Odeio admitir mas estou feliz em vê-la viva, mesmo que ferida, por sorte ela informou ao mestre Kagaya sobre essa missão, se tivesse chegado um minuto atrasado, seria seu fim.
Na volta pra mansão, Shinobu carrega a caixa de Nezuko enquanto os Kakushis removem os caçadores e ela, bem, ela está desacordada em minhas costas, pois o único culpado de sua fuga por dois anos foi eu.
Sinto sua respiração pesada, provavelmente pelos cortes que sofreu. Sinto também seu sangue molhando meu haori (kimono). Quando estamos próximos a mansão, ela finalmente acorda.
- Me coloca no chão - diz com dificuldade.
- Você está ferida, então ...
Sem aviso, mesmo machucada e sentindo dores ela se solta das minhas costas, caindo no chão. A equipe de resgate por sorte presencia a cena, pois com minha reputação poderiam até dizer que eu a joguei. Shinobu percebendo que ela quer me evitar me entrega a caixa de Nezuko e coloca Sayuri em seus ombros, ajudando ela a se levantar.
Parte de seus trajes estão manchados de sangue e mesmo não sendo médico, sei que sua ferida ainda sangra. Shinobu percebe o mesmo que eu a coloca nas costas e com dificuldade a leva até mansão do mestre.
Shinobu coloca Sayuri em seu dormitório e a ajuda a se trocar enquanto eu lido com algo pior, o preconceito dos Hashiras por ter defendido uma oni. Realmente acho tudo isso um saco, mas eu havia quebrado uma regra, por sorte o mestre Kagaya está ciente de tudo o que acontece por meio do mestre Urokodaki.
Quando trazem Tanjiro desacordado diante da varanda a mansão do mestre, percebo que as coisas vão piorar quando Sanemi puxa a caixa de Nezuko das mãos de Shinobu. Odeio ver as provocações sem fazer nada, mas não posso intervir, apenas tenho que esperar a chegada do mestre para não complicar ainda mais a situação.
Quando Tanjiro acorda e vê Sanemi esfaquear a caixa de Nezuko, o ódio o consume e com uma cabeçada ele acerta Sanemi. Não sou dado a sentimentalismos e expressões de felicidade, mas quase sorrio ao ver o mestre chegar.
Durante o discurso dele com suas palavras serenas, ele tenta explicar a situação aos demais, o que não adianta muito, pois Sanemi querendo provar algo se corta e deixa seu sangue cair sobre a caixa de irmã de Tanjiro. Estou tranquilo, pois sei do autocontrole da oni em questão, e sei que se ela ceder aos instintos, terei que tirar minha própria vida, mas não temo isso, confio neles.
Os gritos de Tanjiro diante da situação são tão altos que faz com que Sayuri mesmo machucada apareça diante de nós. Percebo o alívio dos demais Hashiras ao perceberem que ela está viva, sem falar no sorriso que o mestre dá ao senti-la próxima.
- Seu idiota ...
Mesmo ferida e com dificuldade ela parte pra cima de Sanemi e tenta tirar a caixa dele, o que não acontece, pois ele a segura como refém, joga a caixa na varanda do mestre e abre a caixa oferecendo Sayuri que ainda sangra a Nezuko.
Tanjiro vendo a cena grita para que a irmã tenha autocontrole. Nezuko realmente permanece firme, mesmo salivando, e pra surpresa de todos ela recusa o sangue humano, o que espanta a todos.
- O que aconteceu ? - o mestre pergunta .
- A Oni recusou sangue humano mestre - suas filhas detalham a cena.
Mesmo diante da cena, os Hashiras ainda estão se recusando a aceitar Nezuko na corporação, que até que ela fala.
- Eu sou uma aberração, vejo cenas do passado e do futuro, cenas que eu não posso mudar.
Aberração, ela finalmente diz isso diante de todos, mesmo sabendo que a indireta foi pra mim. Ouvi-la reconhecer isso me fez perceber o quão injusto eu fui.
- Eu mesmo odiando esse dom não posso mudar o que sou, o que vejo, e nunca errei em minhas previsões, é por isso que digo que em minhas visões a garota não irá ceder aos instintos....
A medida que ela fala, ela sangra ainda mais, tanto que escorre um fio de sangue de sua boca, o que deixa a todos preocupados.
- Eu ainda não posso compartilhar detalhes do que vi, mas posso garantir que ela estará mais segura na corporação do que nas mãos de Muzan.
O silêncio é absoluto, até o mestre Kagaya dar suas ordens.
- Tanjiro, tenho certeza de que mesmo depois disso alguns podem não aceitar a Nezuko. Insista até eles mudarem de ideia, prove a eles que você e a Nezuko podem ser úteis para a nossa causa como matadores de demônios. Vá e derrote um dos doze Kizuki(luas), faça isso e será aceito por todos, como resultado, suas palavras terão mais peso.
- Certo - o menino se ajoelha a sua frente e se levanta determinado - Minha irmã e eu vamos derrotar o Kibutsuji. Nós o derrotaremos e daremos fim a este ciclo interminável de sofrimento.
- Um feito ambicioso para os dois - o senhor Kagaya sorri - Derrotem um dos doze Kizuki primeiro.
Imediatamente o clima tenso ganha um ar mais descontraído, isso porque vários Hashiras seguram o riso.
- Sim senhor - Tanjiro diz vermelho como um pimentão.
Depois de um pedido do senhor Kagaya para que Tanjiro treine e respeite os Hashiras, ele também pede a Sanemi e Obanai para serem mais pacientes com os novatos. Depois se virando na direção de Sayuri, percebendo pelo barulho que ela ajuda a oni a entrar na caixa novamente, o senhor Kagaya pede para que ela procure a senhora Amane para cuidar dos ferimentos, além de se trocar, já que ela está de camisola diante de vários homens.
Não posso deixar de observa-la por um breve momento. O corpo magro porém definido, as curvas aparentes naquele tecido fino. O rosto delicado vermelho pela ordem, mesmo que estivesse abatida por conta do grave ferimento. Ela se vai, adentrando na casa indo em direção aos seus aposentos enquanto nós Hashiras, seguimos o mestre até a sala de reuniões. Demora um pouco mas assim que todos se vão, a pedido do mestre eu fico.
- Obrigado por tudo o que fez por ela nessa missão.
- É o meu dever.
- É, mas se a achasse uma aberração como disse, a deixaria morrer. Agradeço pelos esforços para trazê-la viva para a casa.
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Demon Slayer - A história não contada
FanficEnquanto Tanjiro Kamado luta com todas as suas forças contra os onis na tentativa de transformar sua irmã Nezuko em humana novamente, outra história paralela a essa acontece. Sayuri é uma menina com um dom único, seu maior desejo é ser normal mas se...