sozinho, olhando o estado do quarto bagunçado enquanto pensava naquela situação.
Precisava ver Miguel e tentar concertar as coisas, imaginava que ele provavelmente se chateou ao perceber seu sumiço na festa. Não sabia se ele havia o visto com Higor ou não e de coração esperava que não, faria a situação ser menos embaraçosa entre eles.
Resolveu tomar um banho antes e comer algo, deixando com que a água gelada levasse toda ressaca embora. Vestiu uma roupa larga e confortável quando terminou, fritando um ovo para colocar no pão e o comendo enquanto bebia café puro.
Escovou os dentes e então saiu apressado, abrindo a porta do apê de Cristiano e o adentrando logo depois, ignorando totalmente o amigo que estava beijando o namorado no sofá, enquanto olhava ao redor preocupado.
— Posso ajudar, mal educado? — Cristiano falou ao se afastar e perceber a presença alheia.
— O Miguel tá aí?
Antes que os meninos respondessem o paulista apareceu na sala arrumado, aparentemente procurando uma chave. Ele passou ao lado do menor sem sequer o olhar, fazendo com que Henrique o olhasse incrédulo por ele ter lhe ignorado daquela maneira.
O casal os observava em silêncio, percebendo a tensão entre os dois. Samuel suspirou enquanto negava, seu amigo havia comentado por cima o que aconteceu e ele o conhecia bem ao ponto de saber que ele conseguia ser um grande filho da puta quando largava de mão algo ou alguém.
— Podemos conversar? — Henrique perguntou, engolindo todos os xingamentos que teve vontade de direcionar ao outro.
— Ah, não o vi ai. — Miguel se virou para ele, sorrindo irônico. — E aí. Agora não posso. Não sei se percebeu, mas estou de saída.
— Não vai levar tanto tempo e-
— Eu não posso deixar a mina esperando por tanto tempo, ninguém merece ser esquecido né. — O moreno pegou as chaves e as balançou levemente, virando o corpo na direção do outro. — Conversamos depois.
E com isso ele se despediu dos outros amigos saindo enquanto mexia no celular, aparentemente digitando uma mensagem. Henrique se virou para o casal totalmente incrédulo, fechando os punhos com raiva.
— Ele... — Riu irritado. — Qual a desgraça do problema dele, porra?!
— Nenhum? — Samuel respondeu. — Ele não pode sair para passear e conhecer novas pessoas?
— Você vacilou, hein. — Cristiano resmungou olhando o amigo. — Ele estava a fim de você, agora já não sei mais. Ele começou a conversar ontem a noite com uma guria que encontrou no badoo e marcaram de se conhecerem hoje, então...
Henrique cruzou os braços enquanto batia o pé no chão, bufando e saindo do apartamento do amigo contrariado, fechando a porta um pouco forte. Ele não havia feito de propósito e estava se sentindo mal, mas aparentemente Miguel não ligava, então não seria ele que iria continuar se importando.
Passou o resto do dia trancado dentro de casa arrumando os cômodos e lavando o banheiro, ele gostava de faxinar quando se sentia muito triste ou irritado, era uma maneira de manter a mente trabalhando e não pensar besteira.
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Pelourinho [MINSUNG]
Fiksi PenggemarMiguel não fazia ideia que além de encontrar lugares belos e comidas maravilhosas em Salvador, iria cruzar também com um baiano esquentadinho que iria conquistar seu coração paulista no centro histórico em um dia de domingo.