Capítulo 19 - Patinhos

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Cali chegou à porta da lavanderia, abrindo uma fresta, o vento encanado levou seu aroma para dentro do ambiente fazendo o raposo erguer o focinho para senti-lo, o animal não se agitou, apenas abaixou a cabeça sobre o corpo da Menina. Com os animais tranquilos, ela adentrou o ambiente devagar sussurrando:

— Posso entrar?

— Oi Cá, pode sim. — respondeu Andrew desfiando a carne dando a Menina pedaço a pedaço.

Ela se abaixou se sentando sobre um tapetinho, sendo recebida pelos filhotes que subiram em seu colo, ela os fez carinhos cumprimentando:

— Olá pequenininhos!

O raposo se levantou a cheirando de certa distância e um tanto receoso foi se aproximando. Cali dobrou o pulso esticando o braço no sentido do animal, que a cheirou mais de perto. Após algumas cheiradas ele se atreveu aproximando-se dela ganhando um carinho e sem mais receio a lambeu no rosto, enquanto os filhotes brincavam sobre as pernas dobradas de lado dela.

— Parece que fez amigos Cá... — sorriu Andrew de canto com a cena.

— Huhuhu. — recebe outra lambida — Parece que sim. — concorda ela.

— Que bom, comeu tudo Menina, isso é sinal de que está se recuperando! — exclamou Andrew fechando os potes.

— Ela vai estar melhor amanhã vai ver... — conseguiu dizer Cali em meio à folia dos animais.

— Vou levar os potes lá pra dentro já volto. — avisou Andrew a raposa enquanto se levantava.

— Se importa se eu ficar aqui um pouco? — perguntou Cali.

— Claro que não, eles te aceitaram, pode ficar. — respondeu Andrew saindo do cômodo.

Cali olhou para os três animais e os pediu:

— Me deixam cuidar dela agora?

O Raposo assentiu claramente, puxando os filhotes para si.

Cali se arrastou até ficar de frente a raposa.

— Oi Menina... — a afaga no pescoço com delicadeza — Você me permitiria te ajudar?

A raposa regougou baixo em afirmação. O raposo se deitou novamente atrás dela e os filhotes bem cheios de leite se aninharam junto à mãe ficando quietinhos.

Por uma nesga da porta Mandi observava a amiga com certa curiosidade e em silêncio.

Cali deu uma palma leve deixando as mãos coladas, fechou os olhos, respirou fundo e friccionou as mãos por alguns segundos balbuciando algo. Parando de fazer os movimentos com as mãos moldou uma concha com elas, semicerrou os olhos e pediu assentindo:

— Com toda a sua licença.

Cali envolveu a atadura na pata da raposa com cuidado entre as mãos, voltou a fechar os olhos e balbuciar algo que Mandi tentava entender, mas não conseguia.
Cali ficou ali um tempo até tirar uma das mãos da atadura, abrir os olhos e pousar com uma delicadeza quase em câmera lenta a pata da raposa sobre os tecidos onde estava deitada.

— Amanhã você estará como nova e não se lembrará da dor. Foi uma honra, — assente — obrigado por me permitir ajuda-la. — Descansem agora, durmam tranquilos, o dia virá e a cura será. — disse Cali afagando um por um, magicamente eles foram fechando os olhos e dormindo profundamente.

Antes de se levantar, ela fez uma reverência, ficando de joelhos, espalmando as mãos no chão ao lado do corpo inclinando-se. Voltou a ficar ereta, juntou as mãos agradecendo e se levantou percebendo Mandi a porta.

Juntas para o Natal 2 - Continuando...Onde histórias criam vida. Descubra agora