Mágoa

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*Buiar*


Estava saindo rápido da locação, queria chegar logo no carro do Apóstolo antes que a Reis chegasse só para pedir que as meninas que me deixassem sentar no carona, os outros carros tinham ido e agora estou aqui evitando sentar atrás ao lado da Reis, Ingrid e Mia também vão no mesmo carro, por um descuido meu acabei pisando em falso no degrau da saída e cai por cima do meu pé

- Está tudo bem? – ouço a voz dela vindo em minha direção toda preocupada, tudo que eu não queria

- Eu tô bem – meu orgulho fala por mim, porém quando tento me levantar a dor em meu tornozelo não deixa

- Aí – coloco a mão sobre o local dolorido – a culpa é minha por ser tão distraída, não prestei atenção no degrau, idiota

- Claro que não, você não deveria falar assim, você tem o direito de se distrair às vezes

- Aí, ai  – é só o que consigo dizer

- Isso é uma droga né? espera, deixa eu dar uma olhada? – pega em meu pé com cuidado

- Tudo bem, pode olhar – ela retira meu coturno

- É só uma torção, mas podia ter sido muito pior pelo jeito que foi sua queda – ela me encara, eu não retribuo o olhar

- É, mas não foi. – sou áspera, não quero conversa com ela - Agente pode ir para casa agora?

- Vem cá, eu te levo

- Não dá – respondo

- Deixa eu te ajudar? – estende a mão

- Eu consigo – de novo o orgulho falando e falhando , a dor é intensa - Aí droga!

- Tudo bem eu te seguro – ela me pega pelo braço – se apoia em mim - pede

- Ok – me dou por vencida, não vou chegar a lugar algum sem ajuda

- Eu vou ligar para o Apóstolo, ele ajuda te colocar no carro

- Tá – reviro o olho - tudo bem – ela ligou para ele que veio correndo e com ele veio também as meninas para ver como eu estava

- Calma gente, eu tô bem é só uma torção – tranquilizo a todos – Apóstolo me pega e me leva até o carro, chegando na mansão ele me coloca no quarto

- Tá entregue princesa, precisa de alguma coisa mais? – ele pergunta e antes que eu responda, Reis toma a frente

- Não, tá ótimo, obrigada, pode deixar que eu cuido dela agora – é nítido a preocupação dela com a minha pessoa – vou lá embaixo buscar um gelo, já volto – fala saindo do quarto

Um tempo depois ela volta

- Olha não tinha nenhum gelo, mas tá lotado de legumes congelados, eu trouxe ervilha – faz uma cara sapeca

- Ahh, eu não sei como eles foram parar lá, um dia eles apareceram do nada na geladeira

- A Pugliese comprou pra Natalie, ela não quis comer e guardou tudo lá pra Pugliese não ver no lixo

- Sério isso? – dou risada – e como você sabe disso?

- Ela me contou, um tempo atrás

- Ela não tem jeito mesmo

- Eu não sou de defender a Natalie, mas a gente tem que admitir que é legal ela não querer magoar a Pugliese – ela levanta minha perna colocando um travesseiro por baixo

- Olha, tá arranjando uma maneira positiva de olhar para as coisas

- Hum – ela coloca a embalagem de ervilha congelada sobre a torção e começa enrolar uma atadura

- Quer saber – lembro que estou magoada e que não quero assunto - não tem que fazer isso, eu mesma posso enrolar

- Relaxa, quanto menos você se mexer vai se sentir melhor pela manhã

- Eu já estou bem – ela ignora momentaneamente minha fala

- Só vai precisar de um anti-inflamatório pra diminuir o inchaço

- Eu tenho ibuprofeno na minha bolsa no closet , ali na esquerda perto da mala - ela pega o comprimido e enche um copo com água da jarra que está na mesa de cabeceira

- Você está bem mesmo? Não quer ir a um hospital? – fala me entregando o remédio e o copo com água

- Tô, não foi nada de mais – tento arrumar o travesseiro atrás das minhas costas, ela se adianta para ajudar e acaba se atrapalhando entrelaçando os braços à minha volta

- Desculpa – ela pede

- Deixa – tento me desvencilhar dos seus braços e ela acaba ficando a poucos centímetros da minha boca, seus olhos intercalam entre meus lábios e meus olhos, abaixo minha cabeça desfazendo o contato visual, ela entende e se afasta

- É melhor eu apagar a luz pra você descansar – fala constrangida

- Tá bem, obrigada

- De nada – ela apaga a luz e se deita ao meu lado de costas pra mim e assim passamos a noite toda, pela primeira vez não via Reis se mexendo na cama como de costume

Quando tudo se torna real (BuiaReis)Onde histórias criam vida. Descubra agora