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Mesmo me sentindo fraco e com dores me esforçava para dar a Yuri momentos inesquecíveis e saindo de casa, vejo o filho dos Fujiwara, um dos clãs que governavam o Japão. Ele era um rapaz egocêntrico e pervertido, suas intenções nunca foram boas e seu ar de superioridade era algo que me incomodava demais.

Percebi o jeito que ele havia olhado para Yuri e por um momento achei que ela se sentiria como todas as outras meninas que conhecia, todas elas eram loucas para chamar a atenção dele, mas Yuri não era assim, ela era diferente, o que acabou atraindo a atenção dele.

Confesso que me senti perfeitamente bem vendo ela ignora-lo da mesma forma que ele havia feito comigo, mas algo me deixou preocupado, o olhar de ódio que ele direcionou a nós enquanto nos afastávamos. Por sorte sabia que ela gostava de mim e que depois do casamento não teríamos motivos para temer a ele nem a ninguém, seríamos só nós, vivendo nossas vidas, sem a interferência de ninguém, quero dizer, ainda estaríamos sob o teto dos meus pais, mas faria o possível e o impossível para não depender das opiniões e intervenções deles nas nossas decisões. 

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Pelo espelho me olhava pela milésima vez, pois me bem nesse traje especial, tradicionalmente usado em casamentos. Estava ansioso, pois sabia que em poucos minutos ela deixaria de ser Yuri Mahōnochi para ser Yuri Ubuyashiki. Respirava fundo tentando conter o tremor das minhas mãos e a fraqueza das pernas. Pensava nela, em como ela estaria se sentindo, nos trajes que ela usaria, em tudo.

Podia ouvir seu pai cantarolar de felicidade por saber que após o casamento o dote seria pago. Me perguntava internamente o valor que ele havia exigido por sua filha, já que sabia que ele a daria até de graça. Por sorte, esse laço com ela romperia o laço com as nossas família para dar início a nossa própria família, seria livre e feliz ao lado de uma mulher que realmente se importava comigo.

Respirei fundo pela última vez antes de sair do meu quarto, indo em direção ao jardim. Me assustei quando vi a casa lotada, pois o jardim estava cheio de pessoas que eu mal conhecia. Embora estivesse cheio, ainda sorria pela graciosidade das flores que deixavam o lugar ainda mais bonito. Uma música suave começou a ser tocada e vi seu pai a ajudando-a a descer da carruagem para dar início a cerimônia.

- Aja com elegância e não me envergonhe.

Jurava que meu pai diria algo como seja feliz ou, eu te amo mas nada, não sabia porque ainda acreditava numa mudança que jamais aconteceria. Antes que uma lágrima descesse, meus olhos encontraram o motivo de todos os meus sorrisos. Yuri estava linda, usando um kimono muito elegante, ao lado do pai, vindo pelo que parecia ser um extenso corredor de pessoas.

A cada passo que ela dava, escutava coisas horríveis como: "se está casando com pressa é porque está grávida", ou "ela vai ficar viúva em breve", ou até pior "uma plebeia vai se casar com um doente só para ter um sobrenome renomado".

Doía, as falas, as risadas, os olhares superiores , tudo isso doía demais e sabia pelo suspiro dela que ela estava tão ciente quanto eu do que era falado. Nossos olhos se encontraram e finalmente a tristeza pela maldade humana foi vencida pelo nossos sorrisos. A vontade de vencer esse sentimento de ódio, de inveja, a esperança que tínhamos de viver bem e feliz, todos esses sentimentos nos faziam esquecer as provocações.

Quando finalmente ela me alcançou, minha mão segurou a sua e juntos ouvimos o oficializar da nossa união. Finalmente nos declararam casados. Agora seria de alguém e esse alguém seria meu também. Poderíamos ir para a festa mas não estava afim, nem ela. Não conhecíamos essas pessoas e sabíamos o que elas pensavam sobre nós , por isso, como desculpa, disse estar cansado, o que nos livrou de receber felicitações falsas. Quando entramos na casa recebemos a boa notícia da minha mãe que estava ao lado do meu pai.

- Esta noite vocês dormem aqui e amanhã vocês vão para a casa de vocês.

Não escondi o sorriso de felicidade por finalmente me ver longe do meu pai.

- Sim, mas antes, quero ter a certeza de que o casamento foi consumado.

Ele disse sem remorso me olhando Yuri dos pés a cabeça. Pela sua feição sabia que ela sentia suja recebendo esse tipo de olhar.

- Vamos querida, vamos para o nosso quarto.

Nem preciso dizer que ela ficou extremamente envergonhada com o que eu disse, mas qualquer coisa era melhor do que ficar perto do meu pai. Quando chegamos no quarto nos sentamos na cama em silêncio. Pois via pela fresta embaixo da porta que estavam ouvindo atrás da porta, esperando por possíveis "barulhos". Era horrível pensar que nossa privacidade seria arrancada de nós dessa forma.

Sem demora escrevi em um papel que teríamos que fingir para nos livrarmos dessa situação, então começamos a mentira, falando alto para tentar convencer a todos que certas "coisas" estavam acontecendo.

- Querida tire o vestido.

Mesmo sabendo que era mentira, ela não pude deixar de ficar envergonhada, mas teria que entrar na onda ou senão meu pai faria dela sua segunda esposa.

- Tudo bem querido, antes deixa eu te ajudar a tirar sua camisa.

Evitava a olhar, assim como ela evitava meu olhar diante do constrangimento. Silêncio. Fui até o armário e abri a porta lentamente, provocando um barulho semelhante a um ranger. O ruído produzido por mim era ritmado, segundos depois aumentei a intensidade e depois de uns minutos parei.

Estava cansado então apaguei a luz e caminhei até a cama. Ela se levantou e aproveitou a escuridão para se trocar atrás do biombo, seguido dela eu fiz o mesmo e depois de prontos, finalmente olhamos para a cama, pois teríamos que dividi-la. Me deitei e ela se deitou ao meu lado. Podia sentir seu cheiro e o cheiro dos lençóis limpos. Ouvia seu coração disparado e o meu também, finalmente arranjei uma desculpa para quebrar o silêncio.

- Temos que provar para nossos pais que o casamento foi consumado.

- E como faremos isso ? - Sussurrou.

- Minha mãe disse que as mulheres provam a perda da virgindade com uma mancha nos lençóis.

- Mancha ?

- Sim, uma mancha de sangue. Bom, foi a única maneira que ela achou de nos livrar do meu pai por enquanto.

- Eu preciso de uma tesoura, pois farei um pequeno corte em minha mão para fingir o sangramento.

- Meu pai pode desconfiar, ele vai procurar um corte nos lugares mais simples.

- Eu já sei onde cortarei, não se preocupe.

Sabendo que o sangue teria que estar seco, pedi para que ela se levantasse e ela obedeceu. Pegou uma tesoura e levantando parte de sua camisola, fez um corte na parte interna de sua coxa, provocando um leve sangramento no lençol.

Para não dormirmos no lençol sujo de sangue, ela estende o lençol no chão do quarto para o outro dia, mas antes ela usa o lençol para sujar a parte de baixo de seu pijama de leve, pois segundo ela isso seria mais convincente. Depois dormimos.

Demon Slayer - A história não contadaOnde histórias criam vida. Descubra agora