Ultrassom

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*Buiar*

- Bom dia amor – escuto a vozinha dela bem longe e sinto a ponta do seu dedo deslizar pelo meu nariz

- Bom dia – respondo manhosa, ainda abrindo meus olhos

- Eu esperava que você ficasse mais acordada essa noite? - fala fingindo estar decepcionada

- Eu sei. Desculpe, mas depois de três orgasmos eu estava tão cansada que desmaiei - finjo estar frustrada

-  Chegamos tarde também e você veio direto da rodoviária para o Vênus e depois pra cá, eu te entendo amor, só estou te provocando

- Me provocando é? E porque será que a minha namorada está me provocando assim logo pela manhã? - pergunto

- Acho que eu não consegui matar toda a saudade que estou sentindo ainda – ela fala subindo em cima de mim e beijando meu pescoço.

Mas que depressa eu retiro seu pijama, também tenho muita “saudade” acumulada, se é que me entendem, estamos ali entre beijos quentes e carícias cheias de desejo quando somos interrompidas pela campainha.

- Eu atendo – falei já que ela estava sem roupa

- Eu atendo – ela retrucou

- Não, não, não, você fica aí – minha intenção é continuar de onde paramos – Eu cuido disso, já volto – vou até a porta e quando abro é o porteiro dizendo que recebeu uma carta registrada para a Reis e ele achou importante entregar logo, agradeço e entro no quarto  com a carta em mãos balançando e entregando nas mãos dela

- Oque que é  isso? – ela pergunta ao pegar a carta

- De quem é? – é a minha vez de perguntar curiosa

- Estela, irmã do Marcos – ela responde abrindo o envelope – Ela gosta de impressionar - conclui

Quando ela abre a correspondência eu vejo o brilho dos seus olhos se apagando e seu sorriso sumindo instantaneamente

- Oque que foi? – me preocupo ao ver sua mudança de humor

- Ela está grávida – me respondeu com um sorriso sem graça, me aproximo e vejo que se trata de um ultrassom com um bilhetinho escrito: “Surpresa, com amor Estela.” Ela guarda o ultrassom novamente no envelope da uma lufada e vai em direção ao banheiro, trancando a porta, eu decido deixar ela ter esse momento pra ela, mas começo ouvir choro vindo de lá e não consigo mais esperar, já faz uns trinta minutos que ela está lá dentro

- Pri? – bato na porta – você está bem?

- Aham – ela responde, mas percebo que está segurando o choro pra me responder

- Tem certeza? – insisto

- Sim, tenho, eu já estou saindo – depois de uns minutos ela sai com o rosto vermelho e os olhos inchados, era nítido que estava chorando, ela vai caminhando até a cozinha

- Ei? – tento chamar a atenção dela, quero ajudar de alguma forma

- Você quer um suco de laranja? – ela pergunta abrindo a geladeira e alcançando o mesmo

- Quero, quer conversar? – tento um diálogo pra entender o que está acontecendo com ela

- É que dá última vez que eu tirei um ultrassom de um envelope era o meu. E só me pegou meio de surpresa. Desculpe eu não... – a interrompi não quero que se sinta culpada por externar seus sentimentos

- Não! espera minha linda. Não se desculpe – abraço ela por trás – Eu aposto que muita gente que passa pelo que você passou nunca mais se recupera e você construiu uma vida toda nova. É preciso ter muita força pra fazer isso – ela fica um tempo reflexiva e meneia a cabeça

Quando tudo se torna real (BuiaReis)Onde histórias criam vida. Descubra agora