Capítulo 46 - Filhos

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— Mãe? — foi pego de surpresa Ângelo.

— Tia Lúcia? — reagiram Andrew e Cris.

Enquanto Ângelo saia correndo da piscina, Cali olhou para Rafael apontando para Ange com a cabeça e sussurrou posteriormente nadando até a escadinha:

— Fica aqui, deixa que eu vou lá.

Rafael concordou e foi indo na direção de Ange que estava estática como os demais, ela recém havia aprendido a nadar, qualquer movimento em falso e ela poderia se perder entre boiar e afundar.

— Mãe o que a senhora está fazendo aqui? — quis saber Ângelo passando as mãos pelos cabelos para remover o excesso de água.

— COMO O QUE EU TO FAZENDO AQUI, VOCÊ ME INVENTA DE CASAR E ACHA QUE EU VOU REAGIR COMO? VOCÊ NÃO TEM IDADE PRA ISSO ÂNGELO! — respondeu Lúcia muito alterada.

— Mãe, vamos entrar na casa e conversar com calma, não vamos estragar a tarde das pessoas, sendo que o problema da senhora é comigo. — falou com calma Ângelo conduzindo sua mãe esperneando até o imóvel.

♧◇♤

Dentro da casa Ângelo tentava se manter alheio aos gritos de sua mãe, ela estava tão nervosa que pegou um dos vasos em uma mesinha lateral da sala e estava pronta para jogar no chão quando Cali entrou feito um jato ainda vestindo um roupão chamando a atenção dela em tom alto e incisivo:

— Primeira coisa, a senhora coloque esse vaso imediatamente no lugar onde o pegou, esse vaso era da minha mãe, ela não está mais aqui portanto ele tem um valor inestimável. — Lúcia colocou o vaso de volta no lugar com pressa — Segunda coisa, a senhora está na minha casa e não lhe dou o direito de invadi-lá gritando feito uma descompensada quebrando a harmonia que custo para manter aqui. Terceiro acho bom a senhora se sentar ali — aponta para o sofá — porque temos que conversar!

— Meu assunto é com o meu filho! — bramiu Lúcia.

— Minha casa, seu assunto é comigo, sente-se e não vou falar mais uma vez. — seguiu Cali incisiva — Ângelo, se sente na poltrona, sim. — ele fez menção de dizer algo — Nah, agora é comigo!

— Olha eu sei que é sua casa e peço desculpas pela invasão, fui até a casa do meu sobrinho e o capataz me disse que estavam aqui, então fiz ele me trazer... — começou Lúcia.

— Shiu! Quem fala aqui sou eu a senhora se for esperta escuta! — a interrompeu Cali brava e séria de um jeito que Ângelo nunca a tinha visto, ele se afundou na poltrona e engoliu seco junto a sua mãe. — Eu sei o que está acontecendo aqui, a senhora acha que seu filho ainda é uma criança dependente da senhora, mas deixa eu te contar uma novidade, seu filho tem vinte seis anos e não seis, ele não é mais dependente da senhora, — Ângelo a olha incrédulo, ela o percebe — é Ângelo meu marido me conta tudo. — volta a olhar para a mulher estarrecida ao seu lado — Onde eu estava? Ah sim, seu filho é um bom homem, trabalhador, se sustenta, é independente, muito cauteloso e centrado no que faz e tenho certeza que foi a senhora que o ensinou a ser assim, então está na hora de cortar o cordão e deixar seu filho voar.

— Mas eu não quero que ele voe, ele... — Lúcia tenta quebrar a fala de Cali em vão.

— Ele tem que voar, precisa ter a vida dele, mas isso não significa abandonar a senhora, muito pelo contrário, porém quem vai determinar a participação na vida do seu filho é você mesma! Seu filho fez uma promessa de cuidar da minha filha, — segura a emoção — eu confio nele, então por favor não venha aqui nos quarenta e cinco do segundo tempo querer estragar o casamento e a vida da minha menina e do seu menino com a sua síndrome de Wendy! — a mulher arregala os olhos e Ângelo só mexe os dele — Eu sei que a senhora quer protegê-lo dos perigos do mundo, porque custou para tê-lo, eu compreendo, mas a senhora deve criar seu filho para não precisar de você, esse é o certo. Conduzir o seu filho, dar conselhos, acompanhar e vibrar com cada conquista dele é o que lhe incumbe agora.

Juntas para o Natal 2 - Continuando...Onde histórias criam vida. Descubra agora