Juntas para o Natal 2 - Continuando...

Capítulo 2 - Saudades

Nicoletta observou Andrew um instante, se inclinou sobre a mesa, pegou uma das mãos do rapaz o olhando com ternura e lhe disse:

— Então bambino mio, vai, faça o pedido novamente e case-se com ela aqui, com a cidadania ela vai poder vir me visitar mais vezes tranquila.

— Ahhh é sobre isso nonna, você a quer vindo visitar... — riu Andrew.

— Não... anche buono... — Andrew segue rindo, o retribui — Assim ninguém mais vai poder atrapalhar a vida de vocês, porque você sabe que se chega nos ouvidos da su... da Marieta que você está noivo ela vai te perturbar. — esclareceu à senhora.

— Marieta não pode me atingir mais nonna!

— Grazie a Dio você não, mas a Mandi sim, você sabe que aquela mulher é louca e ela já conseguiu separar vocês uma vez!

— Nonna, aquilo foi um mal-entendido... — começou Andrew sentindo um calafrio percorrer seu corpo com a lembrança, ainda era recente.

— Lo so bambino mio, mas Marieta é capaz de tudo... — suspira fundo se recostando na cadeira — A única coisa que não deixa com que eu me recrimine todos os dias por ter permitido que meu filho se casasse com aquela mulher... é você, porque se não fosse a tua existência... — interrompeu Nicoletta.

Andrew a lançou um sorriso compressivo e acolhedor a dizendo:

— Marieta é capaz de tudo sim, mas jamais deixaria ela fazer qualquer coisa contra a Mandi, mas compreendo o seu ponto nonna e não se recrimine pelas escolhas do meu pai.

— Quindi non perdere tempo bambino mio, case-se em Siena, dê a ela as garantias e quando voltarem ao Brasil sigam com os planos, interprete como uma formalidade de segurança, porque se for por amor...

— Se for pelo amor que sinto por ela, podemos nos casar por todas as existências... — se interpôs Andrew ficando com o olhar perdido, refletindo, seus pensamentos estavam em Mandi.

Nicoletta sorri ao ver o brilho nos olhos do rapaz, brilho esse que ela nunca viu em seu filho, viu Sergio se apagando com o tempo, aquilo lhe doía, mas nada ela podia fazer, não poderia mudar as escolhas do filho, contudo, com seu neto as coisas eram completamente diferentes, quanto mais ela observava ele e Mandi mais tinha certeza de que aquela conexão era fruto de um amor imensuravelmente milenar, logo não havia porque eles não oficializarem de uma vez o que estava mais que estampado, gravado nos registros do tempo.

Enquanto Andrew seguia com seus pensamentos na moça que estava na sala de jantar, Nicoletta pegou sua agenda, — que mais parecia um grimório dos primórdios da propriedade — folheou algumas páginas, encontrou o que queria, puxou o telefone cinza antigo para perto de si, discou os números esperando a roda do telefone girar para cada um, levou o fone a orelha esperou que atendessem e falou com a pessoa por alguns minutos. Seu neto seguia completamente perdido em seus pensamentos, tanto que não percebeu que ela estava falando ao telefone nem o que, com a conversa concluída ela bateu o fone na base e informou em voz alta:

— Pronto bambino mio, falei com Patrício, ele vai esperar vocês na comarca em Siena, as quatro da tarde de quarta-feira.

Andrew balançou a cabeça para focar sua visão, processou a frase da vó de forma lenta e reagiu:

— Nonna eu nem falei com ela.

— Você tem dúvidas da resposta?

— Não exatamente... — começou a responder.

— Mio bambino belo, lei dirá di sì e vocês sairão casados desse país. — aclarou Nicolleta. — Salta! Comece a jornada que você espera a tanto tempo e depois aqui vai ser só uma formalidade... Ah! — se recorda de algo e pega um pacote na gaveta e o coloca sobre a mesa — Não sei o que é isso, mas chegou ontem nel tuo nome.