Dois dias depois as dores diminuem e isso me alegra. Não vejo Yuri desde o dia em que passei mal, mas sei que em breve ela virá, já que ontem meu pai finalmente marcou a data do casamento, em exatos um mês. Pela tarde, ouço sua voz enquanto estou deitado, descansando, com os olhos fechados.
- Você gosta dele não gosta ?
Me espanto com a pergunta que minha mãe faz a ela, mas o silêncio que paira depois da pergunta me deixa ansioso. Penso em acordar e colocar um ponto final na pergunta inadequada de minha mãe, mas ela responde.
- Sim, ele já é alguém especial.
- Yuri, eu sei que gosta dele e jamais pediria algo assim, mas ... - suspira.
- Qual o problema senhora ?
- Se Muzan não consumar o matrimônio, meu esposo consumará e você se tornará sua segunda esposa.
- O que ?
- Por favor eu ...
- Mãe ?
Abro os olhos lentamente, fazendo minha mãe sair do quarto chorando.
- Yuri, eu peço desculpas por isso.
- Tudo bem, eu só gostaria que ela soubesse que jamais me submeteria a um relacionamento com seu pai.
Eu seguro suas mãos, acariciando elas. A sensação desse toque me deixa com o estômago estranho, mas sentindo sua pele arrepiada, um sorriso involuntário aparece.
- Eu te prometo que tentarei ao máximo ser um bom marido e cumprir meus deveres para que você não seja forçada a se deitar com meu pai.
- Eu não estou preocupada - segura minhas mãos ainda mais firme, demonstrando sua lealdade - Sei que você vai tentar ao máximo e se o máximo não for o suficiente, pensaremos em uma saída estratégica.
Eu concordo, não quero que ela se sinta pressionada a cumprir com os deveres de esposa, muito menos ter o peso de salvar o casamento dos meus pais. Ainda não sei muito bem o que ela fará caso eu não consiga consumar o matrimônio, mas sei quem poderá nos ajudar, por hora tentei mudar de assunto.
- Gostou da data escolhida ?
- Nos casaremos no dia do meu aniversário.
- Então teremos muitos motivos para comemorar essa data com o passar dos anos.
Tentei ser fofo, procurar as palavras certas e fazer planos futuros, mas incluí-la a eles era admitir meus sentimentos por ela. Naquela tarde, antes dela ir embora eu chamei minha mãe.
- Eu sinto muito pelo que disse antes e ...
- Senhora Myumi, eu sei que não nos conhecemos bem mas eu gosto do seu filho. Nunca foi e nunca será um desejo meu ser a segunda esposa de ninguém.
- Eu sei.
- Eu acredito no amor verdadeiro e sei que mesmo não entendendo, que foi por este motivo que tentou falar comigo sobre as implicâncias do casamento agora, com a saúde de Muzan instável.
- Muzan te falou sobre as condições que o pai dele impôs sobre ter que consumar o casamento no lugar dele?
- Não, mas eu já estava ciente disso e eu não quero ter que me deitar com seu marido, por isso te chamamos aqui.
- O que precisam?
- De uma ideia convincente caso Muzan não consiga consumar o matrimônio no primeiro dia do casamento.
- E o que quer que eu faça?
- Eu não tenho experiência de vida mas a senhora tem. Sei que tem como ter uma prova sobre a consumação do casamento e não sei ao que se refere, mas a senhora sabe porque já é casada. Preciso que pense comigo uma maneira de evitar seu esposo.
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O dia acordou lindo, era meu aniversário e por mais que odiasse essa data, esperava ansioso pela visita dela. Como já estava acostumada a me visitar, entrou em casa sem grandes protocolos de etiqueta e correndo pelo corredor, entrou em meu quarto eufórica.
- Feliz aniversário.
Sua voz foi diminuindo a medida que entendia a cena a sua frente: Eu estava de pé e estava com a camisa aberta, pronto para abotoá-la. Meu olhar se encontrou com o seu e ambos ficamos vermelhos pelo constrangimento. Tá, não vou dizer que ela não teve tempo o suficiente para observar meu corpo frágil e magro. Com vergonha ela se retirou do quarto esperando que eu terminasse de me vestir.
- Pode entrar.
Era constrangedor e em outras circunstâncias tenho certeza que ela iria embora as pressas, mas não podia, era meu aniversário e ficaria ao meu lado. Quando entrou no quarto notou por meus atos que eu estava efusivamente desanimado.
- O que houve? Se foi pelo que acabou de acontecer ... - a interrompo.
- Peço perdão por te deixar constrangida e receosa por ver meu corpo doente.
- Muzan - ela segura meu rosto em suas mãos me fazendo olhá-la - Não pense bobeiras, fiquei envergonhada por te achar lindo.
Imediatamente sorri e ela vermelha solta meu rosto e me estende uma caixa.
- Eu trouxe isso.
Estende o bolo que carregava, bem pequeno, pouca coisa maior que um cupcake.
- Ele parece delicioso.
- E está, eu só quero que antes de comer você faça um pedido.
Assim eu fecho os olhos, sorrindo agradeço por ter conhecido ela, pela sorte de ser seu noivo. Ao abrir os olhos vejo que ela esta sorrindo de uma forma que fez meu coração parar por uns minutos. Quando abre seus olhos, seu rosto se aproxima do meu, e eu fico perplexo com as novas sensações.
- Quer saber o que pedi ?
Assente, afinal, sua voz falharia se tentasse me responder.
- Meu pedido é que aceite se casar comigo.
- Mas o casamento já é uma certeza.
- É, mas não foi uma decisão nossa. Meu desejo é saber sua opinião, se você aceita ser minha esposa.
Porque sentia meu corpo flutuar ? Porque meu coração estava disparado e porque sentia que nada no mundo seria capaz de estragar momentos como este ?
- Sim, eu aceito.
Dei um passo a sua frente e diminuindo a distância entre nós segurei sua mão. Era uma sensação nova pra mim, ser tocado e poder tocar uma mulher sem medo, sem receios. Ouvi passos e contra a vontade colocamos uma distância segura entre nós, era minha mãe. Juntos nós comemos o bolo e depois começamos a organizar o casamento que seria em menos de um mês.
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Demon Slayer - A história não contada
FanfictionEnquanto Tanjiro Kamado luta com todas as suas forças contra os onis na tentativa de transformar sua irmã Nezuko em humana novamente, outra história paralela a essa acontece. Sayuri é uma menina com um dom único, seu maior desejo é ser normal mas se...