Capítulo 49 °

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°° Dimitri °°

Santa paciência, coisa que queria ter e não tenho mais. Queria que a sereia não tivesse aparecido. Mas, como eu não sou uma pessoa boa, devo estar na lista de vilões do bom velhinho.

Ela voltou e por incrível que pareça, mesmo a odiando muito, eu estremeci ao vê-la, ao ouvir sua voz. Senhor, isso é pecado. Amo a Tassála, não posso sentir nem que seja uma tremidinha por outra mulher.

Passo as mãos no cabelo e deito na cama, fico de lado e encaro a janela. Estou tão inquieto. Tassála foi para casa dela, disse que precisava falar antes com o Dylan e depois se foi. Ainda bem que o Dylan não me perguntou mais sobre a sereia, até porque não saberia responder. Está tudo nublado dentro de mim.

Sonia precisou viajar e terei de pedir comida no restaurante do meu italiano preferido, o grande amigo do meu pai. Não tenho com quem conversar e pedir conselhos, se ela estivesse aqui, poderia me ajudar nessa confusão.

Já está de noite e ainda não fui ver a sereia que não é mais sereia. Que confuso. Proibi o Dylan de ir até onde ela está, ainda não sei o que farei com ela. Se ela não me servir mais, posso deixar ela ir embora.... Não, não posso. Ela é minha e esse sentimento de posse dentro de mim é assustador.

Levanto da cama e decido ir até ela. Saio do quarto e entro no quarto ao lado. Abro a porta e ela está sentada na poltrona, encolhida, se auto abraçando. Seu olhar encontra o meu e me estremeço novamente. Me aproximo lentamente e fico perto dela, a sereia agora está com a cabeça levantada, me encarando.

— Por que você fugiu? — Ela me olha confusa.

— Não sei, desculpe se te chateei. É que eu não lembro de nada mesmo. — Resmungo em concordância.

— Do que se lembra?

— Só de um ano da minha vida, eu tinha onze anos ou tenho. Não, eu não tenho onze, estou grande demais para isso. — Começa a debater. — Nem sei quantos anos tenho. — Sua voz sai emburrada.

— Vinte e três anos. — Levo a mão à boca logo após deixar escapar a resposta para sua pergunta, droga.

— Nossa! — Me olha assustada. — Esqueci de vinte e dois anos da minha vida? Como assim? — Faz cara de choro e respiro fundo.

— Ali é o banheiro. — Aponto para a outra porta do quarto. — Ali é o guarda roupa. — Aponto e ela acompanha com o olhar. — Tem roupas suas ali. — Ela me olha com o olhar interrogativo. — Você ficava no aquário pela manhã e à noite saia para ficar aqui no quarto, por isso as roupas. — Fica um silêncio desagradável e resolvo sair do quarto. — Trarei sua comida depois — Viro as costas e sigo em direção a porta.

— Dimitri? — Pergunta com certo medo.

— Sim?

— Me ajuda? — Sua voz começa a dar sinais de choro.

Ela coloca as pernas que antes estavam dobradas no chão e se levanta devagar, fazendo careta.

— Tá doendo aqui. — Ela leva as mãos ao casaco e puxa para cima, levantando até um pouco abaixo dos seios.

Meus olhos se arregalam quando vejo quatro marcas do que parecem ser garras, algum meli deve ter atacado ela. Tem sangue seco e sangue recente escorrendo.

— Tinha parado de sangrar, mas começou novamente e está ficando com veias pretas. — Me aproximo e ela continua parada.

— Tem mais algum machucado? — Ela faz que sim e fica de costas para mim.

— Acho que aqui também, não consegui ver direito. — Levanta o casaco e vejo nas suas costas a mesma marca que na barriga. Com certeza um meli a atacou. Vira novamente para mim. — Não estou curando rápido, não sei o que há de errado comigo, não sou mais uma sereia. — Está levemente confusa.

Breeze - Uma sereia em minha vidaOnde histórias criam vida. Descubra agora