Capítulo 1: A Chegada Na Fazenda

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Capítulo 1: A Chegada Na Fazenda 

* 25/08/2024, Domingo, Exatos um mês após a morte da mãe, por volta das 9:25 da manhã, Chegando da mudança *

* 25/08/2024, Domingo, Exatos um mês após a morte da mãe, por volta das 9:25 da manhã, Chegando da mudança *

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Vinícius estacionou o carro em frente ao casarão de meu pai, na fazenda. Eu estava com os olhos fechados, mas sabia disso pois estávamos vindo para cá e eu já podia sentir o cheiro típico da fazenda vindo pelas janelas abertas de Vinícius. 

Pude ouvir o caminhão com minhas coisas parar logo atrás de nós também. Mas eu não queria abrir meus olhos. Ouvi Vinícius me chamar e dizer que chegamos. Mas eu não quero "acordar". Ele sabe que não estou dormindo de verdade e sabe o porquê deu não querer abrir os olhos.

Todos os dias nesse último mês foram difíceis, mas hoje mais do que qualquer dia eu não queria ter que acordar... Hoje faz um mês. Um mês que ela morreu. Eu não pude me despedir dela e nem pedir desculpas pela nossa briga. Foram motivos bobos, que na hora não me importavam se eram bobos, eu só briguei com ela, sem me importar com mais nada.

Eu nem fazia ideia de que seria a última vez que falaria com ela, que a veria... Viva. Até porque teve o velório. Eu só tenho 19 anos. Ela só tinha 39... Morreu nova demais, por causa do motorista bêbado do outro carro... Será que eu posso apenas não acordar? Se eu não puder... Então pelo menos hoje? Posso não ter que viver o aniversário de um mês da morte dela? Não ter que sorrir para o meu pai e os funcionários, interagir e fingir estar bem, quando eu não estou?

Sinto a porta ao meu lado ser aberta e ouço a voz de meu pai, uma voz que eu não ouvia a um bom tempo pessoalmente:

— Quanto tempo, querida. Estava com saudades.

Será que eu posso falar que ele não estaria com saudades se eles não tivessem se separado? Ou se ele pelo menos saísse da fazenda e fosse para a cidade em alguma das vezes que eu dei a idéia? Não eu não posso falar nada disso. Porque isso é um assunto dos meus pais. E agora apenas dele... E porque eu já sou adulta e dizer essas coisas me faria parecer uma criancinha de 5 anos, quando já faz 14 anos que eu tive que ir embora com minha mãe...

Eu sei, não deveria estar assim por algo que já faz 14 anos, mas eu não estou bem e desde que minha mãe morreu eu só consigo pensar e me lembrar das coisas ruins da vida.

E não é por falta de tentativa de pensar em algo bom. Eu apenas não consigo... 

— Eu também estava pai. — Digo abrindo os olhos mas sem conseguir sorrir.

Eu não dei mais nenhum sorriso desde o último dia 25 até hoje.

Lanço um olhar "brava" para o Vinícius por ter falado para meu pai que eu estava fingindo dormir e que eles teria mais sucesso se fosse ele a vir falar comigo, já que eu não abri os olhos quando o Vinícius chamou.

Ele apenas me dá um sorrisinho, como se dissesse um "eu te conheço" e diz:

— Vou deixar vocês a sós. Se precisar de mim estarei ajudando a tirar as coisas do caminhão. — Ele disse saindo.

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