Capítulo 6 °

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°° Breeze °°

Vi Tony e logo fiquei feliz, ele foi o primeiro a me tratar bem desde o início. Escuto o ranger da escada e vou até a superfície, ele está subindo, pego impulso e me sento.

— Oi, pequena. — Tony diz se sentando próximo de mim.

— Oi! — Abro um sorriso enorme.

— Estão te tratando bem aqui? — Pergunta e faço careta, mas logo dou um sorriso forçado. O que não quero agora é o humano ruim dando algum surto de raiva. Afinal, temos um acordo.

— Claro!

— Tem certeza? — Pergunta me encarando e suspiro fundo, sinto que posso confiar nele.

— Estou sem comer até agora e um... ele também já, é... — Não consigo terminar de falar, encarando minha mão.

— Pode falar. — Levanta meu rosto. — Não fique com medo. — Me oferece um sorriso gentil.

— Ele apertou aqui e grita tanto. — Aponto pro meu braço — Fiquei muito assustada.

— Não creio que ele fez isso. O Dimitri passou dos limites. — Comenta se levantando, o que me faz segurar em suas mãos.

— Não! Não me machucou, acho que ele fez somente para me assustar e adiantou, muito. — Tento amenizar a situação, mesmo que de fato seja verdade. Não doeu, foi apenas estranho o toque áspero e apertado de sua mão em contato com minha pele. Foi algo totalmente novo para mim.

— Não posso deixar ficar assim. — Diz se sentando novamente.

— Você precisa, não foi algo grave. Mas acho que agora vai ficar tudo bem. Fizemos um acordo.

— Um acordo? Como seria ele? — Pergunta bem curioso. Parece até comigo quando quero muito saber algo.

— Ele vai parar de bater no vidro e também não vai deixar as luzes me incomodarem, em troca irei me exibir para o pessoal e fazer o que ele quiser pra não ficar irritado. — Falo e seu semblante muda. — Achei um ótimo acordo. — Digo sorrindo.

— Você é tão inocente. — Diz acariciando minha bochecha. — Me lembra muito minha irmã mais nova. — Fico feliz em ser comparada com uma humana, e meu sorriso se intensifica, mas ele não retribui.

— Por que ficou tão triste? — Pergunto e ele para de acariciar minha bochecha, soltando um longo suspiro.

— Quinze anos atrás eu os perdi, meus pais e minha irmã. — Responde e não sei bem o que dizer, apenas mordo a bochecha por dentro e o encaro atentamente. — De início, não senti muito, pois estava treinando para ser um caçador. — Fico surpresa com sua fala. Ele não parece mesmo um caçador. — Só comecei a sentir algo depois, pois fui acolhido por um casal muito gentil, eles cuidaram de mim e me amaram como nunca ninguém havia feito antes.

— Isso foi muito bonito da parte deles.

— Sim. — Abre um sorriso nostálgico — No começo, eu era ruim com eles, mas com paciência e dedicação, eles me ensinaram o que era amor. O de uma família que antes nunca tive. — Dá um suspiro, parecendo lembrar de tudo e só espero que continue. — Lembro que estávamos em casa e ela foi invadida, um meli perigoso entrou para ter sua vingança contra meus pais. Eles eram bem severos, mas a minha irmã era diferente. Ela era tão inocente, tão sonhadora e foi a única pessoa da qual eu senti dor quando perdi. O que nós dois tínhamos era diferente, era um amor que mesmo o treinamento de caçador tentando arrancar não saia, era verdadeiro.

— Sinto muito por isso. — Digo apertando a mão dele, que dá um sorriso fraco.

— O nome dela era Diana, ela tinha cinco anos na época. Apesar de tudo, fiquei com medo e fugi, não aguentei ver o ataque após um grito de dor dela.

Breeze - Uma sereia em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora