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Passo alguns dias na mansão das borboletas, já me sinto melhor, mas estou aqui por Tanjiro e pelos meninos. Sei que pela manhã sairemos para uma nova missão, isso porque na última noite tive um sonho cruel, eu vi um lua superior.

Era madrugada, eu estava machucada e Tanjiro também. Já estava com medo de algo, até sentir que o que já estava ruim poderia piorar. Um lua superior se aproximou, parado a poucos metros de nós, as listras em seu corpo, o olhar diabólico, tudo nele me dizia que minha hora havia chegado até que ...

Gritos me fazem despertar. Percebo que estou suando muito e tremendo. Em meu rosto sinto lágrimas escorrem sem permissão, o que me deixa ainda mais preocupada. Não sei direito o que acontecerá, mas sinto medo daquele oni dos meus sonhos. Depois de me recompor, tomo um desjejum enquanto nos preparávamos para deixar a mansão.

Quando estou prestes a partir, Tomioka aparece diante de nós. Tanjiro assim que o vê vai falar com ele enquanto eu não sei como agir, afinal, não posso contar a ele sobre a visão que tive. Depois de falar com o garoto seu olhar pousa em mim, e antes que eu conclua o que fazer, meus pés se movem na direção em que ele está.

- Está partindo ?

- Sim, irei acompanhar os meninos até Rengoku agora.

Enquanto falo ele me observa, como se percebesse meu conflito interno.

- Hm - rompe a pouca distância entre nós e me abraça - Está tudo bem? Tem algo te preocupando ? - sussurra enquanto me mantém em seus braços.

- Não - suspiro com tristeza, pois odeio ter que mentir pra ele - Só ansiosa pela nova missão. - Tento me afastar mas ele não permite.

- Não vou te pressionar para saber a verdade, pois sei que tem que partir agora, mas sei que algo não está certo. Te darei dois dias para me escrever uma carta contando a verdade, se em dois dias a carta não chegar, irei até você pessoalmente, entendeu ?

Seus braços se afrouxam permitindo que eu me afaste. Seus olhos ainda me sondam como se procurasse a verdade. Com pesar me afasto dele e com um último sorriso e um aceno de mãos, dou início a uma nova jornada.

Dali partimos na direção a oeste, rumo a uma movimentada estação de trem à procura do Hashira. A cada passo que eu dou em direção ao local, sinto cada célula minha se arrepiar, não sei o porquê disso, mas tento não dar muita atenção. No final da tarde já estamos na plataforma, diante de um enorme trem lotado de passageiros.

Inosuke esta como eu, perplexo por ver aquilo pela primeira vez . Tanjiro e Zenitsu são mais espertos que eu e o cabeça de javali, o que os tornam nossos instrutores. Depois de uma pequena confusão por conta das katanas, nós conseguimos subir a bordo do trem, indo de encontro ao Hashira que come incontáveis marmitas enquanto grita "saboroso" a plenos pulmões.

Assim que ele nos vê ele se apresenta cordialmente aos meninos, nos deixando a parte do problema em questão, inúmeras pessoas somem durante a viagem de trem. Escuto calada a situação enquanto minha mente grita: "merda, merda, merda. Não estou preparada para enfrentar um oni."

Rengoku percebe meu medo e o tremor de minhas pernas e tenta me passar confiança mas é impossível, eu estou apavorada. À medida que o trem desliza pelos trilhos, Tanjiro pergunta algo sobre um tipo de respiração para Rengoku, mas não consigo prestar atenção em nada neste momento.

O maquinista entra no nosso vagão e começa a verificar os bilhetes de cada passageiro, inclusive os nossos, fazendo um furo em cada ticket. Essa é a última lembrança que tenho antes de me entregar a um sono profundo. No meu sonho eu estou viajando, conhecendo o mundo ao lado dos meus amigos (Mitsuri, Shinobu, Senhor Urokodaki, Tanjiro, Nezuko, Inosuke, Zenitsu, Kanao, Aoi, Sumi, Kiyo e Naho), também estou ao lado do senhor Kagaya e sua família (minha família do coração) e ao lado dele.

A sensação de estar com todas as pessoas importantes pra mim é indescritível. É como se o mundo fosse perfeito, como se não existisse onis. Onis, porque estou tranquila mesmo sentindo um medo tão grande que faz meu coração palpitar?

Olho para o rosto dos meus amigos e mesmo os vendo sorrindo, meu medo me diz que algo está errado. Com isso me afasto com tristeza de todos e sinto um arrepio me atingir. Quando isso acontece, uma criança que não conheço aparece diante de mim, e com medo ela corre sem direção. Tento alcançar a menina que de repente está no meu lugar favorito, o campo de glicínias.

A criança parece perdida, como se procurasse por algo que não encontra, com raiva ela vem em minha direção com um objeto cortante nas mãos. O ódio com que ela tenta me ferir é enorme, tento não me machucar e não machucar a criança na luta corporal, porém ela me acerta e então percebo que estou num trem, com Tanjiro e Nezuko acordados, junto com os meninos e o Hashira que tentam proteger os passageiros de um ataque Oni. Naquele momento o sangue congela em minhas veias, não sei o que devo fazer e não quero atrapalhar.

- Se esconda e tente se manter a salvo até encontrarmos o Oni - O pilar ordena.

Com medo e desespero eu me abaixo entre os assentos do primeiro vagão e fico lá, torcendo pra que esse momento passe rapidamente. Ouço trovões e gritos, com certeza uma grande luta está acontecendo. O ar fica preso em meu pulmão e a dor aumenta, então tento controlar minha respiração a medida que a luta fica mais tensa.

Demon Slayer - A história não contadaOnde histórias criam vida. Descubra agora