Capítulo 68 °

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°° Dimitri °°

Estamos olhando pro mar nesse exato momento. Breeze está ao meu lado e parece tão animada com o que pretende fazer. Já eu, não estou compartilhando da mesma empolgação, me sinto nervoso e bem ansioso. Não é como se fosse algo que estou acostumada a fazer.

— Tem certeza? — Tiro o olhar da água e viro para a ruiva. — Acho que não é o momento. Fazem dois dias desde o que aconteceu com a Tassála, seu pai pode…

A ruiva não diz nada, apenas fica na ponta do pé e beija meus lábios. Minha testa se franze com o olhar matreiro que me lança e com o sorriso que abre, mas entendo o que pretendia quando suas mãos vão em direção ao meu peito, me empurrando para fora da lancha.

Sinto meu corpo colidir com a água um tanto agressivamente. Minha sereia é doida. Volto à superfície, mas levo outra enxurrada de água no rosto quando um baque se faz novamente, indicando que ela pulou.

— Deixa de ser medroso. — Sou repreendido enquanto levo a mão ao rosto para tirar o excesso de água.

Encaro a ruiva, irritado, mesmo sabendo que essa minha pose não vai durar nem cinco segundos. Ela tem o dom de me tirar do sério e de me trazer paz.

— Olha, desde que cheguei aqui, mesmo em nossos dias ruins juntos até os bons, você me mostrou tantas coisas. — Perco a compostura quando um biquinho aparece em seus lábios. Ela descobriu que meu ponto fraco é ela de qualquer jeito. — Queria te mostrar um pouco do meu mundo também. — Fico um pouco desesperado quando seu tom de voz faz parecer que vai chorar.

— Vamos, vamos logo. Estou ansioso! — Mergulho no mesmo instante, para que seu humor volte totalmente a paz que exalava antes.

Não sei ao menos para onde estou indo, mas começo a nadar em direção ao fundo. Deve ser por aqui que iremos, já que me fez alugar uma lancha e trazê-la até esse ponto específico.

Levo um susto quando a mulher surge ao meu lado, em sua forma de sereia e com um sorriso gigante, como se essa fosse a coisa mais divertida que já fez em toda a sua vida. Me surpreendo também, não apenas por respirar tranquilamente embaixo d'água ou até por conseguir abrir a boca e fechar normalmente, mas por conseguir enxergar tão bem que a escuridão não é um problema.

Me sinto um tritão sem a cauda.

— Vamos! — Minha mão é segurada e levo um susto quando tudo ao meu redor fica desfocado devido a velocidade em que estamos.

Estou acostumado a essa sensação fora da água, senti-la dentro da água, mesmo que não seja partindo de mim essa habilidade, é surreal. Jamais imaginei que um dia estaria conhecendo o reino ao qual fiquei por anos buscando. E o mais assustador é que estou apaixonado por um dos seres que tanto repudiei. As voltas que o mundo dá são surpreendentes.

— Isso é… — Não consigo terminar de falar, pois não sei como definir todo o esplendor da cidade reluzente que aparece diante de meus olhos.

— Magnífico! — A sereia completa minha fala. — Eu amo esse lugar…

— Mas… — Acrescento sabendo que para ela aqui não é suficiente.

— É sempre a mesma coisa e eu… — A sereia para e me encara, encolhendo os ombros. — Sempre senti que aqui não era meu lugar e por isso, sempre quis me aventurar no mundo humano. Saber que meu pai aprovou e tornou isso possível, é maravilhoso.

Breeze - Uma sereia em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora